
A liturgia deste décimo quinto domingo do Tempo Comum nos coloca diante de uma pergunta que ecoa no coração de todo ser humano: O que devemos fazer para alcançar a vida eterna? Não se trata de uma questão teórica, mas de um chamado que ressoa no cotidiano, desafiando-nos a transformar nossa existência em uma peregrinação sagrada.
No Evangelho (Lc 10,25-37), um mestre da Lei interroga Jesus, buscando uma resposta clara. E Cristo, com sabedoria divina, revela que a vida plena se constrói sobre dois pilares indissociáveis: o amor a Deus e a compaixão pelo próximo. Mas quem é esse “PRÓXIMO“? A parábola do Bom Samaritano desfaz qualquer limite: é todo aquele que cruza nosso caminho, ferido pela vida, carente de misericórdia. Não importa sua origem, sua fé, seu pecado. O amor não escolhe; ele simplesmente age.
Moisés, na Primeira Leitura (Dt 30,10-14), lembra ao povo que a verdadeira felicidade está na escuta atenta da voz de Deus. Não basta conhecer os mandamentos; é preciso vivê-los com o coração inteiro, convertendo-se a cada instante. Quantas vezes, porém, endurecemos nossa alma, distraídos pelas urgências vazias do mundo?
Paulo, na Segunda Leitura (Cl 1,15-20), eleva nossos olhos para Cristo, “o Primogênito de toda a criação“, Aquele que unifica todas as coisas em seu amor. Nele, encontramos não apenas um modelo, mas a própria fonte da vida eterna. Quando O tomamos como centro, nossos passos ganham sentido, e o amor ao próximo deixa de ser um peso para tornar-se alegria.
Eis o convite: deixar que o amor de Deus, vivido na caridade concreta, guie nossa jornada. Pois, como dizia Santo Agostinho, “aquele que não vive para servir, não serve para viver“. A vida eterna começa hoje, no gesto que estende a mão, no coração que se abre ao irmão. Você está pronto para esse caminho?
Leituras
‘Esta palavra está bem ao teu alcance, para que a possas cumprir.’ Deus não nos pede o impossível, mas o amor concreto – hoje, no irmão que sofre, encontramos o caminho da vida eterna.
que estão escritos nesta lei.
Converte-te para o Senhor teu Deus
com todo o teu coração e com toda a tua alma.
nem está fora do teu alcance.
‘Quem subirá ao céu por nós para apanhá-lo?
Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir?’
‘Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo?
Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir?’
está em tua boca e em teu coração,
para que a possas cumprir.
Palavra do Senhor.
‘Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: o vosso coração reviverá!’ No grito do pobre, Deus escuta; na alegria do que se entrega, o Céu se faz presente hoje.
R. Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos: o vosso coração reviverá!
14 Por isso elevo para vós minha oração, *
neste tempo favorável, Senhor Deus!
Respondei-me pelo vosso imenso amor, *
pela vossa salvação que nunca falha!
17 Senhor, ouvi-me pois suave é vossa graça, *
ponde os olhos sobre mim com grande amor! R.
se procurardes o Senhor continuamente!
dentro delas fixarão sua morada! R.
‘Em Cristo, o invisível se revela: por Ele e para Ele todas as coisas foram feitas!’ Como outrora, Ele nos chama a ver a criação não como acaso, mas como um amoroso convite à comunhão – pois n’Ele vivemos, nos movemos e somos.
as visíveis e as invisíveis,
tronos e dominações, soberanias e poderes.
Tudo foi criado por meio dele e para ele.
de sorte que em tudo ele tem a primazia,
realizando a paz pelo sangue da sua cruz.
Palavra do Senhor.
Em um mundo que pergunta ‘E quem é o meu próximo?’ , Cristo nos convida a enxergar, com coração compassivo, o rosto do irmão caído – pois só o amor, inesperado e concreto, transforma indiferença em salvação e aproxima os distantes da misericórdia do Pai.
“Mestre, que devo fazer
para receber em herança a vida eterna?”
Como lês?”
de todo o teu coração e com toda a tua alma,
com toda a tua força e com toda a tua inteligência;
e ao teu próximo como a ti mesmo!”
Faze isso e viverás”.
e caiu nas mãos de assaltantes.
Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no,
e foram-se embora deixando-o quase morto.
Quando viu o homem,
e seguiu adiante, pelo outro lado.
Depois colocou o homem em seu próprio animal
e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele.
“Toma conta dele!
Quando eu voltar,
vou pagar o que tiveres gasto a mais”.
E Jesus perguntou:
Então Jesus lhe disse:
Palavra da Salvação.
Homilia
AMA E VIVERÁS!

O amor é uma aventura. Ele nos conduz por caminhos desconhecidos: altos e baixos, curvas inesperadas, paisagens que jamais imaginamos… Amar em tempos de dificuldade pode doer como uma lenta agonia. Não é raro encontrar quem se arrependa de ter amado. No entanto, o maior de todos os mandamentos permanece: “Amarás!” (cf. Lc 10,27).
Dividiremos esta reflexão em quatro partes:
- O amor é a arte de viver
- Entrar na vida
- Ser ou não ser próximo
- Aproximar-se… mas de quem?
O AMOR É A ARTE DE VIVER
DEUS É AMOR. Ele é o grande mestre na arte de amar. Toda a Lei e os Profetas conduzem a esse único propósito: formar alianças de amor. É isso que nos revela a Primeira Leitura do Deuteronômio, verdadeiro manual sobre o amor divino: “Ouve, Israel… Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração…” (cf. Dt 6,4-5).
Note que o primeiro mandamento não é “amarás”, mas “OUVE!”. Escutar é estar atento, é reconhecer que o amor começa por Deus e não por nós. O nosso amor é sempre resposta, nunca iniciativa. Quem escuta com o coração descobre que já é profundamente amado por Deus. E ao contemplar esse amor, somos movidos a retribuir: amor se paga com amor. Amar a Deus é responder ao amor que Ele nos oferece sem medida.
ENTRAR NA VIDA
Um doutor da Lei perguntou a Jesus – não por fé, mas para colocá-lo à prova -: “Que devo fazer para possuir a vida eterna?” (cf. Lc 10,25). Sua pergunta parte de uma lógica de obrigação, de desempenho: “o que devo fazer?”. Jesus o devolve à fonte: à Aliança de Deus com seu povo, que começa com o amor total a Deus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com toda a tua inteligência…” (cf. Lc 10,27). Jesus não apenas aprova sua resposta, mas louva sua sabedoria: não basta saber; é preciso viver esse amor.
SER PRÓXIMO… OU NÃO SER
E então, uma pergunta crucial: “Quem é o meu próximo?” (cf. Lc 10,29). Note: ele não perguntou “quem é o meu Deus”, mas “quem é o meu próximo?”, como quem busca limitar o amor. A resposta esperada seria: sua esposa, seus conterrâneos, seus colegas… Mas Jesus quebra todos os esquemas com uma parábola: o bom samaritano. E com ela, oferece um imperativo: “Torna-te próximo”, ou seja, aproxime-se! Amor não é apenas um sentimento, é um movimento: sair de si e ir ao encontro do outro.
APROXIMAR-SE… MAS DE QUEM?
O sacerdote e o levita viram o homem caído, mas não se aproximaram. Será que o cargo os impediu? Talvez. Mas o que os bloqueou, sobretudo, foi a falta de compaixão e a dureza do coração. Já o samaritano – considerado herege – foi invadido pela compaixão. Ele se aproximou e fez tudo o que era necessário para salvar o homem ferido.
Quem se faz próximo, tornando-se presença viva junto ao necessitado, torna-se instrumento de Deus e sinal do Seu amor que cura. O samaritano interrompeu sua rota, colocou seus recursos a serviço da vida e até adiantou despesas para garantir o cuidado daquele homem.
CONCLUSÃO: “AMA E VIVERÁS”
AMAR É VIVER. Ser próximo é tornar-se canal do amor de Deus. Hoje, mais do que nunca, o mundo clama por pessoas que se deixem mover pela compaixão.
Sejamos sensíveis a todas as necessidades ao nosso redor. Façamos do amor a nossa arma mais poderosa. Às vezes, será preciso amar na escuridão, apenas pela fé e na fidelidade nua e crua. Mas no fim, o amor triunfará, pois, como ensina a Escritura: “as muitas águas não conseguirão apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (cf. Ct 8,7). Nem a morte poderá vencer aquele que ama como Deus ama.
Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.