V DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

A PALAVRA

A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre a VOCAÇÃO, um chamado divino que ressoa no coração de todos. Deus, em sua graça e amor infinito, escolhe cada um de nós para colaborar em seu plano de salvação. Essa escolha não é baseada em mérito, mas em sua bondade. A questão central é: como responderemos a esse chamado?

Na Primeira Leitura (Is 6,1-2a.3-8), Isaías se vê diante da majestade de Deus e sente-se pequeno e indigno. No entanto, sua fragilidade não impede a missão que Deus lhe confia. O Senhor não escolhe os perfeitos, mas os disponíveis. Isaías, mesmo com receios, responde com coragem: “Eis-me aqui: podeis enviar-me”. Sua atitude nos ensina que o verdadeiro chamado exige confiança, entrega e disponibilidade. Quantas vezes sentimos medo de assumir nossa missão? Deus nos fortalece e capacita para seguir seu propósito. Ele conhece nossas limitações e, ainda assim, nos chama a fazer parte de sua obra.

No Evangelho (Lc 5,1-11), Jesus ensina no barco de Pedro, demonstrando sua proximidade com a comunidade cristã. Ele convida os discípulos a serem “pescadores de homens”, ou seja, a levar esperança àqueles que estão perdidos. Para isso, é necessário sair da zona de conforto e confiar plenamente em Deus. Assim como Pedro, somos chamados a lançar as redes, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas. A missão cristã exige fé e disposição para enfrentar desafios.

Na Segunda Leitura (1Cor 15,1-11), São Paulo destaca a ressurreição de Cristo, um evento que transforma não apenas a história, mas também nossa maneira de viver. Antes perseguidor dos cristãos, Paulo foi tocado pelo Ressuscitado e nos convida a testemunhar essa nova vida.

Que possamos, como Isaías, Pedro e Paulo, confiar em Deus e responder com generosidade ao seu chamado, encontrando na entrega a verdadeira felicidade.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

No silêncio do coração, Deus sussurra: Quem enviarei?E, como Isaías, respondemos com coragem: ‘Eis-me aqui, envia-me’, prontos para ser luz em um mundo que clama por esperança e amor.

1 No ano da morte do rei Ozias,
vi o Senhor sentado num trono de grande altura;
o seu manto estendia-se pelo templo.
2a Havia serafins de pé a seu lado;
cada um tinha seis asas.
3 Eles exclamavam uns para os outros:
“Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos;
toda a terra está repleta de sua glória”.
4 Ao clamor dessas vozes,
começaram a tremer as portas em seus gonzos
e o templo encheu-se de fumaça.
5 Disse eu então: ‘Ai de mim, estou perdido!
Sou apenas um homem de lábios impuros,
mas eu vi com meus olhos o rei,
o Senhor dos exércitos”.
6 Nisto, um dos serafins voou para mim,
tendo na mão uma brasa,
que retirara do altar com uma tenaz,
7 e tocou minha boca, dizendo:
“Assim que isto tocou teus lábios,
desapareceu tua culpa,
e teu pecado está perdoado”.
8 Ouvi a voz do Senhor que dizia:
“Quem enviarei? Quem irá por nós?”
Eu respondi: “Aqui estou! Envia-me”.
Palavra do Senhor.

Diante do vosso templo, Senhor, prostro-me em gratidão, e minha alma canta entre os anjos, pois vossa fidelidade sustenta os que confiam, iluminando caminhos, renovando esperanças e transformando fraquezas em força e louvor eterno.

R. Vou cantar-vos, ante os anjos, ó Senhor,
e ante o vosso templo vou prostrar-me.

1 Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, *
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos *
2a e ante o vosso templo vou prostrar-me. R.

  b Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, * 
  c porque fizestes muito mais que prometestes;
3 naquele dia em que gritei, vós me escutastes *
e aumentastes o vigor da minha alma. R.

4 Os reis de toda a terra hão de louvar-vos, *
quando ouvirem, ó Senhor, vossa promessa.
5 Hão de cantar vossos caminhos e dirão: *
“Como a glória do Senhor é grandiosa!” R.

7c Estendereis o vosso braço em meu auxílio *
e havereis de me salvar com vossa destra.
8 Completai em mim a obra começada;*
ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
Eu vos peço: não deixeis inacabada *
esta obra que fizeram vossas mãos! R.

Anunciamos a verdade que transforma: Cristo morreu e ressuscitou por nós, e nessa esperança firmamos nossa fé, pois Ele é a rocha que sustenta nossos passos em meio às incertezas da vida.

1 Quero lembrar-vos, irmãos,
o evangelho que vos preguei e que recebestes,
e no qual estais firmes.
2 Por ele sois salvos,
se o estais guardando
tal qual ele vos foi pregado por mim.
De outro modo, teríeis abraçado a fé em vão.
3 Com efeito, transmiti-vos em primeiro lugar,
aquilo que eu mesmo tinha recebido, a saber:
que Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras;
4 que foi sepultado;
que, ao terceiro dia, ressuscitou,
segundo as Escrituras;
5 e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze.
6 Mais tarde,
apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma vez.
Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram.
7 Depois, apareceu a Tiago
e, depois, apareceu aos apóstolos todos juntos.
8 Por último, apareceu também a mim, como a um abortivo.
9 Na verdade, eu sou o menor dos apóstolos,
nem mereço o nome de apóstolo,
porque persegui a Igreja de Deus.
10 É pela graça de Deus que eu sou o que sou.
Sua graça para comigo não foi estéril: 
a prova é que tenho trabalhado 
mais do que os outros apóstolos
– não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo.
11 É isso, em resumo, o que eu e eles temos pregado
e é isso o que crestes.
Palavra do Senhor.

Ao ouvirem o chamado de Jesus, Pedro e seus companheiros deixaram redes, barcos e certezas para segui-Lo, mostrando que a verdadeira vida começa quando O colocamos no centro de tudo.

Naquele tempo,
1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré,
e a multidão apertava-se ao seu redor
para ouvir a palavra de Deus.
2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago.
Os pescadores haviam desembarcado 
e lavavam as redes.
3 Subindo numa das barcas, que era de Simão,
pediu que se afastasse um pouco da margem.
Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão:
“Avança para águas mais profundas,
e lançai vossas redes para a pesca”.
5 Simão respondeu:
“Mestre, nós trabalhamos a noite inteira
e nada pescamos.
Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. 6 Assim fizeram,
e apanharam tamanha quantidade de peixes
que as redes se rompiam.
7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca,
para que viessem ajudá-los.
Eles vieram, e encheram as duas barcas,
a ponto de quase afundarem.
8 Ao ver aquilo, 
Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: 
“Senhor, afasta-te de mim,
porque sou um pecador!”
9 É que o espanto se apoderara de Simão
e de todos os seus companheiros,
por causa da pesca que acabavam de fazer.
10 Tiago e João, filhos de Zebedeu,
que eram sócios de Simão, também ficaram espantados.
Jesus, porém, disse a Simão:
“Não tenhas medo!
De hoje em diante tu serás pescador de homens”.
11 Então levaram as barcas para a margem,
deixaram tudo e seguiram a Jesus.
Palavra da Salvação.

Homilia

RUMO A UM CRISTIANISMO VOCACIONAL

Somos mais importantes do que imaginamos. Cada um de nós pode e deve escutar o chamado de Deus, como o centro de sua vida. Sem vocação, nossa vida está descentrada. E, se não respondemos ao nosso chamado, nossa vida será um fracasso. As leituras deste V Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convidam a refletir sobre isso.

Dividirei esta homilia em três partes:

  • O encontro transformador com o Mistério
  • A necessidade de um cristianismo vocacional
  • A obediência nos leva à nossa identidade autêntica
O ENCONTRO TRANSFORMADOR COM O MISTÉRIO

A vocação autêntica é muito mais do que uma simples inclinação pessoal. Ela é um encontro profundo e transformador com o Mistério divino. Ouvimos isso na primeira leitura do profeta Isaías.

Quando Deus nos chama, nossos olhos se abrem, nossos passos encontram direção e nos sentimos envoltos em Sua santidade. Esse encontro gera um “pasmo” – uma mistura de espanto, indignidade e alegria imensa. Foi assim que aconteceu com o profeta, que respondeu a Deus com estas palavras: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8).

Este chamado nos desperta para uma nova realidade, onde as sombras da dúvida são dissipadas pela luz divina, e o coração, antes perdido em buscas vazias, encontra sua verdadeira vocação. Nos dias de hoje, em meio às distrações e desafios de nossa vida cotidiana, esse chamado de Deus continua a ressoar. Ele nos convida a ouvir com mais atenção, a enxergar com mais profundidade e a caminhar com mais confiança, sempre guiados pela Sua santidade. A resposta de Isaías, “EIS-ME AQUI”, é também nossa, um ato de entrega e confiança no plano divino que se revela em cada momento da nossa vida.

A NECESSIDADE DE UM CRISTIANISMO VOCACIONAL

No nosso mundo atual, precisamos mais do que nunca de um “cristianismo vocacional“. Ser cristão por vocação implica viver em uma gratidão constante, reconhecendo nossa indignidade e o imenso privilégio de sermos chamados por Deus. Este tipo de cristianismo nos afasta da arrogância e nos aproxima da humildade e do serviço.

A vocação profética, como a de Isaías ou Paulo, demonstra como Deus intervém diretamente na história humana. Esses chamados revelam a grandeza e o dramatismo da vocação, onde Deus transforma pessoas imperfeitas em Seus instrumentos.

Observe como, na segunda leitura da primeira carta aos Coríntios, São Paulo se atreve a dizer: “Eu sou o menor dos apóstolos; não sou digno de ser chamado apóstolo… e até se compara a um aborto.“.  Sua vocação consistiu em um encontro com Jesus Cristo ressurreto.

Também a nós, Jesus se manifesta na normalidade da vida diária ou em momentos extraordinários. Esse encontro não é acaso, mas parte do plano divino.

Neste V Domingo do Tempo Comum, somos chamados a refletir sobre o caráter vocacional de nossa fé. Que cada um de nós, ao viver sua vocação, busque a humildade e o serviço que Cristo nos ensinou, lembrando que, assim como São Paulo, nossa dignidade não vem de nós mesmos, mas do encontro transformador com o Senhor. Que esse encontro nos conduza a uma vida de entrega generosa e verdadeira, onde a gratidão seja a força que sustenta todos os nossos passos.

A OBEDIÊNCIA NOS LEVA À NOSSA IDENTIDADE AUTÊNTICA

No evangelho, somos convidados a refletir sobre a história da pesca milagrosa. Nela, revela-se a importância de obedecer à Palavra de Deus, que nos chama e nos interpela. Por meio de sua obediência, Pedro pôde contemplar o milagre e se tornar “pescador de homens”. Ele, com humildade, disse a Jesus: Mestre, estivemos a noite inteira trabalhando e não pegamos nada… Mas, por tua palavra, lançarei as redes. A obediência à Palavra que nos chama nos conduz ao encontro da nossa verdadeira identidade.

Em tempos de grande busca por sentido e propósito, este episódio nos convida a refletir: em nossa vida cotidiana, onde estamos lançando as redes? Muitas vezes, nossas ações parecem infrutíferas, como se estivéssemos trabalhando sem alcançar resultados. Contudo, a Palavra de Deus é capaz de transformar nossa realidade, trazendo luz onde há escuridão e nos revelando nosso verdadeiro chamado.

Nosso momento atual, marcado por desafios e incertezas, necessita de uma escuta atenta da voz divina. Como Pedro, somos convidados a confiar na Palavra que nos chama, mesmo diante das dificuldades. A obediência não é apenas um ato de conformidade, mas um passo em direção à revelação de quem realmente somos, à nossa missão no mundo.

Que este evangelho, proclamado no V Domingo do Tempo Comum (Ano C), nos inspire a ouvir com mais profundidade, a confiar mais plenamente e a responder com generosidade ao chamado divino.

CONCLUSÃO

Estejamos atentos aos chamados de Deus em nossas vidas. Não apenas uma vez… sua voz soará muitas vezes. Não temamos nos sentir indignos. É justamente em nossa fraqueza que Deus manifesta sua força. Lembremos das palavras de Maria: Fazei o que Ele vos disser. (João 2:5). Na obediência a Jesus e na docilidade ao Espírito Santo, encontraremos a beleza e a força de nossa vocação.

Que estas palavras nos convidem a refletir sobre os caminhos que Deus traça para cada um de nós. Muitas vezes, Ele nos chama em momentos de fragilidade, quando nos sentimos pequenos e incapazes, mas é precisamente aí que Sua graça se revela de forma mais poderosa. À medida que nos entregamos à Sua vontade, como Maria fez, experimentamos a verdadeira liberdade e a plenitude de nossa missão.

Em um mundo que muitas vezes se vê perdido em suas próprias certezas, somos convidados a escutar a voz do Senhor, a seguir Seu caminho, com confiança, mesmo quando a jornada parece difícil. O V Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos lembra que a obediência a Deus não é um fardo, mas a chave para a realização de nossa verdadeira vocação. Que possamos, com coragem e fé, responder a esse chamado.

ORAÇÃO

Senhor Deus, que nos chamaste à vida e à missão, nós Te louvamos neste dia, lembrando-nos da Tua voz que ecoa em nossos corações. Como o profeta Jeremias, muitas vezes nos sentimos frágeis e insignificantes, mas sabemos que em nossa fraqueza Tu revelas Tua força. “Não temas, pois estou contigo para te livrar.” (Jeremias 1:8).

Dai-nos, ó Senhor, a coragem de seguir Teus passos, mesmo diante das dificuldades e do desprezo do mundo. Como Maria, que obedeceu com fidelidade, queremos também ouvir Tua voz e dizer: “Fazei o que Ele vos disser.” (João 2:5). Que, na obediência a Ti e na docilidade ao Teu Espírito, encontremos a verdadeira paz e força para viver nossa vocação.

Em um mundo repleto de incertezas, fortalece nossa fé e dá-nos o olhar do coração para reconhecer Teu amor em todos os momentos. Que, ao vivermos em obediência a Ti, sejamos sinais de esperança e luz para os outros, refletindo a Tua glória em cada gesto e palavra.

Amém.

Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.