IV DOMINGO DO ADVENTO (ANO C)

A PALAVRA

Nestes últimos dias antes do Natal, a mensagem fundamental da Palavra de Deus gira à volta da definição da missão de Jesus: propor um projeto de salvação e de libertação que leve os homens à descoberta da verdadeira felicidade.

O Evangelho (Lc 1,39-45) sugere que esse projeto de Deus tem um rosto: Jesus de Nazaré veio ao encontro dos homens para apresentar aos prisioneiros e aos que jazem na escravidão uma proposta de vida e de liberdade. Ele propõe um mundo novo, onde os marginalizados e oprimidos têm lugar e onde os que sofrem encontram a dignidade e a felicidade. Este é um anúncio de alegria e de salvação, que faz rejubilar todos os que reconhecem em Jesus a proposta libertadora que Deus lhes faz. Essa proposta chega, tantas vezes, através dos limites e da fragilidade dos “instrumentos” humanos de Deus; mas é sempre uma proposta que tem o selo e a força de Deus.

A primeira leitura (Mq 5,1-4a) sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente de Davi, veio propor é um dom do amor de Deus. O nome de Jesus é “A PAZ”: Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens.

A segunda leitura (Hb 10,5-10) sugere que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num “SIM” total ao projeto de Deus.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus  

Leituras

A mensagem deste texto faz-nos constatar, também, a presença contínua
de Deus na história humana. Apesar do egoísmo e do pecado dos homens, Deus continua a preocupar-Se conosco, a querer indicar-nos que caminhos percorrer para encontrar a felicidade. A vinda de Cristo, Aquele que é “A PAZ”, insere-se nesta dinâmica.

Assim diz o Senhor:
1Tu, Belém de Éfrata,
pequenina entre os mil povoados de Judá,
de ti há de sair
aquele que dominará em Israel;
sua origem vem de tempos remotos,
desde os dias da eternidade.
2Deus deixará seu povo ao abandono,
até ao tempo em que uma mãe der à luz;
e o resto de seus irmãos
se voltará para os filhos de Israel.
3Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor
e com a majestade do nome do Senhor seu Deus;
os homens viverão em paz,
pois ele agora estenderá o poder
até aos confins da terra,
4e ele mesmo será a Paz.
Palavra do Senhor.

R. Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos!

2aAo Pastor de Israel, prestai ouvidos.
2cVós que sobre os querubins vos assentais,*
aparecei cheio de glória e esplendor!
3bDespertai vosso poder, ó nosso Deus*
e vinde logo nos trazer a salvação! R.

15Voltai-vos para nós, Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16Foi a vossa mão direita que a plantou;*
protegei-a, e ao rebento que firmastes! R.

18Pousai a mão por sobre o vosso Protegido,*
o filho do homem que escolhestes para vós!
19E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!*
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! R.

A encarnação de Jesus e o seu “EIS-ME AQUI, PAI” correspondem ao projeto de Deus de aproximar os homens de Si, de estabelecer com eles uma relação de filiação e de amor.
Nestes dias em que preparamos o Natal, somos convidados a contemplar a ação de um Deus que ama de tal forma os homens que envia ao nosso encontro o Filho,
a fim de nos conduzir à comunhão com Ele.

Irmãos:
5Ao entrar no mundo, Cristo afirma:
‘Tu não quiseste vítima nem oferenda,
mas formaste-me um corpo.
6Não foram do teu agrado holocaustos
nem sacrifícios pelo pecado.
7Por isso eu disse: Eis que eu venho.
No livro está escrito a meu respeito:
Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade.’
8Depois de dizer:
‘Tu não quiseste nem te agradaram vítimas,
oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado’
– coisas oferecidas segundo a Lei –
9ele acrescenta: ‘Eu vim para fazer a tua vontade’.
Com isso, suprime o primeiro sacrifício,
para estabelecer o segundo.
10É graças a esta vontade que somos santificados
pela oferenda do corpo de Jesus Cristo,
realizada uma vez por todas.
Palavra do Senhor.

A presença de Jesus neste mundo é, claramente, a concretização das promessas
de salvação e de libertação feitas por Deus ao seu Povo. Com Jesus, anuncia-se a
eliminação da opressão, da injustiça, de tudo aquilo que rouba e que limita a
vida e a felicidade dos homens. Jesus, ao “NASCER” entre nós, tem por missão
propor um mundo onde a justiça, os direitos humanos, a dignidade, a vida e a felicidade das pessoas são absolutamente respeitadas. Dizer que Jesus, hoje, nasce no nosso mundo
significa propor esta mensagem libertadora e salvadora.

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa,
dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia.
40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
a criança pulou no seu ventre
e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42Com um grande grito, exclamou:
‘Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre!’
43Como posso merecer
que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos,
a criança pulou de alegria no meu ventre.
45Bem-aventurada aquela que acreditou,
porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu.’
Palavra da Salvação.

Reflexão - ESTAMOS QUASE LÁ...

O quarto domingo de Advento deixa-nos já muito próximo do Natal. Este tempo de preparação, que começa com a perspectiva da vinda do Reino, termina concentrando em um ponto concreto da história, de nossa história. Ali convergem as promessas dos profetas. Ali se juntam nossas lembranças. Todos os olhares se dirigem a Belém. A verdade é que Belém é, por agora, um palco vazio. Até os protagonistas de nossa história, José, Maria e a criança que está em seu ventre, estão a caminho de Belém. Não é mais que uma aldeia. Diz o profeta Miquéias na primeira leitura que é “pequenina entre os mil povoados de Judá”. Mas essa é a pequenez que Deus escolheu para se fazer presente entre os homens. Ali, em um recanto perdido e escondido, o céu se juntará com a terra e o impossível se tornará realidade: Deus fez-se carne em um recém-nascido.        

Desde então, nossa relação com Deus mudou para sempre. Naquele momento descobrimos que adorar a Deus não é oferecer sacrifícios nem oferendas. Não se deve oferecer a vida dos animais nem a nossa própria. Aqui não estamos para morrer por Deus senão para viver por ele. Aqui estamos “para fazer tua vontade”, como diz a leitura da carta aos hebreus. E a vontade de Deus é que vivamos, e que sejamos felizes, que cresçamos e maduremos no uso de nossa liberdade, que nos respeitemos uns a outros porque todos somos membros de sua família, a família do Ábba.     

Porém, antes que chegue esse momento tão próximo do Natal, a liturgia nos convida a dirigir um olhar à mãe, a Maria. Maria está alegre, feliz. Sente que a vida cresce em seu ventre e que essa vida é fruto do Espírito de Deus. Algo novo está crescendo nela e esse algo é para toda a humanidade. Essa alegria é expansiva, se deve comunicar, se deve compartilhar. Por isso se dirige às montanhas de Judá para se encontrar com sua prima, também grávida.     

Nesse encontro de família, Isabel, a prima, diz as palavras inspiradas pelo Espírito de Deus, que hoje chegam até nosso coração: “BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE!”. Dessa forma, expressa perfeitamente o que está vivendo Maria. A fé faz viver de outra maneira. A fé ajuda a compreender a realidade desde uma perspectiva nova e mais profunda. QUEM VIVE NA FÉ, COMO MARIA, DEUS ABENÇOA… E tudo o que toca e diz se converte em bênção para o crente e para os que lhe rodeiam. Porque conhece no profundo de seu coração que o amor de Deus se instalou em nosso mundo. Que nossa alegria neste Natal seja fruto da fé gozosa no Deus que se encarna em Jesus.

Para a reflexão          

  • Que posso fazer nesta última semana para preparar o Natal?
  • Vou vivê-la alegre desde a fé ou com a alegria do consumo e do ato de comprar coisas?
  • Como posso abençoar aos que estão ao meu lado, a minha família, meus amigos, minha comunidade?

 Texto: Fernando Torres, cmf
Imagem:  Kate Lee, do centro de Taizé 
Fonte: Ciudad Redonda – Comunidade católica