COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS (ANO C)

A PALAVRA

Para onde caminhamos? Onde estão as pessoas que nos são queridas e que já terminaram o seu caminho aqui na terra? A liturgia da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos convida-nos a ver em Deus a nossa meta, o nosso horizonte final. Não, não estamos condenados a dissolver-nos no nada, a terminar a nossa vida numa escuridão sem esperança nem sentido; estamos destinados a encontrar-nos com Deus, a viver em comunhão plena com Ele, a disfrutar de uma vida nova e eterna nos braços de um Pai que nos ama infinitamente, a experimentar uma felicidade que as nossas pobres palavras humanas nunca conseguirão descrever.

Na Primeira Leitura (Is 25, 6a.7-9) o profeta Isaías anuncia um tempo de plenitude em que Deus enxugará todas as lágrimas e aniquilará para sempre a morte. Neste monte santo, o Senhor prepara um banquete de alegria e salvação para todos os povos. Sua promessa revela um Deus que transforma dor em esperança, vergonha em glória, e luto em celebração. Nele, encontramos a vitória do amor sobre a morte e a certeza de que nossa esperança jamais será em vão.

No Evangelho (Jo 6,37-40) Jesus revela que o Pai lhe confiou aqueles que creem. Ele acolhe todos os que a Ele vêm, sem rejeitar ninguém. Sua missão é fazer a vontade do Pai: que nenhum dos que Lhe foram dados se perca, mas ressuscite no último dia. Quem crê no Filho tem a vida eterna, cumprindo assim a promessa divina de redenção e esperança para a humanidade.

Segunda Leitura (1Jo 3,1-2) revela a essência do nosso ser: somos filhos amados de Deus. Esta verdade não é apenas um título, mas uma realidade transformadora que define nossa identidade. Embora sua plenitude ainda não seja visível, a esperança reside em que, um dia, O veremos tal como Ele é, e essa visão nos completará para sempre.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Em meio às dores humanas e às sombras da finitude, o Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces, revelando-Se como o consolo eterno e a esperança que renova toda vida.

Naquele dia, o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias. Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos, a teia em que tinha envolvido todas as nações. O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra; o Senhor o disse. Naquele dia, se dirá: “Este é o nosso Deus, esperamos nele, até que nos salve; este é o Senhor, nele temos confiado: vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo”.
Palavra do Senhor.

Em meio às incertezas e trevas do tempo presente, o Senhor é minha luz e salvação, Aquele que dissipa medos, sustenta esperanças e conduz o coração fiel pelo caminho seguro da confiança e do amor eterno.

R: O Senhor é a minha luz e a minha salvação.

O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei de temer?
O Senhor é o protetor da minha vida:
de quem hei de ter medo? R: 

Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário. R: 

Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de mim e atendei-me.
A vossa face, Senhor, eu procuro:
não escondais de mim o vosso rosto. R: 

Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia no Senhor. R: 

Em um mundo que anseia por sentido e plenitude, Deus nos fez Seus filhos e, quando Jesus se revelar, seremos como Ele, pois n’Ele se cumpre o destino glorioso de nossa filiação divina.

Caríssimos: ‘Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai.
Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.
Palavra do Senhor.

Em meio às perdas e esperanças humanas, quem crê em Jesus terá a vida eterna e será ressuscitado, pois n’Ele o amor vence a morte e a promessa divina se torna plenitude de vida.


Naquele tempo, disse Jesus às multidões:
«Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim de modo algum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum de todos os que me deu, mas os ressuscite no último dia. De fato, esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia».
Palavra da Salvação.

Homilia

A ESPERANÇA QUE NÃO SE DESFAZ

Irmãos e irmãs em Cristo,

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês.

Hoje, a liturgia nos convida a um lugar sagrado e universal: o território da saudade. Quantas vezes, diante de uma lápide, de uma fotografia, ou no silêncio de um quarto vazio, o nosso coração sussurra a pergunta mais antiga da humanidade: “Para onde foram? O que resta de uma vida que foi tão amada?

A cultura atual, muitas vezes, tenta nos vender respostas fáceis. Fala-se de “virar a página” rapidamente, como se o amor pudesse ser apagado com a mesma velocidade com que se deleta um arquivo. Mas a nossa fé não nos pede para esquecer. Pelo contrário, ela nos dá uma memória mais profunda e uma esperança que não se desfaz. Ela nos lembra que não somos feitos para o nada. A nossa vida não é um acidente cósmico que termina no vazio. Estamos destinados a um Encontro.

A Palavra de Deus hoje é um bálsamo para essa ferida da separação. O profeta Isaías, numa visão comovedora, nos apresenta um Deus que age com a ternura de uma mãe: O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces” (Is 25, 8). Reparem: Ele não mandará um anjo, não criará uma distração. Ele mesmo, com suas mãos, enxugará cada lágrima que a dor, o luto e a injustiça nos fizeram chorar. E Ele fará mais: aniquilará a morte para sempre” (Is 25, 8). A morte, que nos parece a realidade mais sólida e cruel, será, na verdade, dissolvida pelo amor mais sólido ainda. No “monte santo“, Ele prepara um banquete. É a imagem da festa, da comunhão restaurada, da vida que venceu.

E como temos a certeza disso? Porque o Pai não nos deixou órfãos. No Evangelho, Jesus nos dá a âncora da nossa esperança: E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6, 39). Guardem esta palavra, irmãos: “nenhum“.  A missão de Jesus é um ato de fidelidade extrema. O Pai lhe confiou nomes, rostos, histórias. A sua vida, morte e ressurreição são a garantia de que nenhum daqueles que o Pai ama será esquecido, descartado ou perdido. A ressurreição não é uma ideia bonita; é a promessa de que o nosso vínculo com Deus, selado no Batismo, é indestrutível.

E São João vai além, revelando quem nós somos para Deus: Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus. E nós o somos!” (1Jo 3, 1). Quando choramos a partida de alguém, não choramos um “ex-filho” ou uma “ex-filha”. Choramos um filho, uma filha, que Deus continua a amar com um amor infinito. A nossa identidade mais profunda, que a morte não pode arrancar, é esta: somos filhos amados. E a saudade que sentimos é, no fundo, um eco dessa verdade. É o anseio pela completude daquela manhã eterna em que, como diz a carta, o veremos tal como ele é” (1Jo 3, 2).

Portanto, hoje não celebramos a morte. Celebramos a vida eterna. Celebramos a comunhão dos santos, esse laço misterioso e real que une a Igreja peregrina aqui na terra e a Igreja triunfante no céu. Rezamos por nossos queridos falecidos, sim, com a mesma confiança com que pediríamos a um irmão para orar por nós. E somos convidados a renovar a nossa esperança. A mesma mão que um dia enxugará nossas lágrimas, nos sustenta hoje. Ele é a nossa luz e nossa salvação, como canta o Salmo 26. Nele, o nosso coração pode descansar. O último adeus não é um ponto final. É um “ATÉ JÁ“, dito com a serena e invencível esperança dos que creem no Banquete Eterno.

Amém.

Produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.