Vocação significa um chamado, isto é, a resposta humana a um chamado divino. A vocação para “o ministério ordenado, que inclui os Diáconos, Padres e Bispos”. O Concílio Vaticano II aprofundou as dimensões teológica, comunitária e missionária da Igreja no mundo de hoje, enfatizando sua natureza divina e origem trinitária, destacando os aspectos: povo de Deus, comunidade, missão, participação e compromisso. O Padre é o Pastor do rebanho, o Animador da Comunidade, o Inspirador e o Orientador dos ministérios. É o Padre quem acolhe as angústias e esperanças dos homens, anima e orienta a comunhão, a participação e a missão. Nossos respeito, carinho e admiração aos Padres da Diocese de Santos, como São João Maria Vianney, que enfrentou muitas dificuldades até alcançar o sacerdócio ministerial. Ele nos deu o belo exemplo de simplicidade, humildade e misericórdia para com o povo. Neste início do ano de 2024, elevemos nossas preces para que todos os Padres sejam inspirados por Deus em sua ação apostólica, pois a intimidade com Deus é fundamental e indispensável para a eficácia do trabalho apostólico.
No início de 2024, celebramos a vocação para a vida em família, a comemoração da vocação matrimonial e, de modo especial, aos pais. Façamos nossas orações na intenção de todos os pais de nossa comunidade, homens e mulheres, que possuem a vocação de serem pais. Que sejam verdadeiros protetores da vida de suas famílias, adotando a postura de Jesus, modelo para seus discípulos, em todos os sentidos. Que nossos pais sejam fortes na fé para continuarem sua missão de educadores e protetores da dignidade da vida de seus filhos e filhas.
Celebramos a vocação para a vida consagrada, que são os Religiosos (as). No seguimento de Cristo, colocamos todas as Religiosas (os) para que, sob a graça divina, respondam com intensidade ao chamado divino. Oramos para que tenham o mesmo espírito de Maria: adesão ao projeto de Deus e, como consequência prática, o serviço desinteressado a todos, principalmente aos mais pobres e abandonados. Celebramos a vocação para os ministérios e serviços na comunidade, dedicados aos fiéis leigos (as), que são os cristãos batizados.
O ano de 2024 é especial para aqueles cristãos que participam ativamente das atividades ligadas à Igreja, mesmo não sendo ordenados ou fazendo parte da hierarquia eclesiástica. Não basta apenas seguir Jesus; é preciso prosseguir em sua obra, e esta obra se dá na concretude da vida, no encontro e compartilhamento com as pessoas. Construir o Reino de Deus é a tarefa de todo seguidor de Jesus e cristão. Jesus, ao convocar seus discípulos para alimentar os famintos, convoca todos os seus seguidores a continuarem essa missão: dar de comer a quem tem fome. Não basta ser; é preciso agir. Nosso valor não é medido pelo que possuímos, mas sim pelo que somos como filhos de Deus.
No seguimento do Senhor, podemos fortalecer-nos para enfrentarmos os desafios que surgem em nosso caminho, inclusive a cruz que cada um de nós carrega rotineiramente. Precisamos aprender a levar essa cruz com amor e coragem, sabendo que o Senhor está ao nosso lado para nos fortalecer em nossa caminhada. É por isso que o Senhor nos escolhe e nos chama para segui-Lo verdadeiramente como discípulos missionários. Buscar a vontade de Deus, mesmo que isso culmine na cruz, é a missão do cristão. Renunciar aos sedutores convites do mundo, enfrentar os desafios e caminhar com Jesus são vistos pelo mundo como perdas, mas, aos olhos da fé, são certezas de vida.
Sejamos todos animados e revigorados no autêntico seguimento de Cristo, com dedicação gratuita em todos os momentos de nossas vidas a serviço do Evangelho. Esta é uma vocação muito importante e indispensável em nossas comunidades. Nem todos assumem o convite de Cristo para ensinar e formar novos discípulos missionários. Deus continua chamando vocacionados, como os jovens, homens e mulheres, para um exercício ministerial no qual doem suas vidas para que outros tenham vida.
Responder ao chamado de Deus para uma vocação específica não é simples e fácil; pelo contrário, é inquietante, gera medo e, em algumas ocasiões, pode ser confundido com um desejo exclusivamente humano. Exige discernimento, oração e acompanhamento vocacional até que as pessoas estejam prontas para assumir verdadeiramente o chamado de Deus. A origem de todo o chamado de Deus, a fonte da vida e das vocações, é a vida que recebemos para contemplar um tempo existencial.
Rezar, rezar e rezar é a melhor forma de cultivar a vocação e de pedir ao dono da messe que envie operários. Vivamos, queridas irmãs/os, o ano de 2024 de janeiro a dezembro. Apesar das angústias, medos e preocupações que assolam a humanidade, este é um tempo em que, juntos e unidos no tripé fé, esperança e amor, possamos mergulhar em uma reflexão séria sobre o sentido vocacional para o qual Deus nos chamou. Deus nos colocou no mundo para caminharmos juntos e construirmos uma sociedade humana, cheia de ternura, amor e solidariedade. Afinal, somos caminhantes e peregrinos, nascemos como povo do coração de Deus, passageiros e transeuntes na terra, e um dia nos encontraremos todos na Igreja celeste, no paraíso.
Somos discípulos do Verbo feito irmão de todos e de todas, sobretudo dos rejeitados e dos invisíveis de ontem e de hoje, de lá e também de cá. No entanto, a fraternidade é algo que se aprende desde o berço; ninguém nasce sabendo ser irmão. É preciso tornar-se. Que neste 2024 possamos fazer de nossos lares escolas de fraternidade e solidariedade. O mistério da Encarnação do Verbo de Deus aponta para a nossa missão de amar e viver fazendo o bem a todos, indicando para o alto, para a alegria eterna que sentimos nos simples gestos de caridade que praticamos.
O mundo precisa de paz, e nosso coração precisa de amor.
Sérgio Bonavides, Advogado, Ex-Vereador em Santos, e membro da Igreja Católica na Diocese da cidade de Santos.