XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ANO C)

A PALAVRA

Meus irmãos e minhas irmãs, vivemos em um mundo que tantas vezes mede o sucesso pelo saldo bancário e pelo poder acumulado. Mas a liturgia deste vigésimo quinto Domingo do Tempo Comum nos provoca com uma pergunta desconcertante e profundamente pessoal: onde estamos investindo o nosso coração?

O profeta Amós (Am 8,4-7), com a força de quem não teme defender os indefesos, ergue diante de nós o espelho da justiça. Ele não denuncia apenas um erro moral, mas um verdadeiro pecado social: a exploração do pobre, a humilhação do fraco. E nos recorda: Deus não é indiferente! Ele vê, Ele se lembra. E a nossa indiferença diante do irmão que sofre é uma afronta direta ao seu projeto de amor.

No Evangelho (Lc 16,1-13), Jesus nos apresenta a parábola do administrador astuto. Ele não aprova a desonestidade daquele homem, mas exalta a sua capacidade de agir com lucidez diante de uma situação decisiva. E aqui está o desafio para nós: se até quem vive no erro é capaz de enxergar além do imediato, como podemos nós, que conhecemos a promessa da vida eterna, continuar investindo em bens efêmeros e esquecendo os “tesouros do céu”?

A Segunda Leitura (1Tm 2,1-8) nos aponta a direção certa: a família. Somos todos filhos do mesmo Pai. Essa verdade nos lança em uma fraternidade universal, onde cada oração e cada gesto de solidariedade devem se alargar até abraçarem as dores e esperanças de toda a humanidade.

Diante de tudo isso, não podemos fugir da pergunta que ecoa em nosso coração: qual projeto de vida estamos construindo? Será um castelo de areia, que se desfaz ao sopro do tempo? Ou uma casa firme sobre a rocha, sustentada pela justiça, pelo amor fraterno e pelos valores eternos do Reino de Deus?

A decisão, queridos irmãos e irmãs, é de cada um de nós. Mas uma coisa é certa: quando investimos em Cristo, nada se perde. Tudo ganha sentido.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Diante de Deus, que ouve o clamor dos oprimidos, não há lucro que justifique espezinhar um irmão, pois a verdadeira riqueza é a que se constrói na justiça e na fraternidade.

4 Ouvi isto, vós que maltratais os humildes
e causais a prostração dos pobres da terra;
5 vós que andais dizendo:
“Quando passará a lua nova,
para vendermos bem a mercadoria?
E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo,
para diminuir medidas, aumentar pesos,
e adulterar balanças,
6 dominar os pobres com dinheiro
e os humildes com um par de sandálias,
e para pôr à venda o refugo do trigo?”
7 Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor:
“Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”.
Palavra do Senhor.

Que nosso louvor ecoe a essência de Deus, que do pó levanta o indigente e do lixo retira o pobre, para nos sentarmos juntos como irmãos à mesma mesa da dignidade.

R. Louvai o Senhor que eleva os pobres!

1 Louvai, louvai, ó servos do Senhor, *
louvai, louvai o nome do Senhor!
2 Bendito seja o nome do Senhor, *
agora e por toda a eternidade! R.
 
4 O Senhor está acima das nações, *
sua glória vai além dos altos céus.
5 Quem pode comparar-se ao nosso Deus, †
ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono *
6 e se inclina para olhar o céu e a terra? R.

7 Levanta da poeira o indigente *
e do lixo ele retira o pobrezinho,
8 para fazê-lo assentar-se com os nobres, *
assentar-se com nobres do seu povo. R.

Em um mundo fraturado, erguemos preces por todos, pois diante do único Deus, Pai de todos, não há estranhos, apenas irmãos pela graça redentora de Cristo, que a todos chama à salvação.

Caríssimo:
1 Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações,
súplicas e ações de graças,
por todos os homens;
2 pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos,
a fim de que possamos levar uma vida tranquila 
e serena, com toda piedade e dignidade.
3 Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador;
4 ele quer que todos os homens sejam salvos
e cheguem ao conhecimento da verdade.
5 Pois há um só Deus,
e um só mediador entre Deus e os homens:
o homem Cristo Jesus,
6 que se entregou em resgate por todos. 
Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus,
7 e para este testemunho
eu fui designado pregador e apóstolo,
e – falo a verdade, não minto –
mestre das nações pagãs na fé e na verdade.
8 Quero, portanto, que em todo lugar
os homens façam a oração,
erguendo mãos santas, 
sem ira e sem discussões.
Palavra do Senhor.

Em meio à sedução do lucro, escolhemos servir a quem? Pois não podeis servir a Deus e ao dinheiro: um exige a alma, o outro o coração, e só um conduz à vida que verdadeiramente permanece.

Naquele tempo,
1 Jesus dizia aos discípulos:
“Um homem rico tinha um administrador
que foi acusado de esbanjar os seus bens.
2 Ele o chamou e lhe disse:
‘Que é isto que ouço a teu respeito?
Presta contas da tua administração,
pois já não podes mais administrar meus bens’.
3 O administrador então começou a refletir:
‘O senhor vai me tirar a administração.
Que vou fazer?
Para cavar, não tenho forças;
de mendigar, tenho vergonha.
4 Ah! Já sei o que fazer,
para que alguém me receba em sua casa
quando eu for afastado da administração’.
5 Então ele chamou cada um
dos que estavam devendo ao seu patrão.
E perguntou ao primeiro:
‘Quanto deves ao meu patrão?’
6 Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’
O administrador disse:
‘Pega a tua conta, senta-te, depressa,
e escreve cinquenta!’
7 Depois ele perguntou a outro:
‘E tu, quanto deves?’
Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’.
O administrador disse:
‘Pega tua conta e escreve oitenta’.
8 E o senhor elogiou o administrador desonesto,
porque ele agiu com esperteza.
Com efeito, os filhos deste mundo
são mais espertos em seus negócios
do que os filhos da luz.
9 E eu vos digo:
Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, 
pois, quando acabar,
eles vos receberão nas moradas eternas.
10 [Quem é fiel nas pequenas coisas
também é fiel nas grandes,
e quem é injusto nas pequenas
também é injusto nas grandes.
11 Por isso, se vós não sois fiéis
no uso do dinheiro injusto,
quem vos confiará o verdadeiro bem?
12 E se não sois fiéis no que é dos outros,
quem vos dará aquilo que é vosso?
13 Ninguém pode servir a dois senhores.
porque ou odiará um e amará o outro,
ou se apegará a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Palavra da Salvação.

Homilia

A AVAREZA: TALVEZ NÃO TENHA O BASTANTE PARA MIM!

Amados irmãos e irmãs em Cristo,

A avareza é um pecado capital ao qual, muitas vezes, prestamos pouca atenção. É um pecado-raiz que habita em cada um de nós. Pode estar mais ou menos oculto, mais ou menos desperto, mas está sempre lá. É um vírus tremendamente destrutivo: corrói o amor e o transforma em algo impiedoso e até homicida – ainda que seja um “homicida de luvas brancas”.

Dividirei esta homilia em quatro partes:     

AVAREZA E AUSTERIDADE

A avareza nasce quando o interesse próprio sufoca os direitos alheios e ensurdece o coração aos apelos da necessidade. Diante do mendigo ou da obra de caridade, ela responde com trancas de palavras elegantes que disfarçam uma feiura essencial. Seu grito íntimo – “Será que o que tenho é suficiente?” – endurece o coração diante da fome do outro. Obcecada em acumular, ela se fecha contra qualquer demanda externa.

Ninguém se confessa avarento; no entanto, todos nós abrigamos esse vício. Muitas vezes, disfarçamo-lo sob o nome de “austeridade”, “administração prudente” ou “fidelidade aos bens alheios”. Mas seu verdadeiro antídoto é a generosidade: virtude criadora que sabe que, ao dar, se recebe. A avareza é esterilidade; a generosidade é reflexo do Deus criador, cujo perdão inaugura sempre algo novo.

O ILUSÓRIO DAS RIQUEZAS INJUSTAS

A profecia de Amós (8,4-7) ressoa hoje com força: a sede de riqueza gera monstros. Pessoas e instituições, possuídas por uma cobiça sem limites, petrificam o coração diante da dor humana. O dinheiro, convertido em ídolo, sufoca a gratuidade. Um direito de propriedade distorcido expulsa milhões de suas casas e de seu pão – enquanto animais recebem melhor tratamento.

Por trás do anonimato corporativo, esconde-se a iniquidade. A lógica do lucro cega e esmaga os filhos de Deus, cujo clamor sobe aos céus. Mas o Abbá ouve os pobres. Que nenhum opressor descanse tranquilo sobre riquezas manchadas de injustiça!

ORAÇÃO SEM FRONTEIRAS

Orai por todos” – exorta a Primeira Carta a Timóteo (2,1-8). É o chamado a um amor sem exceções. A intercessão educa o coração: quando oramos por quem amamos, nós o amamos ainda mais em Deus; quando oramos por quem nos ofende, nós o redimimos no Altíssimo.

Suplicar pelos governantes é um ato profundamente subversivo: infunde neles uma energia criadora em vez de destrutiva. A tentação de orar apenas pelos nossos contradiz Cristo, o mediador universal, que morreu por talibãs e norte-americanos, por protestantes e muçulmanos, pelos de direita ou esquerda. Em tempos de divisão, orar sem exclusões é um verdadeiro ato de revolução espiritual.

ESPERTEZA E FIDELIDADE NA ENCRUZILHADA

O administrador infiel da parábola (Lc 16,1-13), diante da demissão iminente, arquitetou uma saída astuta: reduziu as dívidas alheias para garantir favores futuros. Jesus elogia sua esperteza prática – tão ausente, às vezes, nos “filhos da luz”, paralisados diante das crises.

Eis a chave: todos somos administradores infiéis dos dons divinos. Devedores insolventes, só nos resta imitar a lógica do administrador: perdoar as dívidas contraídas conosco e usar os bens deste mundo para fazer amigos entre os pobres. “Vende o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu” (Mt 19,21).

A Igreja Apostólica ainda adverte: pequenas infidelidades corroem a aliança. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro. A fidelidade radical é o único caminho quando as estradas do mundo conduzem ao abismo.

Que a graça do Espírito Santo nos conceda a sabedoria de escolher servir somente a Deus, acumulando tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem.

CONCLUSÃO

Amados irmãos e irmãs, a liturgia de hoje nos recorda que não somos donos, mas administradores dos dons que Deus nos confiou. A avareza nos fecha em nós mesmos, mas a generosidade abre o coração ao infinito de Deus. As riquezas injustas passam, mas o amor permanece para sempre.

Seja em nossas escolhas pessoais, em nossa vida de oração ou na maneira como administramos os bens materiais, somos convidados a colocar Deus em primeiro lugar. Só assim poderemos construir não um castelo de areia, mas uma casa firme sobre a rocha da fidelidade.

Que não nos falte coragem para renunciar aos falsos deuses e sabedoria para investir o coração naquilo que é eterno. Assim, quando a nossa vida for pedida, não estaremos de mãos vazias, mas levaremos conosco os frutos da caridade, da justiça e da solidariedade vividas em Cristo.

Que Maria, Mãe da Igreja, nos ensine a servir apenas a Deus e a acolher com alegria os pobres, que são o tesouro do céu. Amém.

Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.