SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS SÃO PEDRO E SÃO PAULO (ANO B)

A PALAVRA

Hoje celebramos a solenidade de São Pedro e São Paulo e também o DIA DO PAPA, unindo-nos em oração com o atual sucessor de Pedro, o Papa Francisco. O nosso presente ao Papa é o Óbolo de São Pedro, destinado a sustentar suas obras sociais, iniciativas humanitárias e projetos de promoção social.

São Pedro e São Paulo, apesar de suas diferenças de pensamento e ação, foram unidos na fé em Jesus como Salvador e no anúncio do Evangelho. Suas diferenças enriqueceram a missão de testemunhar e proclamar a mensagem de Cristo. Pedro simboliza a Igreja estruturada, enquanto Paulo representa a Igreja missionária – dois aspectos complementares da mesma realidade.

AMOR E HUMILDADE são as virtudes que devemos aprender com São Pedro e São Paulo. Vivendo essas virtudes, cumpriremos a missão que o Senhor nos confiou.

A liturgia nos convida a refletir sobre o exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e testemunho do projeto libertador de Deus, dado por esses dois grandes apóstolos.

O Evangelho de hoje (Mt 16,13-19) nos chama a reconhecer Jesus como o “Messias, Filho de Deus“, formando assim a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, organizada ao redor de Pedro. A missão da Igreja é testemunhar a salvação trazida por Jesus. À Igreja e a Pedro é dado o poder das chaves, para interpretar e adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios contemporâneos, acolhendo todos que aceitam a proposta de salvação.

A Primeira Leitura (At 12,1-11) mostra como Deus apoia os discípulos em seu testemunho e os protege quando enfrentam rejeição. A ação divina em favor de Pedro, destacada por Lucas, reflete o cuidado de Deus com sua Igreja e seus mensageiros.

A Segunda Leitura (2Tm 4,6-8.17-18) é vista como o “testamento” de Paulo, onde ele faz um balanço de sua vida e compromisso com o Evangelho. Este texto inspirador desafia os crentes de todas as épocas a seguir o caminho cristão com dedicação e vigor, à luz do exemplo de Paulo.

Leituras

Naquele momento, percebi com clareza que o Senhor havia enviado seu anjo
para me resgatar da opressão de Herodes, iluminando meu caminho
com sua graça e proteção divina.

Naqueles dias,
1 o rei Herodes
prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los.
2 Mandou matar à espada Tiago, irmão de João.
3 E, vendo que isso agradava aos judeus,
mandou também prender a Pedro.
Eram os dias dos Pães ázimos.
4 Depois de prender Pedro,
Herodes colocou-o na prisão,
guardado por quatro grupos de soldados,
com quatro soldados cada um.
Herodes tinha a intenção de apresentá-lo ao povo,
depois da festa da Páscoa.
5 Enquanto Pedro era mantido na prisão,
a Igreja rezava continuamente a Deus por ele.
6 Herodes estava para apresentá-lo.
Naquela mesma noite,
Pedro dormia entre dois soldados,
preso com duas correntes;
e os guardas vigiavam a porta da prisão.
7 Eis que apareceu o anjo do Senhor
e uma luz iluminou a cela.
O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse:
“Levanta-te depressa!”
As correntes caíram-lhe das mãos.
8 O anjo continuou:
“Coloca o cinto e calça tuas sandálias!”
Pedro obedeceu e o anjo lhe disse:
“Põe tua capa e vem comigo!”
9 Pedro acompanhou-o, e não sabia que era realidade
o que estava acontecendo por meio do anjo,
pois pensava que aquilo era uma visão.
10 Depois de passarem pela primeira e segunda guarda,
chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade.
O portão abriu-se sozinho.
Eles saíram, caminharam por uma rua
e logo depois o anjo o deixou.
11 Então Pedro caiu em si e disse:
“Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo
para me libertar do poder de Herodes
e de tudo o que o povo judeu esperava!”
Palavra do Senhor.

O Senhor Deus me libertou de todos os meus medos, renovando minha confiança e
fortalecendo minha fé em seu poderoso amparo.

R. De todos os temores me livrou o Senhor Deus.

2Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, *
seu louvor estará sempre em minha boca.
3 Minha alma se gloria no Senhor; *
que ouçam os humildes e se alegrem! R.

4 Comigo engrandecei ao Senhor Deus, *
exaltemos todos juntos o seu nome!
5 Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, *
e de todos os temores me livrou. R.

6 Contemplai a sua face e alegrai-vos, *
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
7 Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, *
e o Senhor o libertou de toda angústia. R.

8 O anjo do Senhor vem acampar *
ao redor dos que o temem, e os salva.
9 Provai e vede quão suave é o Senhor! *
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! R.

Agora, aguardo com fé a coroa da justiça que me está destinada,
fruto da minha perseverança e do amor fiel ao Senhor.

Caríssimo:
6 Quanto a mim,
eu já estou para ser derramado em sacrifício;
aproxima-se o momento de minha partida.
7 Combati o bom combate,
completei a corrida, guardei a fé.
8 Agora está reservada para mim a coroa da justiça,
que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;
e não somente a mim,
mas também a todos que esperam com amor
a sua manifestação gloriosa.
17 Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças;
ele fez com que a mensagem
fosse anunciada por mim integralmente,
e ouvida por todas as nações;
e eu fui libertado da boca do leão.
18 O Senhor me libertará de todo mal
e me salvará para o seu Reino celeste.
A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
Palavra do Senhor.


Tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha Igreja, dando-te as chaves do
Reino dos Céus como símbolo do teu papel na minha obra divina.

Naquele tempo,
13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe
e ali perguntou aos seus discípulos:
“Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”
14 Eles responderam:
“Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias;
Outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
15 Então Jesus lhes perguntou:
“E vós, quem dizeis que eu sou?”
16 Simão Pedro respondeu:
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
17 Respondendo, Jesus lhe disse:
“Feliz és tu, Simão, filho de Jonas,
porque não foi um ser humano que te revelou isso,
mas o meu Pai que está no céu.
18 Por isso eu te digo que tu és Pedro,
e sobre esta pedra construirei a minha Igreja,
e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.
19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus:
tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus;
tudo o que tu desligares na terra
será desligado nos céus”.
Palavra da Salvação.

Homilia

PEDRO E PAULO, LIBERTADOS PARA LIBERTAR

Na festa de Pedro e Paulo, poderíamos destacar as diferenças entre esses dois grandes apóstolos, que são as colunas que mantêm firme a Igreja, a comunidade dos crentes. No entanto, as leituras de hoje nos fornecem base suficiente para sublinhar as semelhanças. Apesar de terem origens diferentes – Jesus chamou Pedro junto aos primeiros discípulos, enquanto Paulo aparece em cena após a morte e ressurreição de Jesus – e terem seguido caminhos diversos – Pedro como apóstolo dos judeus e Paulo dos gentios –, e apesar de suas diferenças – como registrado na carta aos Gálatas (2,11-14), onde em Antioquia trocaram palavras fortes –, há uma experiência comum que fundamenta suas vidas e os motivou a se entregarem, dentro de suas capacidades e reconhecendo suas limitações, ao serviço da pregação da boa nova de Jesus.

PEDRO, LIBERTADO DE SUAS PRÓPRIAS CORRENTES.

As leituras deste domingo (Primeira e Segunda) falam dessa experiência de libertação. Ambos experimentaram a libertação das correntes que os oprimiam. A primeira leitura dos Atos relata a libertação de Pedro do cárcere por um anjo. Conhecemos a vida de Pedro e sua relação com Jesus, sabendo que Jesus sempre o conduziu além dos preconceitos que o aprisionavam, libertando-o para transformá-lo em uma pessoa nova ao serviço do Reino. Recordemos a cena de Pedro no lago, na qual Jesus o liberta de seus próprios temores e o convida a avançar sobre as águas, confiando apenas no Senhor. Portanto, a libertação de Pedro vai além da simples libertação do cárcere. Jesus tornou Pedro livre para o Evangelho. O Pedro que inicialmente queria seguir seu próprio caminho, até mesmo tentando ditar a Jesus como deveria cumprir sua missão (como na confissão de Cesárea), acabou seguindo os caminhos indicados por Jesus e encontrou sua plenitude como pessoa na liberdade.

PAULO, LIBERTADO NO CAMINHO DE DAMASCO.

Na segunda leitura, Paulo fala em primeira pessoa. Dá a impressão de estar no final de sua vida, olhando para trás. Ele combateu o bom combate e aguarda a coroa merecida, reconhecendo que, ao longo desse caminho, o Senhor esteve sempre presente, fortalecendo-o “para anunciar a mensagem por completo”. Ele também afirma que “o Senhor me livrará de todo mal“.

Sem dúvida, Paulo lembra daquela primeira libertação no caminho de Damasco, quando encontrou o Senhor ressuscitado face a face e sua vida ganhou um novo propósito, deixando para trás seu passado farisaico. Ali ele foi libertado da opressão da lei para conhecer a força da graça na vida. Essa experiência de libertação deu sentido a toda sua vida itinerante a serviço do Evangelho, em meio a todos os seus trabalhos, esforços e dores.

CHAVES QUE LIBERTAM E DÃO VIDA.

A libertação está, portanto, na base da experiência vital e fundamental desses dois apóstolos, que são as colunas centrais da nossa fé e da Igreja. A libertação é a experiência que conduz à fé. Confessar Jesus não é apenas uma afirmação intelectual ou uma ideia; muda nossas vidas, como mudou as de Pedro e Paulo. Libertam-nos de preconceitos e medos, abrem-nos para o futuro e dão sentido às nossas vidas. O Reino se revela como a realidade mais valiosa pela qual devemos lutar e entregar nossa vida. Nossas mãos se abrem para a fraternidade, e sentimos Deus como Pai da vida, acolhendo a todos sem exceção.

As CHAVES mencionadas no Evangelho são chaves que abrem prisões, que libertam de preconceitos e doenças, que promovem a fraternidade. Nunca são chaves para oprimir ou condenar pessoas. Devemos condenar apenas aquilo que impede as pessoas de viverem como realmente são: filhos e filhas de Deus, com toda a dignidade e liberdade. Essas chaves, hoje nas mãos de todos os crentes, da Igreja, de todos os que seguem a estrela de Pedro e Paulo e, através deles, a de Jesus, nos capacitam e facultam para abrir, libertar e dar vida. USEMOS ESSAS CHAVES!

Fonte: CIUDAD REDONDA (Missionários Claretianos)