
A Festa da Apresentação do Senhor é um evento de profundo significado espiritual, celebrado desde o século IV no Oriente. A partir do ano 450, os cristãos orientais passaram a chamá-la de “Festa do Encontro”, destacando sua essência: o encontro de Deus com Seu povo, de Maria e José apresentando Jesus no Templo, e a acolhida do Menino por Simeão e Ana, representantes da esperança de Israel. Essa celebração não pertence apenas ao passado; ela nos convida a encontrar Jesus, a “LUZ” que transforma nossas vidas.
Na Primeira Leitura (Ml 3,1-4), Malaquias anuncia o “Dia do Senhor”, um tempo de renovação e purificação. Deus entra em Seu Templo não como um visitante, mas como Aquele que transforma corações. Ele não se limita ao espaço sagrado do Templo de Jerusalém, mas se faz presente na vida daqueles que O acolhem. O Senhor vem purificar, reacender o desejo de santidade e fortalecer a comunhão com Ele.
No Evangelho (Lc 2,22-40), Maria e José levam Jesus ao Templo, onde Simeão e Ana, cheios do Espírito Santo, reconhecem Nele a esperança de Israel. Simeão proclama: Ele é “luz para as nações” e “glória de Israel”. Esse momento revela como Deus se manifesta na simplicidade e como corações vigilantes podem perceber Sua presença transformadora. Jesus, que Simeão segurou nos braços, é Aquele que hoje nos conduz à verdadeira luz. Ele continua presente na Eucaristia, na Palavra e nos irmãos que sofrem.
Na Segunda Leitura (Hb 2,14-18), a Carta aos Hebreus revela que Jesus compartilhou nossa humanidade para nos elevar à dignidade de Filhos de Deus. Ele não apenas nos salva, mas nos convida a participar de Sua vida, trazendo graça e renovação.
A Festa da Apresentação nos chama à reflexão: estamos atentos à presença de Deus em nossa vida cotidiana? Como Simeão e Ana, temos um coração vigilante para reconhecer a luz de Cristo? Que possamos segurar espiritualmente Jesus em nossos braços e proclamar ao mundo que a salvação chegou e que Deus está verdadeiramente entre nós.
Leituras
Em meio à brevidade da vida, a promessa ecoa: ‘O Senhor, a quem buscais, virá ao seu Templo.‘ Que esta certeza ilumine cada instante, guiando-nos ao encontro do Amor Divino.
logo chegará ao seu templo o Dominador,
que tentais encontrar,
e o anjo da aliança, que desejais.
Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos;
E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer?
Ele é como o fogo da forja
e como a barrela dos lavadeiros;
assim ele purificará os filhos de Levi
e os refinará como ouro e como prata,
e eles poderão assim
fazer oferendas justas ao Senhor.
como nos primeiros tempos e nos anos antigos.
Palavra do Senhor.
Em cada coração que se abre à fé, ressoa a verdade eterna: “O Rei da glória é o Senhor onipotente!”. Ele entra triunfante em nossas vidas, renovando nossa esperança e guiando-nos à luz eterna.
R. O Rei da glória é o Senhor onipotente!
7 “Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!” R.
8 Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“É o Senhor, o valoroso, o onipotente, *
o Senhor, o poderoso nas batalhas!” R.
9 “Ó portas, levantai vossos frontões! †
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, *
a fim de que o Rei da glória possa entrar!” R.
10 Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?” †
“O Rei da glória é o Senhor onipotente, *
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo” R.
Para nos resgatar das sombras e nos conduzir à luz da salvação, Cristo escolheu compartilhar nossa humanidade. Assim se cumpriu a promessa: “Jesus devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos.”. Nele, encontramos consolo, redenção e vida nova!
para assim destruir, com a sua morte,
aquele que tinha o poder da morte,
isto é, o diabo,
e digno de confiança nas coisas referentes a Deus,
a fim de expiar os pecados do povo.
Palavra do Senhor.
Como Simeão, nossos olhos, iluminados pela graça, contemplam a salvação. Em cada amanhecer, o Salvador está entre nós, renovando nossos corações com Seu amor e trazendo esperança transformadora.
conforme a Lei de Moisés,
Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
a fim de apresentá-lo ao Senhor.
deve ser consagrado ao Senhor.”
como está ordenado na Lei do Senhor.
e esperava a consolação do povo de Israel.
O Espírito Santo estava com ele
para cumprir o que a Lei ordenava,
tanto de queda como de reerguimento
Ele será um sinal de contradição.
Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.
Era de idade muito avançada;
quando jovem, tinha sido casada
e vivera sete anos com o marido.
Não saía do Templo,
dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações.
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
e a graça de Deus estava com ele.
Palavra da Salvação.
Homilia
A VISITA DO MESSIAS: SACERDOTES E LEIGOS

Este domingo, IV do ano litúrgico, nos conduz à celebração da Apresentação de Jesus no Templo (Lucas 2, 22-40), uma festa que, embora de grande importância, revela-se também profundamente surpreendente. É um convite a refletir sobre o mistério da salvação e o cumprimento das promessas de Deus em nosso meio.
Dividirei esta reflexão em quatro partes:
- O Messias visita o Templo: um sonho profético;
- Veio ao Templo… e os seus não O receberam;
- Aquele Menino era o Sumo Sacerdote;
- E nós… Com quem nos identificamos?
O MESSIAS VISITA O TEMPLO: UM SONHO PROFÉTICO
Ao profeta Malaquias foi concedida a visão: aquele dia em que o Senhor, o Messias, entrará no Seu templo. E Ele virá como mensageiro da Aliança. Sua entrada trará consigo purificação e julgamento, simbolizados pelo fogo do fundidor, que refina os metais preciosos. Isso significa que Ele analisará e examinará a fidelidade do povo à Aliança que Deus estabeleceu com Israel no Monte Sinai. No que diz respeito à nossa Aliança com Deus, não podemos ser superficiais: ou somos fiéis ou infiéis.
O profeta Malaquias teve a visão de que o Senhor, o Messias, entraria no Seu templo como mensageiro da Aliança, trazendo purificação e julgamento. Essa entrada simboliza o refinamento e o exame da fidelidade do povo à Aliança de Deus com Israel. Em nossa Aliança com Deus, não há espaço para a mediocridade: ou somos fiéis, ou infiéis.
O Salmo 23 nos confirma que quem entra no templo é o Rei da glória, o Senhor forte e poderoso (Salmo 24, 8). Ele vem para purificar e restaurar, para que possamos ser tornados dignos de Sua presença, de Seu amor imensurável. Que, nesta Festa da Apresentação do Senhor, possamos abrir nossos corações para o Seu julgamento de amor, que nos refina, como o fogo purificador que transforma nossa fidelidade em uma aliança viva e plena com Ele.
VEIO AO TEMPLO… E OS SEUS NÃO O RECEBERAM
Os sumos sacerdotes do templo haviam transmitido aos magos onde o Messias deveria nascer: em Belém de Judá (Mateus 2, 5-6), pois assim estava escrito. Também estava escrito o que aconteceria quando o Messias entrasse no templo, como vimos na leitura do profeta Malaquias. Porém, nesta ocasião, os sacerdotes não perceberam nada. Não acolheram o Messias-Menino como Ele merecia. Trataram-no como a uma família pobre, oferecendo o mínimo que estava estabelecido.
Entretanto, houve duas pessoas que, movidas pelo Espírito, intuiram e reconheceram o mistério que aquela jovem família, Maria e José, e aquele Menino, encerravam: o leigo Simeão e Ana, a idosa serva do Templo. Simeão reconheceu quem era Jesus e quem era sua mãe, e profetizou o destino do Menino e o que aconteceria à sua mãe. Ana, completamente absorvida, louvou a Deus (Lucas 2, 25-38).
Neste momento profundo de revelação, o Espírito Santo se manifestou como guia e luz para aqueles que estavam preparados para acolher a salvação de Deus. Simeão e Ana, longe da indiferença dos sacerdotes, foram capazes de enxergar o que os olhos humanos não conseguiam: o cumprimento das promessas divinas, ali, diante deles, no Templo. Que, nesta Festa da Apresentação do Senhor, possamos também nós reconhecer a presença de Cristo em nossas vidas, permitindo que o Espírito nos ilumine e conduza a um novo entendimento do mistério de Sua encarnação e missão.
AQUELE MENINO ERA O SUMO SACERDOTE
A segunda leitura nos permite penetrar ainda mais no mistério. Ela é tirada da Carta aos Hebreus e nos apresenta a Jesus, não mais entrando no Templo, mas entrando neste mundo para cumprir a vontade de Deus Pai. E mais ainda: nos apresenta Jesus como o autêntico Sumo Sacerdote, misericordioso e semelhante em tudo a nós — já desde a Sua entrada em nosso mundo —, como o verdadeiro Sumo Sacerdote que entende nossas fraquezas e nos acompanha em nossas lutas.
E esta é a identidade daquele que chegou ao templo e não foi acolhido pelos sacerdotes: Veio aos seus e os seus não o receberam (João 1, 11). Jesus, em Sua total humanidade, entrou neste mundo como um Sumo Sacerdote cheio de compaixão, pronto para nos oferecer misericórdia, compreensão e consolo diante das nossas limitações e angústias.
Na Festa da Apresentação do Senhor, somos chamados a contemplar a profundidade do amor de Cristo, que, em Sua humildade, se fez semelhante a nós para nos salvar. Que possamos abrir nossos corações, como Simeão, para reconhecer o Salvador em nossas vidas, e, como Ana, louvá-Lo com gratidão pela Sua presença constante, que ilumina nossas lutas e nos guia para a verdadeira paz.
E NÓS… COM QUEM NOS IDENTIFICAMOS?
Hoje em dia, é possível estar no Templo onde Jesus é o centro e permanecer distraído ou ausente, sem recebê-Lo. No entanto, também há aqueles que, como Simeão e Ana, O recebem plenamente e compreendem quem é o verdadeiro centro do Templo e da Igreja. Jesus, em Seu papel de Sumo Sacerdote misericordioso, compreende nossas fraquezas e nos acompanha em nossas lutas (Hebreus 4,15).
Nesta Festa da Apresentação do Senhor, somos convidados a refletir sobre nossa própria capacidade de acolher Jesus, não apenas como visitante, mas como o Sumo Sacerdote que entra em nossa vida, oferecendo-nos Sua compaixão e Seu auxílio nas dificuldades diárias. Que, como Simeão, possamos reconhecer em cada Eucaristia, em cada gesto de fé, o Salvador que veio para nos libertar e nos renovar. Que, como Ana, louvemos a Deus com corações gratos por Sua presença constante em nossa jornada. Que não permaneçamos distraídos, mas plenamente receptivos ao mistério divino que se revela em nossa vida.
CONCLUSÃO
Na Festa da Apresentação do Senhor, somos convidados a refletir sobre nossa capacidade de acolher o divino. A profecia de Malaquias nos lembra da necessidade de uma aliança autêntica com Deus, enquanto o Evangelho nos mostra diferentes reações à presença de Jesus.
A vinda do Messias, segundo Malaquias, traria purificação e julgamento (Malaquias 3,1-4). Isso nos alerta para a importância de uma fé viva e autêntica, sem espaço para a mediocridade. O amor de Cristo nos transforma e nos torna dignos de Sua presença, como o fogo purifica os metais.
O Evangelho revela que nem todos reconheceram o Messias (Mateus 2, 5-6). Enquanto os sacerdotes, conhecedores das escrituras, permaneceram cegos, Simeão e Ana, guiados pelo Espírito Santo, reconheceram o Salvador (Lucas 2, 25-38). A fé exige um coração aberto e sensível à ação do Espírito Santo, para além do conhecimento intelectual.
Jesus, apresentado na Carta aos Hebreus como o Sumo Sacerdote compassivo (Hebreus 4,15), compreende nossas fraquezas e nos acompanha em nossas lutas. Deus se faz presente em nossa história, oferecendo Seu amor e misericórdia.
ORAÇÃO
Senhor Deus,
Neste dia de festa, celebramos a Apresentação de Teu Filho no Templo e agradecemos pela luz que Ele trouxe ao mundo. Como Simeão e Ana, abre nossos olhos para reconhecer Tua presença, mesmo nas dificuldades.
Renova nossa fé em Jesus, luz para as nações, e fortalece-nos para levar essa luz ao mundo que clama por esperança. Concede-nos sabedoria para discernir Teu amor em nossa vida e testemunhar com coragem e fidelidade.
Que também possamos nos consagrar a Ti, oferecendo nossos corações como morada para Tua presença.
Em nome de Jesus, luz do mundo, oramos. Amém
Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.