XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)

A PALAVRA

A liturgia do XVII domingo Comum dá-nos conta da preocupação de Deus em saciar a “FOME” de vida dos homens. De forma especial, as leituras deste domingo dizem-nos que Deus conta conosco para repartir o seu “PÃO” com todos aqueles que têm “FOME” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.

Hoje também comemoramos o I DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS, com o lema Eu estou contigo todos os dias” (cf. Mt 28,20)., a ser celebrado todo o quarto domingo de julho.  

Na primeira leitura (2Rs 4,42-44), o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido com as pessoas que o rodeiam, testemunha a vontade de Deus em saciar a “FOME” do mundo; e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha e de generosidade para com os irmãos que os “profetas” são convidados a realizar.

O Evangelho (Jo 6,1-15) repete o mesmo tema. Jesus, o Deus que veio ao encontro dos homens, dá conta da “FOME” da multidão que O segue e propõe-Se libertá-la da sua situação de miséria e necessidade. Aos discípulos (aqueles que vão continuar até ao fim dos tempos a mesma missão que o Pai lhe confiou), Jesus convida a despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de partilha, concretizada no serviço simples e humilde em benefício dos irmãos. É esta lógica que permite passar da escravidão à liberdade; é esta lógica que fará nascer um mundo novo.

Na segunda leitura (Ef 4,1-6), Paulo lembra aos crentes algumas exigências da vida cristã. Recomenda-lhes, especialmente, a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preconceito em relação aos irmãos.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Naqueles dias:
42Veio também um homem de Baal-Salisa,
trazendo em seu alforje para Eliseu, o homem de Deus,
pães dos primeiros frutos da terra:
eram vinte pães de cevada e trigo novo.
E Eliseu disse: ‘Dá ao povo para que coma’.
43Mas o seu servo respondeu-lhe:
‘Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas?’
Eliseu disse outra vez: ‘Dá ao povo para que coma;
pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará` ‘.
44O homem distribuiu e ainda sobrou,
conforme a palavra do Senhor.
Palavra do Senhor.

R.Saciai os vossos filhos, ó Senhor!

10Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem,*
e os vossos santos com louvores vos bendigam!
11Narrem a glória e o esplendor do vosso reino*
e saibam proclamar vosso poder!R.

15Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam*
e vós lhes dais no tempo certo o alimento;
16vós abris a vossa mão prodigamente*
e saciais todo ser vivo com fartura.R.

17É justo o Senhor em seus caminhos,*
é santo em toda obra que ele faz.
18Ele está perto da pessoa que o invoca,*
de todo aquele que o invoca lealmente.R.

Irmãos:
1Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto
a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes:
2Com toda a humildade e mansidão,
suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor.
3Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito
pelo vínculo da paz.
4Há um só Corpo e um só Espírito,
como também é uma só a esperança
à qual fostes chamados.
5Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo,
6um só Deus e Pai de todos,
que reina sobre todos,
age por meio de todos e permanece em todos.
Palavra do Senhor.

Naquele tempo:
1Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia,
também chamado de Tiberíades.
2Uma grande multidão o seguia,
porque via os sinais que ele operava
a favor dos doentes.
3Jesus subiu ao monte
e sentou-se aí, com os seus discípulos.
4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
5Levantando os olhos,
e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro,
Jesus disse a Filipe:
‘Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?’
6Disse isso para pô-lo à prova,
pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer.
7Filipe respondeu:
‘Nem duzentas moedas de prata bastariam
para dar um pedaço de pão a cada um’.
8Um dos discípulos,
André, o irmão de Simão Pedro, disse:
9‘Está aqui um menino com
cinco pães de cevada e dois peixes.
Mas o que é isso para tanta gente?’
10Jesus disse:
‘Fazei sentar as pessoas’.
Havia muita relva naquele lugar,
e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.
11Jesus tomou os pães,
deu graças
e distribuiu-os aos que estavam sentados,
tanto quanto queriam.
E fez o mesmo com os peixes.
12Quando todos ficaram satisfeitos,
Jesus disse aos discípulos:
‘Recolhei os pedaços que sobraram,
para que nada se perca!’
13Recolheram os pedaços
e encheram doze cestos
com as sobras dos cinco pães,
deixadas pelos que haviam comido.
14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado,
aqueles homens exclamavam:
‘Este é verdadeiramente o Profeta,
aquele que deve vir ao mundo’.
15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo
para proclamá-lo rei,
Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
Palavra da Salvação.

Reflexão

JESUS ABENÇOOU OS PÃES E REPARTIU-OS

O problema da alimentação foi um dos assuntos mais urgentes para a maior parte da humanidade ao longo da história. E hoje continua sendo para muitos milhões de pessoas. A cada amanhã sentem a fome não satisfeita e todos seus esforços se dirigem para encontrar o necessário para subsistir. PARECE IMPOSSÍVEL? Pois é verdade. E nos referimos à fome material, à fome de pão ou de arroz, à falta do mais necessário para poder sobreviver.

O Evangelho de hoje conta-nos como Jesus multiplicou uns poucos pães e peixes e deu de comer a uma multidão. Diz-se que eram cinco mil homens, sem contar às mulheres nem as crianças. Eram pessoas desesperadas. Talvez por isso tivessem abandonado suas casas e tinham se lançado ao deserto para seguir aquele pregador. O seguiam esperando talvez encontrar uma palavra de encorajamento, algo que lhes daria uma nova esperança.

O milagre de Jesus não só consiste em lhes dar de comer. O mais importante é que consegue fazer daquela multidão uma família que, sentados juntos, compartilham a comida. Faz deles uma fraternidade. Por isso termina sobrando comida. Se não se tivesse ocorrido essa mudança qualitativa na relação entre aquelas pessoas, não sobraria nada. Certamente todos teriam lutado para conseguir o máximo de comida possível. Eles não teriam feito nada além de procurar seus interesses, para satisfazer sua fome, então e no dia seguinte… Não havia razão para compartilhar com os outros. Mas o milagre ocorre. Jesus os faz descobrir que, compartilhando o pão, eles começam a viver de uma maneira nova, que o bem-estar do outro é a condição do meu bem-estar, que na família é muito mais fácil satisfazer a necessidade e que o pão acaba sobrando.

Ao fazer o milagre, Jesus dá uma nova esperança àquelas pessoas. É os faz dizer: ”Este sim que é o profeta que tinha que vir ao mundo”. Jesus, mensageiro e porta-voz de Deus, dão esperança aos que estão desesperados, acolhe em família aos que estão sós e dá de comer aos que têm fome.

Com Jesus abre-se também ante nós uma nova esperança. Devemos ser portadores dela para nosso mundo. Nós cristãos, comprometemo-nos a reunir, a compartilhar o que temos, a acolher. Não queremos dividir, nem odiar, nem separar. Achamos que podemos viver unidos no amor com o vínculo da paz. Achamos que ‘é possível superar o ódio que mata e destrói.

No final, os discípulos são convidados a recolher os restos, que devem servir para outras “multiplicações”. A tarefa dos discípulos de Jesus é uma tarefa nunca acabada, que deverá recomeçar em qualquer tempo e em qualquer lugar onde haja um irmão “COM FOME”.

Os discípulos de Jesus não podem, contudo, dirigir-se aos irmãos necessitados olhando-os “do alto”, instalados nos seus esquemas de poder e autoridade, usando a caridade como instrumento de apoio aos seus projetos pessoais, ou exigindo algo em troca… Os discípulos de Jesus devem ser um grupo humilde, sem pretensão alguma de poder e de domínio, e que apenas está preocupado em servir os irmãos com “FOME”.

Reflitamos:
Como é que Deus atua para saciar a fome de vida dos homens? É fazendo chover do céu, milagrosamente, o “pão” de que o homem necessita?
A minha comunidade é uma comunidade que caminha unida e solidária, partilhando a vida e o amor, apesar das diferenças legítimas dos seus membros?
Em termos pessoais, sinto-me um construtor de unidade, ou um fator de divisão?

Texto: FERNANDO TORRES cmf
Imagem: Pixabay 
Fonte:CIUDAD REDONDA (Missionários Claretianos)