Neste derradeiro Domingo do período quaresmal e início da Semana Santa, celebramos com reverência o Domingo de Ramos, uma convocação à contemplação desse Deus que, movido pelo mais puro AMOR, desceu aos nossos domínios terrenos. Ele compartilhou plenamente de nossa humanidade, erguendo-se como servo dentre os homens, submetendo-se ao sacrifício supremo para subjugar o egoísmo, a maldade e o pecado. Por intermédio de Jesus, Deus nos brindou com a promessa de uma Vida renovada, uma jornada transcendente.
A Primeira leitura (Is 50,4-7) nos traz a saga e a palavra de um profeta desconhecido, eleito por Deus para testemunhar a salvação diante das nações. Em meio ao sofrimento e à adversidade, o profeta depositou sua confiança inabalável no Senhor, realizando com firmeza e dedicação os desígnios divinos. Para os primeiros seguidores de Cristo, este ‘servo de Deus‘ ecoava a própria figura de Jesus.
A Segunda leitura (Fl 2,6-11) nos brinda com um hino resplandecente, reverberando os ensinamentos primitivos sobre Jesus. Fiéis à missão do Pai, Ele desceu ao encontro da humanidade, compartilhando de suas dores e padecendo uma morte angustiante em nome do amor redentor. Contudo, sua existência não foi em vão: Deus o exaltou, demonstrando que o caminho que Ele trilhou é o mesmo que nos conduz à Vida plena. É esse caminho que somos instigados a percorrer.
O Evangelho (Mc 14,1-15,47) nos narra a paixão e morte de Jesus, o ápice de uma vida dedicada a concretizar o projeto salvífico de Deus: emancipar a humanidade de tudo aquilo que gera egoísmo, escravidão, sofrimento e morte. Na cruz, onde Jesus entregou sua vida até o último suspiro, transparece o amor incomensurável de Deus por nós; na CRUZ, Jesus nos ensinou que o amor supremo gera uma Vida nova e eterna.
Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus
Leituras
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos (11,1-10)
Abra os portões do seu coração para receber o Messias, aquele que vem em nome do Senhor, pronto para trazer esperança, amor e redenção a todos os que O acolhem com humildade e fé.
junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos,
encontrareis amarrado um jumentinho
que nunca foi montado.
Desamarrai-o e trazei-o aqui!
mas logo o mandará de volta'”.
e o desamarraram.
5 Alguns dos que estavam ali disseram:
desamarrando esse jumentinho?”
Hosana no mais alto dos céus!”
Palavra da Salvação.
Diante das bofetadas e cusparadas, mantenho minha face erguida, firme e inabalável. Consciente de minha dignidade, sei que não serei reduzido à humilhação.
palavras de conforto à pessoa abatida;
ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido,
para prestar atenção como um discípulo.
não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.
7 Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador,
conservei o rosto impassível como pedra,
porque sei que não sairei humilhado.
Palavra do Senhor.
Em um momento de profunda aflição, o eu lírico clama: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Expressando uma dor intensa e uma sensação de abandono, essas palavras evocam questionamentos sobre a presença divina em meio ao sofrimento humano.
R. Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
8 Riem de mim todos aqueles que me veem, *
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
9 “Ao Senhor se confiou, ele o liberte *
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!” R.
17 Cães numerosos me rodeiam furiosos, *
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés *
18a e eu posso contar todos os meus ossos. * R.
19 Eles repartem entre si as minhas vestes *
e sorteiam entre si a minha túnica.
20 Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, *
minha força, vinde logo em meu socorro! R.
23 Anunciarei o vosso nome a meus irmãos *
e no meio da assembleia hei de louvar-vos!
24 Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, †
glorificai-o, descendentes de Jacó, *
e respeitai-o, toda a raça de Israel! R.
Ao se humilhar, ele foi exaltado por Deus acima de tudo. Este simples ato revela a grandeza que emerge da humildade, ensinando-nos que a verdadeira elevação muitas vezes começa com a rendição do próprio ego.
e tornando-se igual aos homens.
Encontrado com aspecto humano,
na terra e abaixo da terra,
para a glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor.
Jesus Cristo, através de sua obediência até a morte na cruz, foi exaltado por Deus e recebeu um nome acima de todos. Isso nos lembra da importância da humildade
e da fé, mostrando que, mesmo nas circunstâncias mais adversas,
a glória divina pode prevalecer.
Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei
procuravam um meio de prender Jesus à traição,
para matá-lo.
“Não durante a festa,
para que não haja um tumulto no meio do povo”.
3 Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso.
Quando estava à mesa,
veio uma mulher com um vaso de alabastro
cheio de perfume de nardo puro, muito caro.
Ela quebrou o vaso
e derramou o perfume na cabeça de Jesus.
4 Alguns que estavam ali ficaram indignados e comentavam:
“Por que este desperdício de perfume?
5 Ele poderia ser vendido
por mais de trezentas moedas de prata,
que seriam dadas aos pobres”.
E criticavam fortemente a mulher.
6 Mas Jesus lhes disse:
“Deixai-a em paz! Por que aborrecê-la?
Ela praticou uma boa ação para comigo.
7 Pobres sempre tereis convosco,
e quando quiserdes podeis fazer-lhes o bem.
Quanto a mim, não me tereis para sempre.
8 Ela fez o que podia:
derramou perfume em meu corpo, preparando-o para a sepultura.
9 Em verdade vos digo:
em qualquer parte que o Evangelho for pregado,
em todo o mundo,
será contado o que ela fez,
como lembrança do seu gesto”.
Prometeram a Judas Iscariotes dar-lhe dinheiro.
10 Judas Iscariotes, um dos doze,
foi ter com os sumos sacerdotes
para entregar-lhes Jesus.
11 Eles ficaram muito contentes quando ouviram isso,
e prometeram dar-lhe dinheiro.
Então, Judas começou a procurar
uma boa oportunidade para entregar Jesus.
Onde está a sala em que vou comer a Páscoa com os meus discípulos?
12 No primeiro dia dos ázimos,
quando se imolava o cordeiro pascal,
os discípulos disseram a Jesus:
“Onde queres que façamos os preparativos
para comeres a Páscoa?”
13Jesus enviou então dois dos seus discípulos
e lhes disse: “Ide à cidade.
Um homem carregando um jarro de água
virá ao vosso encontro. Segui-o
14 e dizei ao dono da casa em que ele entrar:
‘O Mestre manda dizer: onde está a sala
em que vou comer a Páscoa com os meus discípulos?’
15Então ele vos mostrará, no andar de cima,
uma grande sala, arrumada com almofadas.
Ali fareis os preparativos para nós!”
16 Os discípulos saíram e foram à cidade.
Encontraram tudo como Jesus havia dito,
e prepararam a Páscoa.
Um de vós, que come comigo, vai me trair.
17 Ao cair da tarde, Jesus foi com os doze.
18 Enquanto estavam à mesa comendo,
Jesus disse: “Em verdade vos digo:
um de vós, que come comigo, vai me trair”.
19 Os discípulos começaram a ficar tristes
e perguntaram a Jesus, um após outro:
“Acaso serei eu?”
20 Jesus lhes disse:
“É um dos doze, que se serve comigo do mesmo prato.
21 O Filho do Homem segue seu caminho,
conforme está escrito sobre ele.
Ai, porém, daquele que trair o Filho do Homem!
Melhor seria que nunca tivesse nascido!”
Isto é o meu corpo.
Isto é o meu sangue, o sangue da aliança.
22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e,
tendo pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo:
“Tomai, isto é o meu corpo”.
23 Em seguida, tomou o cálice, deu graças,
entregou-lhes e todos beberam dele.
24 Jesus lhes disse:
“Isto é o meu sangue, o sangue da aliança,
que é derramado em favor de muitos.
25 Em verdade vos digo:
não beberei mais do fruto da videira,
até o dia em que beberei o vinho novo
no Reino de Deus”.
Antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
26 Depois de terem cantado o hino,
foram para o monte das Oliveiras.
27 Então Jesus disse aos discípulos:
“Todos vós ficareis desorientados,
pois está escrito:
‘Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão’.
28 Mas, depois de ressuscitar,
eu vos precederei na Galileia”.
29 Pedro, porém, lhe disse:
“Mesmo que todos fiquem desorientados,
eu não ficarei”.
30 Respondeu-lhe Jesus:
“Em verdade te digo:
ainda hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes,
três vezes tu me negarás”.
31 Mas Pedro repetiu com veemência:
“Ainda que tenha de morrer contigo, eu não te negarei”.
E todos diziam o mesmo.
Começou a sentir pavor e angústia.
32 Chegados a um lugar chamado Getsêmani,
disse Jesus aos discípulos:
“Sentai-vos aqui, enquanto eu vou rezar!”
33 Levou consigo Pedro, Tiago e João,
e começou a sentir pavor e angústia.
34 Então Jesus lhes disse:
“Minha alma está triste até a morte.
Ficai aqui e vigiai”.
35 Jesus foi um pouco mais adiante
e, prostrando-se por terra, rezava
que, se fosse possível, aquela hora se afastasse dele.
36 Dizia: “Abbá! Pai! Tudo te é possível:
Afasta de mim este cálice!
Contudo, não seja feito o que eu quero,
mas sim o que tu queres!”
37 Voltando, encontrou os discípulos dormindo.
Então disse a Pedro: “Simão, tu estás dormindo?
Não pudeste vigiar nem uma hora?
38 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação!
Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.
39 Jesus afastou-se de novo
e rezou, repetindo as mesmas palavras.
40 Voltou outra vez e os encontrou dormindo,
porque seus olhos estavam pesados de sono
e eles não sabiam o que responder.
41 Ao voltar pela terceira vez, Jesus lhes disse:
“Agora podeis dormir e descansar.
Basta! Chegou a hora!
Eis que o Filho do Homem é entregue
nas mãos dos pecadores.
42 Levantai-vos! Vamos!
Aquele que vai me trair já está chegando”.
Prendei-o e levai-o com segurança!
43 E logo, enquanto Jesus ainda falava,
chegou Judas, um dos doze,
com uma multidão armada de espadas e paus.
Vinham da parte dos sumos sacerdotes,
dos mestres da Lei e dos anciãos do povo.
44 O traidor tinha combinado com eles um sinal,
dizendo: “É aquele a quem eu beijar.
Prendei-o e levai-o com segurança!”
45 Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo: “Mestre!”, e o beijou.
46 Então lançaram as mãos sobre ele e o prenderam.
47 Mas um dos presentes puxou a espada
e feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.
48 Jesus tomou a palavra e disse:
“Vós saístes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante.
49 Todos os dias eu estava convosco, no Templo, ensinando,
e não me prendestes. Mas isso acontece para que se cumpram as Escrituras”.
50 Então todos o abandonaram e fugiram.
51 Um jovem, vestido apenas com um lençol, estava seguindo a Jesus,
e eles o prenderam.
52 Mas o jovem largou o lençol e fugiu nu.
Tu és o Messias, o Filho de Deus Bendito?
53 Então levaram Jesus ao Sumo Sacerdote, e todos os sumos sacerdotes,
os anciãos e os mestres da Lei se reuniram.
54 Pedro seguiu Jesus de longe, até o interior do pátio do Sumo Sacerdote.
Sentado com os guardas, aquecia-se junto ao fogo.
55 Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus,
para condená-lo à morte, mas não encontravam.
56 Muitos testemunhavam falsamente contra ele, mas seus testemunhos não concordavam.
57 Alguns se levantaram e testemunharam falsamente contra ele, dizendo:
58 “Nós o ouvimos dizer: ‘Vou destruir este templo feito pelas mãos dos homens,
e em três dias construirei um outro,
que não será feito por mãos humanas!'”
59 Mas nem assim o testemunho deles concordava.
60 Então, o Sumo Sacerdote levantou-se no meio deles
e interrogou a Jesus: “Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?”
61 Jesus continuou calado, e nada respondeu.
O Sumo Sacerdote interrogou-o de novo: “Tu és o Messias, o Filho de Deus Bendito?”
62 Jesus respondeu: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem
sentado à direita do Todo-Poderoso,
vindo com as nuvens do céu”.
63 O Sumo Sacerdote rasgou suas vestes e disse:
“Que necessidade temos ainda de testemunhas?
64 Vós ouvistes a blasfêmia! O que vos parece?”
Então todos o julgaram réu de morte. 65 Alguns começaram a cuspir em Jesus. Cobrindo-lhe o rosto, o esbofeteavam e diziam: “Profetiza!”
Os guardas também davam-lhe bofetadas.
Nem conheço esse homem de quem estais falando.
66 Pedro estava em baixo, no pátio.
Chegou uma criada do Sumo Sacerdote,
67 e, quando viu Pedro que se aquecia,
olhou bem para ele e disse:
“Tu também estavas com Jesus, o Nazareno!”
68 Mas Pedro negou, dizendo:
“Não sei e nem compreendo o que estás dizendo!”
E foi para fora, para a entrada do pátio.
E o galo cantou.
69 A criada viu Pedro, e de novo começou a dizer aos que estavam perto: “Este é um deles”.
70 Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois,
os que estavam junto diziam novamente a Pedro:
“É claro que tu és um deles, pois és da Galileia”.
71 Aí Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo:
“Nem conheço esse homem de quem estais falando”.
72 E nesse instante um galo cantou pela segunda vez.
Lembrou-se Pedro da palavra que Jesus lhe havia dito:
“Antes que um galo cante duas vezes,
três vezes tu me negarás”.
Caindo em si, ele começou a chorar.
Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?
15,1 Logo pela manhã, os sumos sacerdotes,
com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio,
reuniram-se e tomaram uma decisão.
Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos.
2 E Pilatos o interrogou:
“Tu és o rei dos judeus?” Jesus respondeu: “Tu o dizes”.
3 E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus.
4 Pilatos o interrogou novamente:
“Nada tens a responder?
Vê de quanta coisa te acusam!”
5 Mas Jesus não respondeu mais nada,
de modo que Pilatos ficou admirado.
6 Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem.
7 Havia então um preso, chamado Barrabás,
entre os bandidos, que, numa revolta,
tinha cometido um assassinato.
8 A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir
que ele fizesse como era costume.
9 Pilatos perguntou:
“Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”
10 Ele bem sabia que os sumos sacerdotes
haviam entregado Jesus por inveja.
11 Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão
para que Pilatos lhes soltasse Barrabás.
12 Pilatos perguntou de novo:
“Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?”
13 Mas eles tornaram a gritar: “Crucifica-o!”
14 Pilatos perguntou: “Mas, que mal ele fez?”
Eles, porém, gritaram com mais força: “Crucifica-o!”
15 Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus
e o entregou para ser crucificado.
Teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça.
16Então os soldados o levaram para dentro do palácio,
isto é, o pretório,
e convocaram toda a tropa.
17 Vestiram Jesus com um manto vermelho,
teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça.
18 E começaram a saudá-lo: “Salve, rei dos judeus!”
19 Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos,
prostravam-se diante dele.
20 Depois de zombarem de Jesus,
tiraram-lhe o manto vermelho,
vestiram-no de novo com suas próprias roupas
e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.
Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota.
21 Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene,
pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo,
a carregar a cruz.
22 Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”.
Ele foi contado entre os malfeitores.
23 Deram-lhe vinho misturado com mirra,
mas ele não o tomou.
24 Então o crucificaram e repartiram as suas roupas,
tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.
25 Eram nove horas da manhã
quando o crucificaram.
26 E ali estava uma inscrição
com o motivo de sua condenação:
“O Rei dos Judeus”.
27 Com Jesus foram crucificados dois ladrões,
um à direita e outro à esquerda.
A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!
29 Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
“Ah! Tu que destróis o Templo
e o reconstróis em três dias,
30 salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”
31 Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei,
zombavam entre si, dizendo:
“A outros salvou, a si mesmo não pode salvar!
32 O Messias, o rei de Israel… que desça agora da cruz,
para que vejamos e acreditemos!”
Os que foram crucificados com ele também o insultavam.
Jesus deu um forte grito e expirou.
33 Quando chegou o meio-dia,
houve escuridão sobre toda a terra,
até as três horas da tarde.
34 Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:
“Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”,
que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?”
35 Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:
“Vejam, ele está chamando Elias!”
36 Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre,
colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:
“Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.
37 Então Jesus deu um forte grito e expirou.
Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.
38 Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes.
39 Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele,
viu como Jesus havia expirado, disse: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”
40 Estavam ali também algumas mulheres, que olhavam de longe;
entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e Salomé.
41 Elas haviam acompanhado e servido a Jesus
quando ele estava na Galileia.
Também muitas outras
que tinham ido com Jesus a Jerusalém, estavam ali.
José rolou uma pedra à entrada do sepulcro.
42 Era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
e já caíra a tarde.
43 Então, José de Arimateia,
membro respeitável do Conselho,
que também esperava o Reino de Deus,
cheio de coragem, foi a Pilatos
e pediu o corpo de Jesus.
44 Pilatos ficou admirado,
quando soube que Jesus estava morto.
Chamou o oficial do exército
e perguntou se Jesus tinha morrido há muito tempo.
45 Informado pelo oficial, Pilatos entregou o corpo a José.
46 José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol.
Depois colocou-o num túmulo escavado na rocha ,e rolou uma pedra à entrada do sepulcro.
47 Maria Madalena, e Maria, mãe de Joset,
observavam onde Jesus foi colocado.
Palavra da Salvação.
Reflexão
ENTRADA EM JERUSALÉM E TOMADA DO TEMPLO
A entrada de Jesus em Jerusalém, conforme relatada por Marcos, destaca sua prioridade espiritual ao se dirigir diretamente ao Templo. Essa escolha reflete sua missão além do aspecto político, buscando restaurar a pureza espiritual e o propósito religioso. Este evento convida os leitores a refletir sobre o verdadeiro significado do messianismo de Jesus e a considerar seu próprio compromisso espiritual enquanto se preparam para ouvir a narrativa da Paixão.
Dividirei esta homilia em três partes:
- Uma cidade sob vigilância militar
- Entra em Jerusalém e segue para o Templo
- Discussão com as autoridades
UMA CIDADE SOB VIGILÂNCIA MILITAR
Na semana da Páscoa, Jerusalém estava repleta de peregrinos, muitos deles galileus “separatistas”. Com isso, a guarda romana era reforçada e até mesmo o governador romano supervisionava diretamente a segurança. Os galileus ansiavam pelo advento do reino messiânico e sonhavam em posicionar Israel como líder entre as nações. É provável que aqueles que acompanhavam Jesus em sua entrada em Jerusalém fossem celotas ou nacionalistas fervorosos.
Jesus planejou meticulosamente sua entrada. Seus discípulos foram encarregados de encontrar um jumento amarrado, sobre o qual ninguém jamais tivesse montado. Eles deveriam dizer: “O Senhor precisa dele, mas daqui a pouco o devolverá” (Marcos 11:2-3).
Este relato oferece um vislumbre fascinante das complexidades políticas e religiosas da época, onde a expectativa messiânica se misturava com aspirações nacionalistas. Ao escolher uma entrada simbólica montado em um jumento, Jesus não apenas cumpriu profecias, mas também enviou uma poderosa mensagem sobre seu reinado: não era terreno, mas espiritual; não baseado na força militar, mas na humildade e na compaixão.
Ao refletir sobre esse evento, somos desafiados a considerar não apenas as implicações políticas e históricas, mas também o significado espiritual mais profundo. Jesus não apenas entrou em Jerusalém como Rei, mas também nos ensinou sobre o verdadeiro caráter do Reino de Deus – um reino de amor, paz e humildade, que transcende todas as fronteiras terrenas e expectativas humanas.
ENTRA EM JERUSALÉM E SEGUE PARA O TEMPLO
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é um evento profundamente enraizado em seu contexto e nas profecias que ele mesmo havia feito. Anteriormente, Jesus havia advertido seus seguidores sobre seu destino iminente: ser entregue aos líderes religiosos, condenado à morte pelos gentios e, por fim, ressuscitar ao terceiro dia(Mc 10,32). Agora, conforme previsto, Jesus entra na cidade montado em um humilde jumento, não como um conquistador, mas como um rei pacífico.
Ao invés de se dirigir ao palácio do governador romano, Jesus vai direto ao Templo (Mc 11,11). Ao chegar lá, não apenas observa, mas age decisivamente. Ele não está ali para purificar o Templo, mas para reivindicá-lo como seu próprio. O Templo, que deveria ser um local de adoração e comunhão com Deus, tornou-se um centro de exploração e comércio desenfreado, afastando-se do propósito divino.
O excedente de riqueza e o comércio impulsionado pelo Templo refletiam uma corrupção espiritual profunda. Jesus, com sua autoridade divina, interrompeu esse sistema injusto, simbolizando uma nova ordem espiritual e moral. Ele denuncia a corrupção e profetiza a destruição do Templo, um ato que chocou as autoridades e a população.
A mensagem subjacente é clara: Jesus veio não apenas para oferecer salvação espiritual, mas também para desafiar as estruturas de poder corruptas e restaurar a verdadeira adoração a Deus. Sua ação no Templo não apenas mostra sua autoridade divina, mas também ressalta a necessidade de uma transformação radical na vida espiritual e social.
Ao refletir sobre esse episódio, somos confrontados com questões profundas sobre justiça, verdade e a verdadeira natureza da adoração. Jesus nos desafia a examinar nossas próprias vidas e comunidades, garantindo que estejamos alinhados com os valores do Reino de Deus e comprometidos com a busca da justiça e da retidão em todas as áreas de nossas vidas.
DISCUSSÃO COM AS AUTORIDADES
“COM QUE AUTORIDADE FAZES ISTO?” questionaram eles. As autoridades temiam o povo. Jesus evocou João Batista e repreendeu-os por não acreditarem nele. Ele contou-lhes a parábola dos vinhateiros homicidas – antecipando o que fariam com ele. Eles entenderam, tentaram prendê-lo, mas temiam o povo e não se atreveram.
Jesus desafiou a interpretação dos escribas sobre o Messias. O povo identificava-se com Jesus: o Messias não é apenas um descendente de Davi, mas seu Senhor; não devem vê-lo apenas como um líder poderoso, à semelhança de Davi. Por fim, Jesus observou aqueles que depositavam ofertas no tesouro do Templo. Ele elogiou a viúva pobre que, mesmo dando pouco, entregou tudo o que tinha a Deus.
Neste texto, somos transportados para os tumultuados dias de Jesus, onde sua autoridade é desafiada e sua mensagem confronta as estruturas de poder. Vemos o medo das autoridades diante da influência popular e a sabedoria de Jesus ao usar parábolas para transmitir verdades profundas. Ele não apenas desafia interpretações tradicionais sobre o Messias, mas também destaca a importância do sacrifício e da devoção verdadeira, como exemplificado pela viúva pobre. Este relato nos convida a questionar nossas próprias noções de autoridade e religião, e a considerar o verdadeiro significado do serviço e da entrega total a Deus.
CONCLUSÃO
Este é o contexto da Semana Santa, que hoje se inicia. Jesus desafia completamente o sistema religioso que era central para a fé em Israel, inaugurando assim uma nova era. A carta aos Hebreus leva essas consequências adiante, criticando sem concessões o antigo culto e seu sacerdócio.
Ao adentrar a Semana Santa, somos confrontados com a intensidade dos eventos que marcaram a trajetória de Jesus. Ele não apenas desafia, mas desautoriza completamente o sistema religioso estabelecido, que sustentava a fé do povo de Israel. Isso representa uma ruptura significativa, simbolizando o fim de uma era e o início de uma nova jornada espiritual.
A carta aos Hebreus, escrita em meio a esse contexto de mudança e transformação, oferece uma análise contundente e sem concessões do antigo sistema religioso. Ela destaca as falhas e limitações do antigo culto e de seu sacerdócio, apontando para a necessidade de uma abordagem renovada e mais profunda da fé.
Ao refletir sobre este contexto durante a Semana Santa, somos convidados a considerar não apenas a magnitude dos eventos que se desenrolaram, mas também o significado mais amplo por trás deles. É um momento de questionamento e renovação, onde podemos explorar mais profundamente os ensinamentos de Jesus e o chamado para uma fé autêntica e transformadora.
Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU