PORQUE CRISTO RESSUSCITOU…

PÁSCOA

Porque Cristo Ressuscitou…
Porque Cristo ressuscitou, me animo a viver.
Porque Cristo ressuscitou, acredito que o Reino de Deus vai prevalecer.
Porque Cristo ressuscitou os medos se afastam, e o desânimo também.
Porque Cristo ressuscitou, tudo agora tem um sentido novo.
Porque Cristo ressuscitou, minha esperança permanece viva, mesmo diante de uma realidade que ainda se apresenta sombria.
Porque Cristo ressuscitou, vou viver a vida nova e testemunhar o Evangelho.

Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé” (1 Cor 15,14).

O apóstolo Paulo demonstra como a fé na Ressurreição dos mortos é fundamental para a vida do cristão. Cristo ressuscitou e nós também ressuscitaremos com Ele.

E mais, já nesta vida Cristo nos renova, pelo Batismo, e nos faz novas criaturas, mergulhados no mistério de sua morte e ressurreição! De fato, acrescenta Paulo, “se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão” (1 Cor 15,19).

A insistência de Paulo se explica pelo fato de haver pessoas em seu tempo que não acreditavam na ressurreição de Jesus. Esta realidade persiste hoje, e não só em pessoas que se declaram não crentes, mas também em pessoas que um dia foram batizadas, mas que ainda não experimentaram a vivência da graça de um verdadeiro encontro com Cristo. Por isso, não se dão conta de uma realidade que as envolve. É como uma cegueira, por não distinguir algo que existe, embora não possa ser visto.

De fato, o Documento de Aparecida fala que:

uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados, não resistiria aos embates do tempo. Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja na qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp 12).

A mística deste tempo pascal nos fala de vida, de passagem, de encontros com o Ressuscitado. Encontro como o das mulheres Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e outras mulheres. Encontro como o de Pedro e João. Encontro como o dos discípulos de Emaús, desanimados, e de Tomé, descrente. Encontro às margens do lago de Tiberíades, quando Jesus aparece aos discípulos que estavam retomando a rotina da pesca, e os convida a segui-lo, a cuidar de suas ovelhas, a sair em missão, para outro tipo de pesca, aquela de águas mais profundas. Encontros que fortalecem a fé e levam ao testemunho.

Encontros transformadores. O encontro continua possível, pois o Cristo que veio e que virá no final dos tempos continua vindo ao presente. No segundo volume de seu livro Jesus de Nazaré, Joseph Ratzinger, então Papa Bento XVI, lembra a visão esclarecedora da tríplice vinda do Senhor, das homilias de São Bernardo de Claraval:

Entre a primeira e a última, há uma vinda intermédia… Na primeira, o Senhor veio revestido da nossa fraqueza humana; na intermédia, vem espiritualmente, manifestando o poder da sua graça; na última virá com todo o esplendor da sua glória”.

Esta sua tese se baseia nas palavras de Jesus referidas por João: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). E o Papa comenta: “É a escatologia do presente”.

Por isso, continua Bento XVI, podemos orar pela vinda de Jesus, “peçamos antecipações da sua presença renovadora no mundo. Em momentos de tribulação pessoal, supliquemos: Vinde, Senhor Jesus!, e acolhei a minha vida na presença benigna do vosso poder. Peçamos-lhe que acompanhe as pessoas que amamos ou com quem estamos preocupados. Peçamos-lhe que se torne eficazmente presente na sua Igreja. E porque não pedir-lhe que nos conceda também hoje testemunhas novas da sua presença, nas quais Ele mesmo se aproxime de nós? E esta súplica, que não visa imediatamente o fim do mundo, mas é uma verdadeira oração pela sua vinda, traz consigo toda a amplitude daquela oração que Ele mesmo nos ensinou: ‘venha a nós o vosso reino’? Vinde, Senhor Jesus!

Há um ano, lançamos o Plano Diocesano de Evangelização, justamente por ocasião da Páscoa. Celebrando novamente a Páscoa, após um ano de caminhada, realimentamos a fé e o compromisso assumido, para sermos a Igreja que ama Jesus Cristo, que se torna testemunha de sua presença acolhedora, misericordiosa, samaritana, missionária: “Pedro, tu me amas?… Apascenta as minhas ovelhas”.

Quanto mais sombria nos parece a realidade, mais precisamos da luz da Páscoa! A fé nos faz viver a vida nova em Cristo ressuscitado. Somos novas criaturas, renascidas pelo batismo! Só nos resta agradecer e aderir pela fé ao projeto de amor misericordioso de Deus, entregando também nossa vida por amor, porque Cristo ressuscitou!

Fonte: CNBB
Imagem de Chris Chris em Pixabay