SÁBADO SANTO DA PÁSCOA

A PALAVRA

Jesus jaz na tumba e os apóstolos crêem que tudo terminou. Todo o dia de sábado seu corpo descansa no sepulcro. Porém, sua mãe, Maria, se lembra do que disse seu filho: AO TERCEIRO DIA RESSUSCITAREI. Os Apóstolos vão chegando a seu lado, e Ela lhes consola.

O Sábado Santo é um dia de luto imenso, de silêncio e de espera vigilante da RESSURREIÇÃO. A Igreja em particular recorda a dor, a valentia e a esperança da Virgem Maria.

Ela representa a angústia de uma Mãe que tem entre seus braços seu Filho morto, porém não se pode esquecer neste momento, Ela é a única que conserva em seu coração as palavras do ancião Simeão, que bem profetizou que Cristo seria sinal de contradição e uma espada lhe transpassaria a alma, também indicou que Jesus seria sinal de RESSURREIÇÃO.

O que os discípulos tinham esquecido, Maria conservava no coração: a profecia da ressurreição ao terceiro dia. E Maria esperou até o terceiro dia.

Leituras

1No princípio Deus criou o céu e a terra.
2A terra estava deserta e vazia,
as trevas cobriam a face do abismo
e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.
3Deus disse: ‘Faça-se a luz!’ E a luz se fez.
4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas.
5E à luz Deus chamou ‘dia’
e às trevas, ‘noite’.
Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.
6Deus disse: ‘Faça-se um firmamento entre as águas,
separando umas das outras’.
7E Deus fez o firmamento,
e separou as águas que estavam embaixo,
das que estavam em cima do firmamento. E assim se fez.
8Ao firmamento Deus chamou ‘céu’.
Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia.
9Deus disse:
‘Juntem-se as águas que estão debaixo do céu
num só lugar e apareça o solo enxuto!’
E assim se fez.
10Ao solo enxuto Deus chamou ‘terra’
e ao ajuntamento das águas, ‘mar’.
E Deus viu que era bom.
11Deus disse: ‘A terra faça brotar vegetação
e plantas que dêem semente, e árvores frutíferas que
dêem fruto segundo a sua espécie, que tenham nele
a sua semente sobre a terra’. E assim se fez.
12E a terra produziu vegetação
e plantas que trazem semente segundo a sua espécie,
e árvores que dão fruto tendo nele a semente
da sua espécie. E Deus viu que era bom.
13Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia.
14Deus disse:
‘Façam-se luzeiros no firmamento do céu,
para separar o dia da noite.
Que sirvam de sinais para marcar as épocas
os dias e os anos,
15e que resplandeçam no firmamento do céu
e iluminem a terra’. E assim se fez.
16Deus fez os dois grandes luzeiros:
o luzeiro maior para presidir ao dia,e o luzeiro menor
para presidir à noite, e as estrelas.
17Deus colocou-os no firmamento do céu
para alumiar a terra,
18para presidir ao dia e à noite e separar
a luz das trevas. E Deus viu que era bom.
19E houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.
20Deus disse:
‘Fervilhem as águas de seres animados de vida
e voem pássaros sobre a terra,
debaixo do firmamento do céu’.
21Deus criou os grandes monstros marinhos e todos
os seres vivos que nadam, em multidão, nas águas,
segundo as suas espécies, e todas as aves,
segundo as suas espécies. E Deus viu que era bom.
22E Deus os abençoou, dizendo:
‘Sede fecundos e multiplicai-vos e enchei as águas do
mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra’.
23Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.
24Deus disse: ‘Produza a terra seres vivos
segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis
e animais selvagens, segundo as suas espécies’.
E assim se fez.
25Deus fez os animais selvagens,
segundo as suas espécies,
os animais domésticos segundo as suas espécies
e todos os répteis do solo segundo as suas espécies.
E Deus viu que era bom.
26Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem
e segundo à nossa semelhança,
para que domine sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu,
e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terra’.
27E Deus criou o homem à sua imagem,
à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os criou.
28E Deus os abençoou e lhes disse:
‘Sede fecundos e multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-a!
Dominai sobre os peixes do mar,
sobre os pássaros do céu
e sobre todos os animais que se movem sobre a terra’.
29E Deus disse:
‘Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente
sobre a terra, e todas as árvores que produzem fruto
com sua semente, para vos servirem de alimento.
30E a todos os animais da terra,
e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja sobre
a terra e que é animado de vida, eu dou todos os
vegetais para alimento’. E assim se fez.
31E Deus viu tudo quanto havia feito,
e eis que tudo era muito bom.
Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia.
2,1E assim foram concluídos o céu e a terra
com todo o seu exército.
2No sétimo dia, Deus considerou acabada
toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou
de toda a obra que fizera.
Palavra do Senhor.

R. Enviai o vosso Espírito Senhor,
e da terra toda a face renovai.


1Bendize, ó minha alma, ao Senhor!*
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
2De majestade e esplendor vos revestis*
e de luz vos envolveis como num manto. R.

5Aterra vós firmastes em suas bases,*
ficará firme pelos séculos sem fim;
6os mares a cobriam como um manto,*
e as águas envolviam as montanhas. R.

10Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes*
que passam serpeando entre as montanhas;
12às suas margens vêm morar os passarinhos,*
entre os ramos eles erguem o seu canto. R.

13De vossa casa as montanhas irrigais,*
com vossos frutos saciais a terra inteira;
14fazeis crescer os verdes pastos para o gado*
e as plantas que são úteis para o homem. R.

24Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras,*
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!*
35cBendize, ó minha alma, ao Senhor! R.

Naqueles dias:
1Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: ‘Abraão!’
E ele respondeu: ‘Aqui estou’.
2E Deus disse: ‘Toma teu filho único, Isaac,
a quem tanto amas, dirije-te à terra de Moriá,
e oferece-o ali em holocausto
sobre um monte que eu te indicar’.
3Abraão levantou-se bem cedo,
selou o jumento, tomou consigo dois dos seus servos
e seu filho Isaac.
Depois de ter rachado lenha para o holocausto, pôs-se
a caminho, para o lugar que Deus lhe havia ordenado.
4No terceiro dia,
Abraão, levantando os olhos, viu de longe o lugar.
5Disse, então, aos seus servos:
‘Esperai aqui com o jumento,
enquanto eu e o menino vamos até lá.
Depois de adorarmos a Deus, voltaremos a vós’.
6Abraão tomou a lenha para o holocausto
e a pôs às costas do seu filho Isaac,
enquanto ele levava o fogo e a faca.
E os dois continuaram caminhando juntos.
7Isaac disse a Abraão: ‘Meu pai’.
– ‘Que queres, meu filho?’, respondeu ele.
E o menino disse: ‘Temos o fogo e a lenha,
mas onde está a vítima para o holocausto?’
8Abraão respondeu:
‘Deus providenciará a vítima para o holocausto, meu
filho’. E os dois continuaram caminhando juntos.
9Chegados ao lugar indicado por Deus,
Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima,
amarrou o filho e o pôs sobre a lenha
em cima do altar.
10Depois, estendeu a mão,
empunhando a faca para sacrificar o filho.
11E eis que o anjo do Senhor gritou do céu,
dizendo: ‘Abraão! Abraão!’
Ele respondeu: ‘Aqui estou!’.
12E o anjo lhe disse: ‘Não estendas a mão
contra teu filho e não lhe faças nenhum mal!
Agora sei que temes a Deus,
pois não me recusaste teu filho único’.
13Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro
preso num espinheiro pelos chifres; foi buscá-lo
e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho.
14Abraão passou a chamar aquele lugar:
‘O Senhor providenciará’. Donde até hoje se diz:
‘Sobre o monte o Senhor providenciará’.
15O anjo do Senhor chamou Abraão,
pela segunda vez, do céu,
16e lhe disse:
‘Juro por mim mesmo – oráculo do Senhor -,
uma vez que agiste deste modo
e não me recusaste teu filho único,
17eu te abençoarei
e tornarei tão numerosa tua descendência
como as estrelas do céu
e como as areias da praia do mar.
Teus descendentes conquistarão as
cidades dos inimigos.
18Por tua descendência serão abençoadas
todas as nações da terra, porque me obedeceste’.
Palavra do Senhor.

R. Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!


5Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,*
meu destino está seguro em vossas mãos!
8Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,*
pois se o tenho a meu lado não vacilo.R.

9Eis por que meu coração está em festa,
minha alma rejubila de alegria,*
e até meu corpo no repouso está tranqüilo;
10pois não haveis de me deixar entregue à morte,*
nem vosso amigo conhecer a corrupção.R.

11Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,*
delícia eterna e alegria ao vosso lado!.R.

Naqueles dias:
15O Senhor disse a Moisés:
‘Por que clamas a mim por socorro?
Dize aos filhos de Israel que se ponham em marcha.
16Quanto a ti, ergue a vara,
estende o braço sobre o mar e divide-o,
para que os filhos de Israel caminhem
em seco pelo meio do mar.
17De minha parte, endurecerei o coração dos egípcios,
para que sigam atrás deles,
e eu seja glorificado às custas do Faraó,
e de todo o seu exército,
dos seus carros e cavaleiros.
18E os egípcios saberão que eu sou o Senhor,
quando eu for glorificado às custas do Faraó,
dos seus carros e cavaleiros’.
19Então, o anjo do Senhor, que caminhava
à frente do acampamento dos filhos de Israel,
mudou de posição e foi para trás deles;
e com ele, ao mesmo tempo, a coluna de nuvem,
que estava na frente, colocou-se atrás,
20inserindo-se entre o acampamento dos egípcios
e o acampamento dos filhos de Israel.
Para aqueles a nuvem era tenebrosa,
para estes, iluminava a noite.
Assim, durante a noite inteira,
uns não puderam aproximar-se dos outros.
21Moisés estendeu a mão sobre o mar,
e durante toda a noite o Senhor fez soprar sobre o mar
um vento leste muito forte; e as águas se dividiram.
22Então, os filhos de Israel entraram
pelo meio do mar a pé enxuto,
enquanto as águas formavam como que uma muralha
à direita e à esquerda.
23Os egípcios puseram-se a perseguí-los,
e todos os cavalos do Faraó,
carros e cavaleiros os seguiram mar adentro.
24Ora, de madrugada,
o Senhor lançou um olhar, desde a coluna de fogo e da
nuvem, sobre as tropas egípcias e as pôs em pânico.
25Bloqueou as rodas dos seus carros,
de modo que só a muito custo podiam avançar.
Disseram, então, os egípcios: ‘Fujamos de Israel!
Pois o Senhor combate a favor deles, contra nós’.
26O Senhor disse a Moisés: ‘Estende a mão sobre o mar,
para que as águas se voltem contra os egípcios,
seus carros e cavaleiros’.
27Moisés estendeu a mão sobre o mar
e, ao romper da manhã, o mar voltou ao seu leito
normal, enquanto os egípcios, em fuga,
corriam ao encontro das águas,
e o Senhor os mergulhou no meio das ondas.
28As águas voltaram e cobriram carros,
cavaleiros e todo o exército do Faraó,
que tinha entrado no mar em perseguição de Israel.
Não escapou um só.
29Os filhos de Israel, ao contrário,
tinham passado a pé enxuto pelo meio do mar,
cujas águas lhes formavam uma muralha
à direita e à esquerda.
30Naquele dia,
o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios,
e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar,
31e a mão poderosa do Senhor agir contra eles.
O povo temeu o Senhor, e teve fé no Senhor
e em Moisés, seu servo.
15,1Então, Moisés e os filhos de Israel
cantaram ao Senhor este cântico.
Palavra do Senhor.

R. Cantemos ao Senhor que fez brilhar a sua glória!

1Ao Senhor quero cantar, pois fez brilhar a sua glória:*
precipitou no Mar Vermelho o Cavalo e o cavaleiro!
2O Senhor é minha força, é a razão do meu cantar,+
pois foi ele neste dia para mim libertação!*
Ele é meu Deus e o louvarei, Deus de meu pai e o honrarei.R.

3O Senhor é um Deus guerreiro;*
o seu nome é ‘Onipotente’.
4Os soldados e os carros do Faraó jogou no mar;*
afogou no mar Vermelho a elite das tropas.R.

5E as ondas os cobriram,*
como pedra eles afundaram.
6Vossa direita, ó Senhor, é terrível em poder.*
Vossa direita, ó Senhor, aniquila o inimigo!R.

17Vosso povo levareis e o plantareis em vosso Monte,*
no lugar que preparastes para a vossa habitação,
no Santuário construído pelas vossas próprias mãos.*
18O Senhor há de reinar eternamente, pelos séculos!R.

Irmãos:
3Será que ignorais que todos nós,
batizados em Jesus Cristo,
é na sua morte que fomos batizados?
4Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele,
para que, como Cristo ressuscitou dos mortos
pela glória do Pai,
assim também nós levemos uma vida nova.
5Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus
Cristo por uma morte semelhante à sua,
seremos semelhantes a ele também pela ressurreição.
6Sabemos que o nosso velho homem
foi crucificado com Cristo,
para que seja destruído o corpo de pecado,
de maneira a não mais servirmos ao pecado.
7Com efeito, aquele que morreu está livre do pecado.
8Se, pois, morremos com Cristo,
cremos que também viveremos com ele.
9Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos
não morre mais;
a morte já não tem poder sobre ele.
10Pois aquele que morreu,
morreu para o pecado uma vez por todas;
mas aquele que vive, é para Deus que vive.
11Assim, vós também considerai-vos mortos para o pecado
e vivos para Deus, em Jesus Cristo.
Palavra do Senhor.

R. Aleluia, Aleluia, Aleluia

1Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!*
‘Eterna é a sua misericórdia!’
2A casa de Israel agora o diga:*
‘Eterna é a sua misericórdia!’R.

16abA mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou,*
a mão direita do Senhor fez maravilhas!’
17Não morrerei, mas ao contrário, viverei*
para cantar as grandes obras do Senhor!R.

22‘A pedra que os pedreiros rejeitaram,*
tornou-se agora a pedra angular.
23Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:*
Que maravilhas ele fez a nossos olhos!R.

1Quando passou o sábado,
Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago, e Salomé,
compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus.
2E bem cedo, no primeiro dia da semana,
ao nascer do sol, elas foram ao túmulo.
3E diziam entre si:
‘Quem rolará para nós a pedra da entrada do túmulo?’
4Era uma pedra muito grande.
Mas, quando olharam,
viram que a pedra já tinha sido retirada.
5Entraram, então, no túmulo e viram um jovem,
sentado do lado direito, vestido de branco.
E ficaram muito assustadas.
6Mas o jovem lhes disse:
‘Não vos assusteis!
Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado?
Ele ressuscitou. Não está aqui.
Vede o lugar onde o puseram.
7Ide, dizei a seus discípulos e a Pedro
que ele irá à vossa frente, na Galiléia.
Lá vós o vereis, como ele mesmo tinha dito’.
Palavra da Salvação.

Reflexão

A RESSURREIÇÃO DO DESAPARECIDO

Na manhã do primeiro dia depois do sábado, como narra o Evangelho, algumas mulheres vão ao sepulcro para venerar o corpo de Jesus, que, tendo sido crucificado na Sexta-Feira, foi envolvido às pressas num lençol e lá depositado. Procuram-no, mas não o encontram: não está mais no lugar onde foi sepultado. D’Ele restam somente os sinais do enterro: o túmulo vazio, as ligaduras, o lençol. As mulheres, no entanto, ficam assustadas à vista de um “jovem trajado com uma veste branca”, que lhes anuncia: Ressuscitou, não está aqui.

Desde então, esta notícia desconcertante, destinada a mudar a sorte da história, continua a repercutir de geração em geração: um anúncio antigo e sempre novo. Mais uma vez ressoou durante esta Vigília pascal, mãe de todas as vigílias, e vai-se difundindo nestas horas por toda a Terra.

Ó sublime mistério desta Noite Santa! Noite na qual revivemos o extraordinário evento da Ressurreição! Se Cristo tivesse permanecido prisioneiro do sepulcro, a humanidade e toda a criação, de certo modo, teriam perdido o próprio sentido. Mas Vós, Cristo, realmente ressuscitastes!

Então se cumprem as Escrituras que faz pouco acabamos novamente de ouvir na liturgia da Palavra, percorrendo outra vez as etapas de todo o plano salvífico. Ao início da criação Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa” (Gn 1,31). A Abraão prometera: “Todas as nações da terra serão abençoadas na tua descendência” (Gn 22,18). Foi-nos proposto novamente um dos mais antigos cantos da tradição hebraica, que revela o significado do antigo êxodo quando “o Senhor livrou Israel das mãos dos egípcios” (Ex 14,30). Ainda hoje continuam verificando-se as promessas dos Profetas: Dentro de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais as minhas leis… (Ez 36,27).

Nesta noite de Ressurreição se inicia tudo novamente desde o “princípio”; a criação recupera o seu autêntico significado no plano da salvação. É como um novo início da história e do cosmo, porque Cristo ressuscitou dos mortos “como primícias dos que morreram” (1 Cor 15,20). Ele, “o último Adão”, tornou-se espírito vivificante (1 Cor 15,45).

O mesmo pecado dos nossos primeiros pais vem a ser cantado no Precónio pascal como “felix culpa”, “ditosa culpa, que nos mereceu tão grande Redentor!”. Onde abundou o pecado, sobreabundou agora a Graça e “a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular” de um edifício espiritual indestrutível.

Nesta Noite Santa nasceu um povo novo com o qual Deus estabeleceu uma eterna aliança no sangue do Verbo encarnado, crucificado e ressuscitado.

Fazemos parte do povo dos redimidos mediante o Batismo. Sepultamos-nos com Ele, pelo Batismo, na morte, lembrou-nos o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos, e assim como Cristo ressuscitou dos mortos, por meio da glória do Pai, também nós caminharemos numa vida nova (Rm 6,4).

Esta exortação é especialmente para vós, caríssimos catecúmenos, aos quais dentro de pouco a Igreja Mãe comunicará o grande dom da vida divina. A Providência divina conduziu-vos aqui para receber os Sacramentos da iniciação cristã: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia. Ingressai, assim, na Casa do Senhor, vinde consagrados com óleo de alegria e podei alimentar-vos do Pão do céu.

Amparados pela força do Espírito Santo, perseverai na vossa fidelidade a Cristo, e proclamai com coragem o seu Evangelho.

Caríssimos Irmãos e Irmãs aqui presentes! Também nós nos uniremos dentro de pouco aos catecúmenos para renovar as promessas do nosso Batismo. Renunciaremos novamente a Satanás e às suas obras, para aderir firmemente a Deus e aos seus projetos de salvação. Exprimiremos assim um compromisso mais decidido de vida evangélica.

Maria, testemunha gozosa do evento da Ressurreição, a todos ajude a caminhar numa vida nova; torne cada qual consciente de que, tendo sido crucificado com Cristo nosso homem velho, devemos considerar-nos e comportar-nos como homens novos, e “VIVOS PARA DEUS, EM CRISTO JESUS“.

Texto: SANTO JOÃO PAULO II
Imagem: Gerd Altmann em PIXABAY