Estimados irmãos e irmãs, a despedida de pessoas que amamos e que fazem parte da nossa vida é quase sempre dolorosa, principalmente quando fica no coração a sensação de que não mais as veremos. É uma mistura de saudade e solidão pela ausência da pessoa amada, que faz chorar o coração no silêncio interior da nossa vida. Ali rolam as lágrimas do coração ferido pela dor da perda de uma pessoa amada. E, neste tempo de pandemia, milhares de pessoas e famílias viveram e continuam vivendo essa realidade, marcada pela dor da perda de familiares e amigos. Nós não vemos e, às vezes, nem percebemos o sofrimento que está afligindo a vida do meu irmão ou de minha irmã na comunidade.
Essa sensação de perda e dor também tocou o coração dos discípulos de Jesus, quando ele anunciou seu retorno para junto do Pai, na última ceia. Jesus, sentindo a tristeza que invadiu o coração dos discípulos, os consolou dizendo: “Não os deixarei órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia sabereis que eu estou no Pai e vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 18-20). Se me amais, guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade.
Diante da notícia da separação do Mestre, os discípulos ficam desorientados e uma série de interrogações surge no coração de cada um. Como poderemos estar unidos a Jesus se ele não mais estará presente? Como poderemos ainda amá-lo se não mais o veremos? Jesus responde às perguntas que estão no silêncio do coração dos discípulos. A união com Jesus e, através dele, com o Pai é possível no amor. Amar Jesus não significa fechar-se na sua presença visível e papável, mas fazer a sua vontade, “observar os seus mandamentos”, que são as suas palavras, colocando o Evangelho em prática através da fé, e, nas ações da vida, manifestar esse amor através dos pequenos gestos, que falam da presença de Deus na nossa vida.
Não podemos dispensar a comunhão com o Senhor e com os irmãos na comunidade cristã se quisermos manter a nossa fé. Mesmo ausente fisicamente, o Senhor não está longe dos seus discípulos. Virá o Paraclito, o Espírito Santo que o Pai enviará. Jesus é o consolador e defensor divino junto do Pai; o Espírito Santo é o consolador, que socorre e assiste a comunidade sobre a terra. O Espírito Santo não traz outra revelação, mas atualiza a revelação dada por Jesus Cristo em cada tempo da história.
Aqueles que se fecham à revelação de Jesus Cristo, não podem receber o Espírito da verdade nem percebê-lo na vida da comunidade. No Espírito, o Senhor Jesus continuará a estar presente como ressuscitado e vivo depois da Páscoa. Os discípulos e os cristãos o verão, com os olhos do coração, com os olhos da fé. A experiência pascal de comunhão com Cristo ressuscitado e vivo sustenta o cristão durante a sua existência, na verdade e na alegria de filho de Deus.
Por intercessão de Nossa Senhora de Caravaggio, nossa mãe, rainha e padroeira da Diocese Caxias do Sul (RS), abençoe-vos o Deus todo poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Texto: DOM JOSÉ GISLON
Fonte: CNBB