SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR (ANO B)

A PALAVRA

A liturgia deste dia celebra a manifestação universal de Jesus, que se revela a todos os homens como uma LUZ radiante. O Menino do presépio não é apenas uma representação simbólica; é uma LUZ que se acende na escuridão do mundo, atraindo a si todos os povos da terra. Essa luminosidade encarnou em nossa história e em nosso mundo, iluminando os caminhos dos homens, guiando-os em direção à salvação e à vida definitiva.

A primeira leitura (Is 60,1-6) anuncia à Jerusalém a chegada da luz salvadora de Deus. Essa luz transformadora transfigurará o rosto da cidade, iluminará o retorno dos exilados da Babilônia e atrairá povos de todo o mundo para a cidade de Deus.

No Evangelho (Mt 2,1-12), testemunhamos a concretização dessa promessa: magos do oriente, representando todos os povos da terra, buscam e encontram Jesus. Atentos aos sinais da chegada do Messias, esses magos procuram-n’O com esperança até reconhecê-l’O como a “salvação de Deus” e aceitá-l’O como “O SENHOR“. A salvação, inicialmente rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, torna-se agora um presente divino oferecido a todos os seres humanos, sem exceção.

Na segunda leitura (Ef 3,2-3a.5-6), o projeto salvador de Deus é apresentado como uma realidade que abraça toda a humanidade, unindo judeus e pagãos em uma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus 

Leituras

A LUZ de Deus brilha como uma chama nas encruzilhadas da vida, guiando-nos pelos caminhos que devemos percorrer, aquecendo nossos corações cansados e transformando pessimismo em esperança, mesmo quando o mundo ao nosso redor parece sombrio e triste.

1 Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, 
porque chegou a tua luz, 
apareceu sobre ti a glória do Senhor.
2 Eis que está a terra envolvida em trevas,
e nuvens escuras cobrem os povos;
mas sobre ti apareceu o Senhor,
e sua glória já se manifesta sobre ti.
3 Os povos caminham à tua luz
e os reis ao clarão de tua aurora.
4 Levanta os olhos ao redor e vê:
todos se reuniram e vieram a ti;
teus filhos vêm chegando de longe
com tuas filhas, carregadas nos braços.
5 Ao vê-los, ficarás radiante,
com o coração vibrando e batendo forte,
pois com eles virão as riquezas de além-mar
e mostrarão o poderio de suas nações;
6 será uma inundação de camelos
e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir;
virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso
e proclamando a glória do Senhor.
Palavra do Senhor.

Que o rei, guiado pela sabedoria divina, exerça seu poder com justiça e equidade, governando o povo com compaixão e protegendo os oprimidos, para que a paz floresça em seus dias, estendendo-se por toda a terra.

R. As nações de toda a terra, hão de adorar-vos, ó Senhor!

1 Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus,*
vossa justiça ao descendente da realeza!
2 Com justiça ele governe o vosso povo,*
com equidade ele julgue os vossos pobres. R.

7 Nos seus dias a justiça florirá*
e grande paz, até que a lua perca o brilho!
8 De mar a mar estenderá o seu domínio,*
e desde o rio até os confins de toda a terra! R.


10 Os reis de Társis e das ilhas hão de vir*
e oferecer-lhe seus presentes e seus dons;
e também os reis de Seba e de Sabá*
hão de trazer-lhe oferendas e tributos.
11 Os reis de toda a terra hão de adorá-lo,*
e todas as nações hão de servi-lo. R.

12 Libertará o indigente que suplica,*
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
13 Terá pena do indigente e do infeliz,*
e a vida dos humildes salvará. R.

Paulo destaca que a salvação em Jesus não se limita ao mundo judaico, mas abraça todos os povos, promovendo a igualdade entre raças, cores e culturas. Ele ressalta a importância de reconhecermos em cada indivíduo um irmão ou uma irmã, valorizando a diversidade como um enriquecimento na família universal de Deus.

Irmãos:
2 Se ao menos soubésseis da graça que Deus me concedeu
para realizar o seu plano a vosso respeito,
3a e como, por revelação, tive conhecimento do mistério.
5 Este mistério, Deus não o fez conhecer
aos homens das gerações passadas
mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito,
aos seus santos apóstolos e profetas:
6 os pagãos são admitidos à mesma herança,
são membros do mesmo corpo,
são associados à mesma promessa em Jesus Cristo,
por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor.

Que possamos ser como os “magos”, os “homens dos sinais”, dispostos a enxergar na “estrela” os indícios da LUZ LIBERTADORA DE DEUS. Em meio à pressão da vida, é preciso encontrar tempo para contemplar o céu, buscar os sinais divinos e, assim, dar mais sentido à nossa peregrinação terrena. Assim como os “magos” se desinstalaram para procurar Jesus, questionemos se estamos dispostos a abandonar nossa zona de conforto, superar o desconhecido e atender aos apelos de Jesus, que muitas vezes se manifestam nas necessidades dos nossos irmãos.

1 Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia,
no tempo do rei Herodes,
eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém,
2 perguntando:
“Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
3 Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado,
assim como toda a cidade de Jerusalém.
4 Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei,
perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer.
5 Eles responderam: “Em Belém, na Judeia,
pois assim foi escrito pelo profeta:
6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum
és a menor entre as principais cidades de Judá,
porque de ti sairá um chefe
que vai ser o pastor de Israel, o meu povo”.
7 Então Herodes chamou em segredo os magos
e procurou saber deles cuidadosamente
quando a estrela tinha aparecido.
8 Depois os enviou a Belém, dizendo: 
“Ide e procurai obter informações exatas 
sobre o menino.
E, quando o encontrardes, avisai-me,
para que também eu vá adorá-lo”.
9 Depois que ouviram o rei, eles partiram.
E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, 
até parar sobre o lugar onde estava o menino.
10 Ao verem de novo a estrela,
os magos sentiram uma alegria muito grande.
11 Quando entraram na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe.
Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram.
Depois abriram seus cofres
e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
12 Avisados em sonho para não voltarem a Herodes,
retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho.
Palavra da Salvação.

Reflexão

EPIFANIA: O ESPÍRITO DA ESTRELA

A Epifania, celebrada em 6 de janeiro (no Brasil no domingo dia 07), marca a revelação e manifestação de Jesus a todas as nações, simbolizada pela visita dos magos do Oriente guiados por uma estrela. Este evento destaca a universalidade da mensagem de Cristo e enfatiza a importância da busca espiritual. A estrela representa a LUZ DIVINA que ilumina o caminho para a salvação. A celebração convida os fiéis a refletirem sobre a busca espiritual, reconhecendo a presença de Deus nas manifestações cotidianas da vida e renovando o compromisso de seguir a luz divina em suas jornadas espirituais.

Dividirei esta homilia em três partes:

  • A busca pelo tesouro
  • O encontro surpreendente
  • O mistério da Estrela
A BUSCA PELO TESOURO

A metáfora de viver miseravelmente enquanto um tesouro está ao alcance destaca a ignorância das riquezas espirituais disponíveis. A revelação aos magos do Oriente sublinha a importância do discernimento espiritual. Sua prontidão em buscar o tesouro e oferecer presentes preciosos ilustra devoção e gratidão pelo que é verdadeiramente valioso.

A jornada dos magos, guiada por uma estrela, destaca a necessidade da orientação divina, evidenciando que a fé impulsiona a ação e a descoberta do extraordinário. ‘Crer é também criar’, revelando o poder transformador da fé, e ‘a fé move montanhas’, enfatizando sua capacidade de superar desafios.

A mensagem central destaca a importância da busca ativa. Aqueles que buscam encontram, indicando que a plenitude na vida resulta de uma jornada em busca do divino. A advertência de que quem não busca viverá miseravelmente destaca a estagnação e a falta de propósito sem a busca espiritual.

A narrativa dos magos nos convida à reflexão sobre o reconhecimento das riquezas espirituais, a adoção da jornada da fé e a persistência na busca por significado, mesmo diante das adversidades. Essa busca ressalta a importância de transcender a superficialidade da existência cotidiana na compreensão mais profunda e significativa da vida.

O ENCONTRO SURPREENDENTE

O destino para o qual os magos foram conduzidos foi surpreendente: uma humilde casa, dois jovens esposos e um bebê recém-nascido. Eles não hesitaram. Era Ele, o bebê que havia nascido apenas alguns dias antes. Ele era o Tesouro que Deus havia depositado na humanidade! E com muita, muitíssima fé… eles o adoraram…

Esses magos tornaram-se tão famosos que já se passaram mais de 2.023 anos e ainda os recordamos, especialmente as crianças. Onde encontraram o tesouro não foi no Palácio de Herodes, nem no Templo de Jerusalém… foi em uma modesta casa alugada. E agora os magos continuam sendo lembrados em nossas vilas e cidades. Buscam, sobretudo, as crianças… mas entre todas elas, ao Menino-Deus.

O MISTÉRIO DA ESTRELA

Muitos indagam sobre o significado da estrela. Recorrem à astrologia, investigam se, no início do século I, houve uma “coniunctio magna” ou uma proximidade entre dois planetas…, interpretada pelos magos como anúncio de um grande acontecimento.

Talvez seja melhor afirmar que – como sempre – o Espírito Santo foi a estrela que guiou os magos do Oriente em direção a Jesus e à casa onde Ele estava. O Espírito sempre tem como destino Jesus: sobre Ele desceu no Batismo; para Ele conduziu os magos. O Espírito sempre nos leva a Jesus. Ele é a nossa estrela guia.

E como “Deus amou tanto o mundo” – não apenas Israel! – que entregou seu Filho único, hoje Ele nos ama tanto que não permite que nos esqueçamos nem da Estrela, nem dos Magos. A humanidade de hoje também não se esquece de Deus. Até os mais incrédulos sentem em seus corações o estímulo da estrela e o encanto dos magos do Oriente. Feliz Epifania! Maria, José, o Menino. Ouro, incenso e mirra.

Esta celebração de hoje nos conduz ao cerne de nosso ser humano: busquemos apaixonadamente a Deus e o encontraremos! E surgirá a Estrela, o Espírito Santo que nos facilitará. Já nos questionamos onde e quando a Estrela aparece e nos mobiliza?

CONCLUSÃO

A narrativa dos magos do Oriente destaca a busca ativa pelo tesouro espiritual e o surpreendente encontro com o divino. A metáfora da miséria vivida enquanto o tesouro está ao alcance ressalta a importância do discernimento espiritual, enfatizando a devoção e gratidão pelos verdadeiros valores. A jornada guiada pela estrela ilustra a necessidade da orientação divina e o poder transformador da fé.

O encontro surpreendente com o humilde Menino-Deus subverte as expectativas mundanas de grandiosidade, destacando a preciosidade do tesouro divino na simplicidade. A interpretação da estrela como guia do Espírito Santo enfatiza a importância de buscar a presença divina.

A celebração da Epifania inspira uma busca apaixonada por Deus, convidando à reflexão sobre a jornada espiritual. A pergunta sobre onde e quando a Estrela nos mobiliza persiste, instigando uma reflexão sobre nossa própria busca espiritual. Nesta mensagem atemporal de esperança e redenção, a narrativa dos magos continua a transcender fronteiras temporais. Feliz Epifania!

Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU