SOLENIDADE TODOS OS SANTOS (ANO A)

A PALAVRA

A Solenidade de Todos os Santos abre-nos o espírito e o coração às consequências da Ressurreição. O que se passou em Jesus realizou-se também nos seus bem-amados, os nossos antepassados na fé, e diz-nos igualmente respeito: sob as folhas mortas, sob a pedra do túmulo, a vida continua misteriosa, para se revelar no Grande Dia, quando chegar o fim dos tempos. Para Jesus, foi o terceiro dia; para os seus amigos, isso será mais tarde. A seguir temos breves introduções às leituras:

Primeira leitura (Apocalipse de São João 7,2-4.9-14): Como descrever a felicidade dos mártires e dos santos na sua condição celeste, invisível? Para isso, o profeta recorre a uma visão.

Salmo Responsorial (Salmo 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)): O salmo de hoje proclama as condições de entrada no Templo de Deus. Ele anuncia também a bem-aventurança dos corações puros. Nós somos este povo imenso que marcha ao encontro do Deus santo.

Segunda leitura (Primeira Carta de São João 3,1-3): Desde o nosso batismo, somos chamados filhos de Deus e o nosso futuro tem a marcada da eternidade.

Evangelho (Mateus 5,1-12a): Que futuro reserva Deus aos seus amigos, no seu Reino celeste? Ele próprio é fonte de alegria e de felicidade para eles.
Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras
Primeira Leitura – Apocalipse de São João (7,2-4.9-14)
Salmo – Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)
Segunda Leitura – Primeira Carta de São João (3,1-3)
Evangelho – Mateus (5, 1-12a)
Fonte: Liturgia Diária

Reflexão do Evangelho
SOMOS FILHOS AMADOS DE DEUS

Existem lugares onde o Espírito sopra, mas existe um Espírito que sopra em todos os lugares. Existem pessoas que Deus escolhe e separa. Há outros que ele deixa no meio do povo, a quem “não retira do mundo”. Essas são as pessoas que têm um emprego comum, uma casa comum ou são solteiras comuns. Pessoas que sofrem de doenças comuns, com sua dor comum. Pessoas que têm uma casa comum, que usam roupas comuns. São as pessoas da vida comum. Pessoas encontradas em qualquer rua. Amam a porta que dá para a rua, como seus irmãos invisíveis para o mundo amam a porta que se fecha permanentemente atrás deles. Nós, pessoas da rua, acreditamos com todas as nossas forças que esta rua, que este mundo onde Deus nos colocou, é para nós o lugar da nossa Santidade. Acreditamos que nada nos falta, porque, se faltasse algo do necessário, Deus já o teria dado para nós. (Madeleine Delbrêl)

QUEM SÃO OS SANTOS?

Este domingo não é um domingo qualquer. Hoje celebramos a festa de Todos os Santos. Quem são os santos? Podemos fazer um primeiro exercício olhando a história aos altares e quadros de nossas igrejas e capelas. Aí estão alguns santos. Estão convertidos em papelão e pedra. São estátuas mais ou menos formosas que decoram os altares. De alguns deles conhecemos a vida. Lemos em seu momento um livro ou folheto com os detalhes de sua vida.

Porém, a maioria  fica muito longe no tempo. Tem-nos chegado ao conhecimento que são tão “santos” que nos dá a sensação de uma santidade inalcançável. Fizeram coisas maravilhosas e alguns parecem que eram já santos quase dantes de nascer. Ante eles sentimos admiração, mais também certo desânimo. Não nos vemos com as forças para viver como eles viveram sua fé, algumas vezes, em situações muito difíceis e complicadas.

OLHEM AOS QUE NOS RODEIAM

Um segundo exercício que podemos fazer neste dia é bem mais simples. Basta jogar um olhar ao nosso redor (supõe-se que estamos na igreja, celebrando a eucaristia com nossos irmãos e irmãs). À frente, à direita, à esquerda, atrás de nós. Há muitas pessoas. Algumas nos são conhecidas. As saudamos ao entrar. A outras as conhecemos somente de vista. De ver pela rua, mais também de vê-los aqui na igreja. Outras são caras totalmente novas.

Viemos de diversos lugares e origens para celebrar a EUCARISTIA, para dar graças a Deus por sua bondade, para escutar sua Palavra, para compartilhar seu Corpo e seu Sangue. Tudo isso fazemos juntos, em comunidade. Pois bem, nós somos os santos que hoje celebramos.

Não há necessidade de olhar para trás no tempo, mais o que é mais fácil, lançar o olhar para o banco de traz. E do nosso lado. E em nós mesmos. Nós somos os crentes, discípulos. Nós, junto com muitos outros ao longo da vida e em nosso mundo, junto com muitos outros no passado (para recuperar os altares, porém vivos, não como estátuas) e, no futuro, nós, que trabalhamos diariamente para fazer um mundo melhor, mais fraterno, mais cheio de misericórdia, compreensão, tolerância, amor, perdão. Em suma, mais cheio de Deus.

Sim, nós somos parte dessa imensa multidão da qual fala o Apocalipse de João. Nós temos lavado, e seguimos lavando, no sangue do Cordeiro nossos mantos, cheios de misérias, de invejas, de orgulhos, de erros… E temos experimentado o perdão e o amor de Deus. Nós somos os que seguimos a Jesus. Com todas nossas limitações.

Porque já sabemos que não basta uma lavada para que a roupa fique limpa para sempre. Com o barro da vida voltamos a manchá-la. Mas somos constantes e sabemos que a misericórdia de Deus é maior que todas nossas limitações. Nós sabemos por experiência que “a salvação é de nosso Deus, que está sentado no trono e do Cordeiro”, de Jesus.

SOMOS OS BEM-AVENTURADOS

A verdade é que somos filhos de Deus (segunda leitura). Somos seus filhos e filhas, ainda que não se tenha manifestado de todo o que isso significa. Agora vivemos na esperança porque estamos a caminho. Como o povo de Israel, caminhamos no deserto à espera de chegar à terra prometida. Mas Deus está conosco. E Ele nos faz santos.

Agora, uma vez realizados estes singelos exercícios, podemos atender à leitura do Evangelho e escutar como Jesus nos chama de “BEM-AVENTURADOS” porque somos pobres, porque lutamos pela justiça, porque tratamos de ser misericordiosos, porque trabalhamos pela paz e a reconciliação. E a palavra de Jesus chega a nossos ouvidos. Acalma-nos, nos serena, devolve-nos a alegria, faz-nos conhecer e compreender nossa mais profunda realidade.

Mais além de nossos defeitos e limitações, está a verdade, a grande verdade: SOMOS FILHOS AMADOS DE DEUS, que a humanidade não está condenada senão salva pelo grande amor com que Deus nos ama. Nós, um nós muito grande, que abarca a toda a humanidade no passado, no presente e no futuro, somos os santos de Deus, os santos que hoje celebramos. Porque Ele é bom.

Saíamos à rua com o sorriso no rosto e dispostos a seguir lutando para melhorar nossa própria vida e para melhorar este mundo. Para fazer que seja a casa de Deus, a casa de todos, o Reino pelo qual Jesus deu sua vida.
Texto: Ciudad Redonda
Imagem: Clipartkey