SOLENIDADE DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

A PALAVRA

Somos Filhos do Imaculado Coração de Maria. Como missionários claretianos, nascemos do seu coração e fomos formados por este mesmo coração. Como observou o Papa São João Paulo II na Redemptor Hominis, “o mistério da Redenção tomou forma no Coração da Virgem de Nazaré quando pronunciou seu ‘fiat’. Desde então, sob a influência especial do Espírito Santo, este coração, o coração de uma virgem e mãe, sempre continuou o trabalho do seu Filho e saiu ao encontro de todos aqueles a quem Cristo abraçou e continua abraçando com amor inesgotável”.

Ao celebrar a Solenidade do Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria honramos seu coração materno recordando nossa identidade de filhos seus, renovando nosso compromisso de vivermos segundo a imagem de tais filhos, tal como quis nosso Fundador em sua famosa definição do missionário (Aut. 494). Que bênção para nós o sermos chamados filhos do seu coração! Porque, seu coração é verdadeiramente um templo de Deus, palpitando sempre com amor a Deus e à humanidade. Como escreveu São Jerônimo: “inclusive enquanto vivia no mundo, o coração de Maria estava tão cheio de ternura e compaixão materna pelo povo que ninguém sofreu tanto por seus próprios sofrimentos, como Maria sofreu pelas dores dos seus filhos”.

Nossas lutas são suas lutas, nossos sonhos são seus sonhos, nossas alegrias são suas alegrias. O Papa Francisco nos recorda que Maria é “a serva do Pai que canta seus louvores”. Ela é a amiga que está preocupada com o vinho que se acabou em nossas vidas. Ela é a mulher cujo coração foi transpassado pela espada e que compreende todas as nossas dores. Como mãe de todos, é um sinal de esperança para as pessoas que sofrem as dores do parto da justiça. Ela é a missionária que se aproxima de todos nós e nos acompanha durante toda a nossa vida, abrindo nossos corações à fé por meio do seu amor maternal. Como verdadeira mãe, caminha ao nosso lado, partilha nossas lutas e nos rodeia constantemente com o amor de Deus (Evangelii Gaudium, 286).

Este coração de Maria é terno, cheio de compaixão, mas, como é evidente em seu Magnificat, também busca a justiça: a justiça de Deus: Ela sonha, deseja e trabalha por um mundo transformado onde os pobres sejam cuidados; os oprimidos saiam livres; o orgulho, o poder e a fome sejam eliminados; e a misericórdia de Deus vença. “Esta interação de justiça e ternura, de contemplação e preocupação pelos demais, é o que faz com que a comunidade eclesial considere Maria como modelo de evangelização” (Evangelii Gaudium, 288), um modelo para nossa evangelização claretiana. Procuramos refúgio neste coração; e rezamos para que nossos corações se tornem realmente como o seu, tão cheios de amor por Cristo e pela humanidade sofredora. Rezamos como a Madre Teresa de Calcutá:

Maria, dá-me teu coração; tão belo, tão puro, tão imaculado; teu Coração tão cheio de amor e humildade que eu possa receber a Jesus no Pão da Vida e amá-lo como Tu o amas e servi-lo nos pobres.

É lógico que a Solenidade do Imaculado Coração de Maria siga a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus; o coração da Mãe segue de perto o do Filho. Simeão, o Novo Teólogo do século X, escreveu que devemos colocar nossa mente no coração e permanecer dentro dele e desde o fundo do coração, devemos elevar nossas orações a Deus. Podemos interpretar suas palavras como um convite a unirmos nossos corações ao coração de Maria, contemplando o coração do seu Filho.

Desejo a todos muita alegria e bênção do Coração Materno de Maria, nosso fogo e nosso lar.

Texo: Mathew Vattamattam, CMF 

Leituras

14Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti – oráculo do Senhor.
15Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos.
16O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua cidade) escolhida
17Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua santa morada.
Palavra do Senhor

O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o Seu Nome.
A minha alma engrandece ao Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu salvador. Pôs mos olhos na humildade de sua serva, doravante toda a terra cantará os meus louvores.
O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o Seu Nome.
Seu amor para sempre se estende, sobre aqueles que o temem. Demonstrando o poder de seu braço, dispersa os soberbos.
O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o Seu Nome.
Abate os poderosos de seus tronos e eleva os humildes. Sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada.  
O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o Seu Nome.

12Voltaram eles então para Jerusalém do monte chamado das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, distante uma jornada de sábado.
13Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago.
14Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.
Palavra do Senhor

Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra.
Palavra da Salvação

Reflexão

MARIA, MÃE DO MISSIONÁRIO

Antônio Maria Claret viveu sua relação com Maria com tanta intensidade que, na consagração como bispo, incorporou o nome da Virgem ao seu. Ele chamou Maria por muitos nomes, mas de todos os títulos que juntos formam uma síntese da mariologia claretiana, o de mãe é o que melhor resume a experiência de Claret. Desde menino, ele realmente via Maria como sua mãe celestial. Ele cultivou seu relacionamento com ela rezando o rosário, o Angelus e visitando a ermida de Fusimaña. Esta relação foi caracterizada por intimidade, confiança, amor filial e devoção. Toda a sua infância foi iluminada pelo sorriso maternal da Virgem de Fusimaña.

Quando jovem, ele experimentou vigorosamente o amor maternal dela como proteção contra os perigos.

Sua resposta ao amor maternal de Maria sempre foi um amor de filho. Nas orações que escreveu como noviço jesuíta, ele expressa em palavras apaixonadas esse amor com o qual professa que Maria é sua mãe.

Em Nossa Vida Missionária

Nós, Missionários Claretianos, somos chamados filhos do Imaculado Coração. Em nossa espiritualidade, Maria atua como nossa mãe e nós nos relacionamos com ela como filhos. Essa filiação não é apenas um título. É “uma dimensão existencial da nossa vida missionária. É um dom do Espírito Santo a ser vivido e experimentado, que configura o nosso ser interior e o dinamiza para a missão apostólica”.

Alguns de nossos irmãos viveram intensamente esta dimensão de nossa espiritualidade mariana.  A maternidade espiritual de Maria é uma maternidade que nos dá à luz como missionária. Por isso, o sentido de ser Filho do Imaculado Coração de Maria é essencialmente missionário. Como Mãe, o Coração de Maria é o ambiente no qual o Pai, por meio do Espírito, nos conforma a Cristo. Essa maternidade continua em nossa missão. Nas palavras do Fundador, somos como “OS BRAÇOS DE MARIA”.

MARIA, FUNDADORA DA CONGREGAÇÃO

Nos exercícios que o padre Fundador pregou à Congregação em 1865, aludiu expressamente a Maria como fundadora. Sabemos disso diretamente de alguns de seus pontos e indiretamente do padre Jaime Clotet (cofundador). No esboço de sua palestra sobre zelo, Claret escreve:

A Santíssima Virgem fundou esta Congregação para que seu Coração fosse a Arca de Noé, a torre de Davi, uma cidade de refúgio e o santo santuário.”

Por sua parte, padre Jaime Clotet refere-se às seguintes palavras do Fundador durante uma de suas palestras:

“Tua é a Congregação, Tu a fundaste: Não te lembras, minha Senhora, não te lembras? Disse-o com tal tom de voz e com tanto sentimento que foi fácil perceber que, naquele momento, estava mais uma vez experimentando o comando, as palavras e a presença da Mãe de Deus ”.

Em Nossa Vida Missionária

O Plano Geral de Formação, recordando a nossa herança, alude a Maria como fundadora da Congregação. O que essa expressão está tentando dizer? Do ponto de vista teológico, é claro que quem dá origem às diferentes formas de vida na Igreja é o Espírito Santo. Maria, então, não ocupa o lugar do Espírito. Além disso, dizer que ela é nossa fundadora não significa que ela tenha iniciado nosso Instituto juridicamente. A expressão deve ser entendida no contexto da experiência espiritual de Claret. Ele se sentiu o instrumento de Maria na misteriosa comunhão espiritual que existe entre a Igreja peregrina e a Igreja na glória à qual Maria pertence. Não é estranho, então, que ele possa experimentar a fundação da Congregação como uma manifestação particular da espiritualidade materna de Maria, de seu ímpeto missionário.

Podemos dizer que, como no Pentecostes, Maria continua nos reunindo para que possamos receber o Espírito que nos lança à missão. Nesse sentido, ela funda nossa comunidade missionária. Como mãe para nós, nos reúne e nos dispõe a acolher o Espírito.

Fonte: Claret