XI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO B)

A PALAVRA

A liturgia do XI Domingo do Tempo Comum nos convida a mergulhar numa mensagem profunda de esperança. Ela nos lembra que Deus é o Senhor da História, sempre presente, guiando seus filhos em sua jornada terrena. Seu objetivo supremo é nos conduzir ao encontro da Vida plena e definitiva, à felicidade eterna.

Na Primeira Leitura (Ez 17,22-24), o profeta Ezequiel conforta o Povo de Deus exilado na Babilônia, assegurando-lhes que Deus não esqueceu a Aliança nem as promessas feitas no passado. Apesar das dificuldades, desastres e crises que a História nos impõe, Israel é chamado a confiar nesse Deus fiel, que jamais desistirá de oferecer um futuro de tranquilidade, justiça e paz.

O Evangelho (Mc 4,26-34) nos apresenta uma imagem poderosa: Jesus compara o Reino de Deus a uma pequena semente. Apesar de sua aparência insignificante, essa semente tem o poder de transformar o mundo. Ela cresce discretamente, sem alarde, mas contém em si o dinamismo de Deus, capaz de fazer nascer um novo mundo. Este Reino, que Jesus nos propõe por mandato do Pai, é um presente divino para seus filhos.

Na Segunda Leitura (2Cor 5,6-10), somos lembrados de que a vida nesta terra, marcada pela finitude e transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação em direção a Deus e à Vida definitiva. O cristão deve ter em mente que o Reino de Deus, já presente em nossa caminhada histórica, atingirá sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem a vida eterna. É para esse encontro que devemos direcionar nossos passos, pois é essa visão que deve inspirar e animar a nossa caminhada.

Esta liturgia nos incita a contemplar a fidelidade de Deus, a força transformadora do Seu Reino e a peregrinação da nossa vida como uma jornada rumo à plenitude divina. Que essas reflexões nos encham de esperança e nos guiem na busca incessante pela felicidade eterna. 

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Da terra, ergo a árvore humilde, e ela, com raízes profundas,
alça-se em direção ao céu

22 Assim diz o Senhor Deus:
“Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro,
do mais alto de seus ramos arrancarei um broto
e o plantarei sobre um monte alto e elevado.
23 Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel.
Ele produzirá folhagem, dará frutos
e se tornará um cedro majestoso.
Debaixo dele pousarão todos os pássaros,
à sombra de sua ramagem as aves farão ninhos.
24 E todas as árvores do campo saberão
que eu sou o Senhor,
que abaixo a árvore alta e elevo a árvore baixa;
faço secar a árvore verde e brotar a árvore seca.
Eu, o Senhor, digo e faço”.
Palavra do Senhor.

Nos caminhos da vida, encontramos a gratidão como um farol que ilumina nossos passos, guiando-nos na jornada da alma

R. Como é bom agradecermos ao Senhor.

2 Como é bom agradecermos ao Senhor *
e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo!
3 Anunciar pela manhã vossa bondade,*
e o vosso amor fiel, a noite inteira. R.


13 O justo crescerá como a palmeira,*
florirá igual ao cedro que há no Líbano;
14 na casa do Senhor estão plantados,*
nos átrios de meu Deus florescerão. R.

15  Mesmo no tempo da velhice darão frutos, *
cheios de seiva e de folhas verdejantes;
16 e dirão: “É justo mesmo o Senhor Deus: *
meu Rochedo, não existe nele o mal!” R.

Assim como a luz do sol atravessa as nuvens, nossa busca por significado e propósito deve transcender os limites terrenos, iluminando nossos corações e guiando-nos na jornada de agradar ao Senhor

Irmãos:
6 Estamos sempre cheios de confiança
e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo,
somos peregrinos longe do Senhor;
7 pois caminhamos na fé e não na visão clara.
8 Mas estamos cheios de confiança
e preferimos deixar a moradia do nosso corpo,
para ir morar junto do Senhor.
9 Por isso, também nos empenhamos
em ser agradáveis a ele,
quer estejamos no corpo,
quer já tenhamos deixado essa morada.
10 Aliás, todos nós temos de comparecer às claras
perante o tribunal de Cristo,
para cada um receber a devida recompensa
—  prêmio ou castigo — 
do que tiver feito ao longo de sua vida corporal.
Palavra do Senhor.

Na pequenez de uma semente reside o potencial de um vasto jardim,
onde a grandiosidade se revela na simplicidade, e o crescimento
transcende as limitações terrenas.

Naquele tempo,
26 Jesus disse à multidão:
“O Reino de Deus
é como quando alguém espalha a semente na terra.
27 Ele vai dormir e acorda, noite e dia,
e a semente vai germinando e crescendo,
mas ele não sabe como isso acontece.
28 A terra, por si mesma, produz o fruto:
primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga
e, por fim, os grãos que enchem a espiga.
29 Quando as espigas estão maduras,
o homem mete logo a foice,
porque o tempo da colheita chegou”.
30 E Jesus continuou:
“Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus?
Que parábola usaremos para representá-lo?
31 O Reino de Deus é como um grão de mostarda
que, ao ser semeado na terra,
é a menor de todas as sementes da terra.
32 Quando é semeado, cresce
e se torna maior do que todas as hortaliças,
e estende ramos tão grandes,
que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33 Jesus anunciava a Palavra
usando muitas parábolas como estas,
conforme eles podiam compreender.
34 E só lhes falava por meio de parábolas,
mas, quando estava sozinho com os discípulos,
explicava tudo.
Palavra da Salvação.

Homilia

SEMEANDO A ESPERANÇA

Bem-vindos, irmãos e irmãs, à celebração do XI Domingo do Tempo Comum. Hoje, somos chamados a refletir sobre a bondade e a misericórdia de Deus, que semeia a semente do seu Reino nos nossos corações.

Nas leituras de hoje, somos lembrados de que, assim como uma semente pequena pode crescer e se tornar uma grande árvore, o amor de Deus em nós pode crescer e se tornar uma força poderosa para o bem.

Vamos abrir nossos corações para receber a Palavra de Deus e permitir que ela cresça dentro de nós. Que nossa celebração hoje nos ajude a crescer em fé e amor.

Dividirei esta homilia em três partes:

A PROMESSA DE UM NOVO COMEÇO

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel nos apresenta uma visão profética cheia de esperança e renovação: “Eu mesmo tirarei um broto da copa do cedro, do mais alto dos seus ramos cortarei um broto tenro e o plantarei sobre um monte alto e elevado.” (Ez 17,22). Este broto simboliza o Messias e o reino que Ele estabelecerá. Mesmo de algo aparentemente insignificante, Deus pode criar algo majestoso e duradouro. Essa imagem nos chama a confiar no poder transformador de Deus, que age em silêncio, mas de maneira poderosa.

O Salmo 91(92) complementa essa mensagem ao proclamar a fidelidade de Deus e a prosperidade dos justos: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro do Líbano” (Sl 91,13). Este salmo nos convida a louvar a Deus pelas suas obras maravilhosas e pela justiça que Ele manifesta em nossas vidas. Em tempos de incerteza, essas palavras nos lembram que a justiça e a fidelidade de Deus são nossa fundação e segurança.

Aplicando essas leituras aos dias de hoje, somos chamados a reconhecer que, apesar dos desafios e das adversidades, Deus continua plantando sementes de esperança em nossas vidas. Mesmo quando nos sentimos pequenos ou insignificantes, Deus vê nosso potencial e pode fazer grandes coisas a partir de nossas humildes contribuições.

VIVER NA FÉ E NA CONFIANÇA

Na segunda leitura, São Paulo reflete sobre a vida em Cristo, afirmando que “caminhamos na fé e não na visão clara” (2Cor 5,7). Ele nos encoraja a ter coragem e confiança, sabendo que, quer estejamos no corpo ou fora dele, estamos sempre com o Senhor. Paulo enfatiza que todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo.

Essa mensagem é profundamente relevante para nossa vida moderna, onde frequentemente buscamos validação em coisas visíveis e tangíveis. Vivemos em uma sociedade que valoriza o sucesso imediato e as recompensas materiais. No entanto, Paulo nos lembra que a verdadeira recompensa está além deste mundo, e que devemos viver de acordo com a fé, confiando na presença contínua de Deus em nossas vidas.

Somos desafiados a viver de maneira íntegra e justa, mesmo quando ninguém está olhando, sabendo que nosso verdadeiro julgamento vem de Deus. Este chamado à fé e confiança nos encoraja a manter nossa integridade e a agir com amor e justiça em todas as situações.

O REINO DE DEUS É COMO UMA SEMENTE

No evangelho de hoje, Jesus utiliza duas parábolas para explicar o Reino de Deus. A primeira parábola compara o Reino a um homem que semeia a terra e a semente cresce e se desenvolve por si mesma, sem que ele saiba como: “A terra por si mesma produz o fruto (Mc 4,28). A segunda parábola compara o Reino a um grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes, mas cresce e se torna a maior de todas as hortaliças (Mc 4,31-32).

Estas parábolas ressaltam a ação silenciosa, porém poderosa, de Deus em nossas vidas. O Reino de Deus pode começar de maneira pequena e aparentemente insignificante, mas tem um potencial transformador imenso. Jesus nos chama a confiar na obra divina, que muitas vezes não é visível de imediato, mas que produz frutos abundantes no tempo certo.

Na nossa vida contemporânea, podemos aplicar essa mensagem ao reconhecer que cada pequena ação de bondade, cada gesto de amor e cada semente de fé plantada tem o potencial de crescer e transformar o mundo ao nosso redor. Não devemos subestimar o impacto de nossas ações cotidianas, pois Deus trabalha através de nós de maneiras que nem sempre podemos ver ou entender.

CONCLUSÃO

As leituras de hoje nos oferecem uma visão de esperança, fé e transformação. Desde a promessa de um novo começo com Ezequiel, passando pela confiança inabalável de Paulo e culminando nas parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus, somos convidados a refletir sobre nossa própria jornada de fé.

Devemos levar essas mensagens profundamente ao coração, permitindo que a palavra de Deus nos inspire a viver de maneira mais plena e confiante. Em meio às incertezas e desafios do mundo moderno, somos chamados a ser sementes de transformação, confiando no poder de Deus para fazer crescer e frutificar o bem que semeamos. Que possamos, através de nossas vidas, testemunhar a força transformadora da fé, confiando sempre na presença e na ação de Deus em nosso meio. Amém.