O Papa Francisco, de maneira muito carinhosa com o povo de Deus, quis generosamente instituir o ano de 2021 como Ano de São José. O fez através da Carta Apostólica “Patris Corde – Com coração de Pai”, publicada por ocasião dos 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica.
A Bíblia nos mostra que São José, era artesão, esposo, pai, e que teve uma grande importância pela missão que recebeu: ser Pai de Jesus e esposo de Maria. Porém, São José é o homem do silêncio. No Evangelho não encontramos nenhuma palavra de São José, sabemos apenas que teve sonhos, que com dificuldade ele assumiu e seguiu. A Bíblia não fala quando ele nasceu, nem quando morreu. Apenas que teve que fugir para o Egito com a Sagrada Família, depois voltou e viveu em Nazaré. Sabemos também que era artesão-carpinteiro. Mesmo na tradição da Igreja, os primeiros sermões a respeito de sua vida apareceram depois de 800 anos.
Deus tem os seus caminhos. São José traz consigo uma espiritualidade simples, bastante invisível, como é a vida da maioria do povo de Deus. Esta espiritualidade é invisível, mas profunda. É a espiritualidade de nossos pais, mães, avós, pessoas que não tem grande visibilidade social, mas que trazem uma fé profunda em Jesus Cristo, capaz de sustentar a Igreja em sua missão. Pessoas honestas e justas, comprometidas com a vivência da fé e o amor aos irmãos.
Creio que São José era um homem amoroso. Não tenho dúvida, que foi a partir da experiência de amor que Jesus teve com São José que ele aprendeu a chamar Deus de “Abbà” – (paizinho querido). Só por esta experiência, já deveríamos ser eternamente gratos a São José.
Porém, se olharmos a Bíblia como um todo, percebemos o quão importantes foi São José na História da Salvação. Quando refletimos, percebemos que São José faz ponte para que a Bíblia desemboque em Jesus, dando a Ele a descendência de Davi. São José foi o último dos Patriarcas, aquele que realiza os sonhos da Bíblia, podendo assim realizar o maior sonho, ao ver e se aproximar do Salvador. Deus lhe reservou uma missão, ser o protetor da Sagrada Família. Ele com Maria, foi o mais próximo de Jesus.
Quando nós estudamos o Evangelho de São Mateus, percebemos que Jesus veio para realizar a justiça do Reino. A justiça é muito importante para São Mateus. José recebe o maior elogio que alguém poderia receber do escritor, quando o anjo o visita e diz que Maria está grávida: José ainda não tinha entendido, mas não abandona Maria, porque ele era um homem Justo.
Quais experiências místicas poderão surgir a partir da vida de São José? Como compreendermos a ação de Deus a partir deste homem?
Em primeiro lugar, fica claro que Deus se serve dos humildes para realizar os seus sonhos e, quando chama para uma missão, dá graças necessárias para realizá-la. A maior missão de José era guardar, proteger o maior tesouro de Deus: Jesus e Maria. Cumpriu com a máxima fidelidade a sua missão.
Aprendemos de José que é preciso ter fé e sensibilidade para realizarmos as promessas de Deus. Creio que podemos chamá-lo de “o segundo santo mais importante” para a Igreja. Se tivermos uma dívida com a virgem Mãe, também a temos com São José.
Aprendemos a ter São José como o intercessor infalível. Aprendemos a rezar a Deus por intercessão de São José. No imaginário popular, seguindo o Evangelho, que diz que Jesus depois de ter estado no templo, voltou para casa e era obediente a Sagrada Família. Se Jesus se portava como filho adotivo de José na terra, no céu, com certeza não é diferente: tudo o que José pede a Jesus, Ele atende.
Duas palavras poderão nos ajudar a vivermos de maneira fecunda o ano de São José: EXEMPLO e PROTEÇÃO.
Em tempo de tantos conflitos e dificuldades nas famílias, José é exemplo de superação e protetor da Família de Nazaré e da nossa família. Em tempo de desemprego, fome e enfermidades (COVID-19), José não deixa faltar nada à Sagrada Família. Ele também protege a dispensa de nossas casas e cuida de nosso povo como pai. Em tempo de corrupção, de mentira, de enganação, José é o Homem Justo, como nos ensina o Evangelho de Mateus. Em tempo de aparências, onde todos querem se mostrar na mídia, José nos ensina sermos simples e discretos. Em tempo das dúvidas e medos, São José nos ensina a sermos pessoas de fé e sensibilidade para perceber a vontade de Deus em nossas vidas.
Amemos São José, com o coração de filhos!
Texto: DOM MANOEL FERREIRA DOS SANTOS JUNIOR
Fonte: CNBB