São Paulo escreve:
Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis. Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram. Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não pagueis a ninguém o mal com o mal. Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens. Se for possível, quanto depender de vós, vivei em paz com todos os homens. Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35). Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça (Pr 25,21s). Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem. Romanos 12,14-21
Na epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo adota um dos mandamentos mais conhecidos de Jesus, o amor pelos inimigos (cf. Mateus 5,43ss; Lucas 6,27ss). Tal como Jesus, Paulo pede uma atitude de benevolência para com todos, atitude essa que vai ao ponto de querer o bem àqueles que nos querem mal: «Bendizei os que vos perseguem.» (v.14)
Esta benevolência traduz-se pela comunhão das alegrias e tristezas dos outros: «Alegrai-vos com os que se alegram…» (v.15) Faz lembrar o exemplo do próprio Paulo, quando diz: «Fiz-me tudo para todos.» (1 Coríntios 9,22)
Na senda do Livro dos Provérbios, Paulo pede que não se PAGUE O MAL COM O MAL. (v.17); é bastante realista ao encorajar os fiéis a viverem em paz com todos, tanto quanto for possível (v.18); e convida-os não fazerem justiça no lugar de Deus (v.19).
No mandamento de Jesus, o amor pelos inimigos é primeiro descrito do lado de quem ama: consiste em seguir o exemplo de Deus, de forma gratuita e sem distinção de pessoas. Aqui, Paulo acentua outro aspecto, uma espécie de finalidade deste amor: «amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça.» (v.20)
A imagem parece, à primeira vista, ter qualquer coisa de violenta, como se o amor tivesse por objetivo o de assegurar que o outro receba de Deus a retribuição merecida. Mas a imagem pode talvez indicar antes a esperança de que o bem feito ao outro o perturbe, de um modo tão ardente e intenso que possa eventualmente mudá-lo, um pouco como o apelo de Jesus a «DAR A OUTRA FACE» ou a caminhar duas milhas com o seu adversário e a fazê-lo rever o seu comportamento (cf. Mateus 5,39-41). Isto é confirmado pelo resto do texto que mostra o verdadeiro objetivo do amor: vencer o mal com o bem.
Paulo afirma, assim, que aquele que pratica o amor pelos inimigos, não só se torna «perfeito», como diz o evangelho de Mateus, mas contribui para vencer a inimizade pelo amor, tal como Jesus, que deu o exemplo pela sua morte na cruz.
PARA REFLETIR
- Quando alguém me quer fazer mal, como reajo?
- Como posso partilhar das alegrias e das tristezas com os que me rodeiam?
- Consigo dar um exemplo de uma situação onde o bem feito a alguém tenha triunfado sobre o mal?
Estas meditações bíblicas são sugeridas como meio de procura de Deus no silêncio e na oração, mesmo no dia-a-dia. Consiste em reservar uma hora durante o dia para ler em silêncio o texto bíblico sugerido, acompanhado de um breve comentário e de algumas perguntas. Em seguida constituem-se pequenos grupos de 3 a 10 pessoas, para uma breve partilha do que cada um descobriu, integrando eventualmente um tempo de oração.
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