SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI E SENHOR DO UNIVERSO

A PALAVRA

No XXXIV Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo, o ápice de nossa jornada litúrgica. Após meses de reflexão e oração, chegamos ao ponto de afirmar com firmeza: Jesus é o nosso Guia, Mestre e Senhor, a referência fundamental para nossas vidas. Ele é a rocha sobre a qual firmamos nossa fé, não uma ideia distante, mas a presença viva que guia nossas ações e nos dá propósito.

A Primeira Leitura (Dn 7,13-14) nos revela a promessa de Deus de intervir na história humana, eliminando a violência e a opressão. A figura do “Filho do Homem” que surge “sobre as nuvens” é uma visão de esperança, um símbolo do retorno da verdadeira humanidade, livre das injustiças. Para os cristãos, esta imagem antecipa a realeza de Jesus, que trará paz e libertação não apenas política, mas espiritual, tocando as profundezas da alma humana.

Na Segunda Leitura (Ap 1,5-8), o autor do Apocalipse descreve Jesus como o “príncipe dos reis da terra“, o Alfa e o Ômega, que governa o tempo e a história. Sua vinda, cheia de poder e glória, estabelecerá um reino de paz eterna, contrastando com os reinos terrenos, falhos e temporais. Este reino será marcado pela harmonia divina, onde a justiça e a felicidade não terão fim.

O Evangelho (Jo 18,33b-37) nos apresenta uma visão radicalmente diferente de realeza. Quando Pilatos questiona Jesus sobre Seu reinado, Ele revela que Seu poder não é baseado em força ou domínio, mas no testemunho da verdade. A missão de Jesus é mostrar que o verdadeiro poder vem do amor, do serviço e do sacrifício. Ele não veio para ser servido, mas para servir, e nos chama a seguir esse exemplo de humildade e generosidade.

Essas leituras nos convidam a refletir sobre a natureza do poder. O poder de Cristo é subversivo: Ele não conquista pela violência ou manipulação, mas pelo amor incondicional e pelo sacrifício. Ele nos desafia a viver de acordo com esses princípios, não para dominar, mas para servir, não para acumular poder, mas para compartilhar o dom da vida.

Ao celebrar Cristo como Rei, reconhecemos que Seu reino não é de riqueza ou controle, mas de humildade, serviço e amor. Ele se faz servo para nos libertar, e essa é a verdadeira grandeza que Ele nos chama a viver. Em um mundo onde o poder muitas vezes é associado à opressão, Cristo nos oferece um reino diferente, onde a verdadeira grandeza é encontrada na humildade e no serviço. Assim, somos desafiados a construir, em nossas vidas, um reino de amor, paz e verdade, refletindo a realeza daquele que não veio para ser servido, mas para servir.

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Em um mundo sedento de poder passageiro, somos chamados a contemplar o poder eterno de Cristo, que traz paz, justiça e um reino imutável, não pela força, mas pelo amor que transforma e liberta.

13 “Continuei insistindo na visão noturna,
e eis que, entre as nuvens do céu,
vinha um como filho de homem,
aproximando-se do Ancião de muitos dias,
e foi conduzido à sua presença.
14 Foram-lhe dados poder, glória e realeza,
e todos os povos, nações e línguas o serviam:
seu poder é um poder eterno
que não lhe será tirado,
e seu reino, um reino que não se dissolverá”.
Palavra do Senhor.

Deus, Rei eterno, reina com poder e glória, convidando-nos a encontrar paz em Sua soberania imutável.

R. Deus é Rei e se vestiu de majestade,
     glória ao Senhor!

1a Deus é Rei e se vestiu de majestade, * 
 b revestiu-se de poder e de esplendor! R.

  c Vós firmastes o universo inabalável, 
2 vós firmastes vosso trono desde a origem, * 
desde sempre, ó Senhor, vós existis! R.

5 Verdadeiros são os vossos testemunhos, 
refulge a santidade em vossa casa, *
pelos séculos dos séculos, Senhor! R.

O soberano dos reis nos chamou a ser um reino de sacerdotes, servindo com coração puro e espalhando Sua paz.

5 Jesus Cristo, é a testemunha fiel,
o primeiro a ressuscitar dentre os mortos,
o soberano dos reis da terra.
A Jesus, que nos ama,
que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados
6 e que fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai,
a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém.
7 Olhai! Ele vem com as nuvens,
e todos os olhos o verão
também aqueles que o traspassaram.
Todas as tribos da terra
baterão no peito por causa dele.
Sim. Amém!
8 “Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus,
“aquele que é, que era e que vem,
o Todo-poderoso”.
Palavra do Senhor.

Jesus revela Sua realeza não pelo poder terreno, mas pela verdade que liberta e transforma os corações.

Naquele tempo,
33b Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe:
“Tu és o rei dos judeus?”
34 Jesus respondeu:
“Estás dizendo isto por ti mesmo,
ou outros te disseram isto de mim?”
35 Pilatos falou: 
“Por acaso, sou judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes 
te entregaram a mim.
Que fizeste?”.
36 Jesus respondeu:
“O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui”.
37 Pilatos disse a Jesus:
“Então tu és rei?”
Jesus respondeu:
“Tu o dizes: eu sou rei.
Eu nasci e vim ao mundo para isto:
para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade
escuta a minha voz”.
Palavra da Salvação.

Homilia

O PODER DE JESUS, REI DO UNIVERSO

Neste último domingo do ano litúrgico, a Igreja nos convida a contemplar e adorar Jesus como o REI DO UNIVERSO, refletindo sobre Seu poder infinito e Sua influência transformadora na história. Mais do que um governante terreno, Ele é o Senhor absoluto sobre todas as coisas, e Sua soberania transcende tempo e espaço. A reflexão se divide em cinco partes essenciais:

Me foi dado todo o poder – Jesus possui um poder absoluto, não baseado na força, mas no amor incondicional, que se manifesta tanto nas grandes vitórias quanto nos gestos de compaixão e perdão.

O poder imperial e o poder de Deus – O poder humano busca dominar, mas o poder de Deus é exercido na misericórdia, justiça e verdade, trazendo uma paz profunda e duradoura que vai além da compreensão humana.

A identidade do Filho do Homem – Jesus, como o “Filho do Homem”, revela Sua autoridade divina e Seu reinado eterno, que transcende o poder terreno e se estende à eternidade.

O poder de nosso guarda-costas – Jesus é nosso protetor, um Rei que nos defende com Seu poder imensurável e nos liberta do mal, oferecendo Sua vida na cruz para nossa salvação.

A chamada a ser povo de reis – Somos chamados a reinar com Cristo, não buscando poder ou status, mas vivendo com humildade, amor e serviço. Nosso reinado está em imitar Seu amor sacrificial e ajudar a construir um reino de paz e justiça.

Nesta solenidade, somos convidados a refletir sobre o verdadeiro poder de Cristo, que não se mede em conquistas, mas na capacidade de transformar vidas. Ao reconhecer Sua soberania, somos chamados a viver como filhos amados, construindo, guiados pelo Seu amor, um mundo mais justo e pacífico.

ME FOI DADO TODO O PODER

Jesus, pouco antes de Sua ascensão, proclamou com uma autoridade que ressoa até os dias de hoje: “Me foi dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18). Essas palavras são, ao mesmo tempo, profundas e impressionantes, pois um ser humano como nós afirma que Deus lhe concedeu todo o poder sobre o universo. Mas o que isso realmente significa? Esse poder não é simbólico ou puramente espiritual, como se fosse apenas uma ideia abstrata; trata-se de um poder real, abrangente, que se estende sobre toda a criação.

O profeta Daniel, em sua visão, descreve um ser “como um filho do homem” que se aproxima do “Ancião de muitos dias” (imagem de Deus Pai, que é eterno) e recebe o domínio, a glória e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o sirvam (Daniel 7:13-14). Esse domínio é eterno, imbatível, e não será destruído. Essa imagem de Daniel nos transporta para a verdade absoluta de que o reino de Cristo não se limita a um período ou a um território específicos; é um reinado sem fim, que não será abalado pelas forças do tempo e da história.

Refletindo sobre essas palavras, somos convidados a perceber a magnitude do poder de Jesus, que transcende qualquer entendimento humano. Ele é Rei não apenas em sentido figurado, mas de forma concreta e absoluta, governando sobre tudo o que existe. Sua soberania não é uma simples governança terrena, mas a supremacia divina que envolve cada aspecto da criação. O que podemos aprender com isso para nossas vidas? Que, por mais desafiadoras que sejam as circunstâncias ao nosso redor, existe um poder maior que rege o universo, um poder eterno que não falha.

Além disso, essas palavras nos chamam a reconhecer que, como cristãos, somos chamados a viver sob a autoridade desse Rei. O poder de Jesus não é usado para submeter, mas para salvar, para redimir e para oferecer a todos a possibilidade de uma nova vida, cheia de esperança e liberdade. Jesus nos convida a ser Seus colaboradores no reino de Deus, sendo luz e sal para o mundo, com a força e o poder que Ele nos concede. Esse chamado é para todos nós, sem exceção.

Portanto, ao meditarmos sobre a profundidade dessas palavras, somos inspirados a viver com uma fé firme na soberania de Cristo, um Rei que governa com sabedoria, amor e justiça. Ele é o Senhor eterno, e Sua autoridade é um refúgio seguro para aqueles que O seguem. Que possamos nos render a Ele, confiantes de que Sua soberania trará a verdadeira paz e a transformação que tanto precisamos em um mundo repleto de incertezas.

O PODER IMPERIAL E O PODER DE DEUS

Em contraste com o poder de Jesus, encontramos Pilatos, que representa um poder imperialista baseado na violência e no controle das vidas. Pilatos detém a capacidade de decidir sobre a vida ou a morte de muitos, mas esse poder é efêmero e destrutivo, limitado pela temporalidade e pela fragilidade humana. Sua autoridade, embora aparentemente grande, é marcada pela imposição e pela ameaça, algo que nunca pode oferecer verdadeira paz ou justiça.

Por outro lado, Jesus possui um poder que é radicalmente diferente. Seu poder é o poder da vida, da luz e da verdade. Embora Sua aparência seja humilde, Sua autoridade não vem de uma posição política ou militar, mas do próprio Deus, cuja soberania transcende qualquer estrutura terrena. A grandeza de Jesus não se reflete em força ou domínio, mas em Seu amor incondicional e em Sua capacidade de transformar corações.

A confrontação entre Pilatos e Jesus revela, de maneira clara, dois tipos de poder: um que é sustentado pela opressão e outro que é fundamentado no amor e na dignidade humana. Enquanto Pilatos se apoia em seu poder imperial para submeter e controlar, Jesus nos ensina que o verdadeiro poder é aquele que liberta, que eleva o ser humano à sua dignidade plena, respeitando a liberdade e a vida de cada pessoa.

Essa tensão entre dois tipos de poder se desenrola diante de nós não apenas como um acontecimento histórico, mas como um convite a refletirmos sobre o tipo de poder que estamos dispostos a viver e a seguir em nossas próprias vidas. O poder de Jesus nos chama a ser mais do que simples espectadores da história; ele nos convida a viver em sua verdade, a ser agentes de mudança e de amor no mundo, contrários às forças que buscam o controle e a opressão.

Que possamos nos questionar: qual poder estamos realmente buscando? O poder que destrói ou o poder que dá vida? O poder de Jesus não é apenas um poder a ser admirado à distância, mas uma força transformadora que se faz presente em cada gesto de misericórdia, em cada ato de serviço ao próximo. Ao escolher o poder de Jesus, escolhemos a vida verdadeira, a luz que ilumina os nossos caminhos, e a verdade que nos liberta.

A IDENTIDADE DO FILHO DO HOMEM

A imagem do “Filho do Homem” é central nas Escrituras, carregando consigo um profundo significado teológico e uma mensagem de esperança e redenção. Em Daniel 7, 13-14, vemos essa figura celestial recebendo autoridade universal após uma série de reinados opressores. Essa imagem de um governante divino que recebe o domínio sobre todas as coisas aparece como um contraste poderoso com os reinos humanos, que muitas vezes buscam conquistar e subjugar. Mas Jesus adota essa mesma imagem para Se revelar a nós, mostrando que Seu reino não é como os reinos da terra.

Jesus, ao se identificar como o “Filho do Homem“, nos convida a entender Sua missão de maneira radicalmente diferente de qualquer líder terreno. Ele não busca o poder para dominar ou para impor sua vontade, mas, ao contrário, busca o poder para servir, libertar e transformar. Seu reinado não é uma conquista militar ou uma imposição de força, mas uma expressão de justiça, amor e paz. Em Sua realeza, a opressão dá lugar à liberdade, a violência cede espaço para a misericórdia, e o medo se transforma em confiança.

O “Filho do Homem” de Daniel é descrito como alguém que recebe a autoridade de Deus para governar sobre todos os povos, mas Jesus nos mostra que o poder de Seu reino não é opressor nem destrutivo, mas curador e libertador. Ele reina não com força, mas com verdade; não com leis rígidas, mas com o coração aberto para cada ser humano, disposto a acolher, a perdoar e a oferecer a vida.

Essa imagem de Jesus como “Filho do Homem” revela a profundidade do Seu amor e do Seu compromisso com a humanidade. Ele Se apresenta como o Rei que, ao contrário dos reis terrenos, não usa Sua posição para se elevar, mas para nos levantar, para nos tirar das sombras da opressão e nos conduzir à luz da verdadeira liberdade. Ele é o Rei que faz do serviço o centro de Seu reinado, e Sua autoridade é um reflexo do amor divino que se estende a todos.

Ao contemplarmos essa imagem, somos desafiados a repensar nossas próprias formas de poder e autoridade. Que tipo de reino estamos construindo em nossas vidas? Buscamos o poder para controlar ou para servir? O reinado de Jesus nos chama a viver de maneira contrária às lógicas de dominação que tantas vezes moldam a sociedade. Ele nos convida a ser partícipes de Seu reino de amor, onde a verdadeira grandeza está em servir aos outros, onde o poder é medido pela capacidade de perdoar, curar e trazer paz.

Neste contexto, Jesus nos ensina que a verdadeira autoridade não se encontra em ser servido, mas em servir; não em dominar, mas em libertar. Sua imagem como o “Filho do Homem” é a imagem do Rei que, ao invés de buscar o domínio, oferece Seu próprio sacrifício por nós, dando-nos a oportunidade de fazer parte de um reino onde o amor e a paz são as bases de tudo. Que possamos, ao olhar para Jesus, ser inspirados a viver de acordo com os valores de Seu reino, buscando sempre a justiça, o amor e a paz.

O PODER DE NOSSO GUARDA-COSTAS

Não devemos demonizar o poder, mas sim discernir qual tipo de poder estamos dispostos a servir. Esta reflexão nos desafia a olhar além das aparências e entender que o poder, em si, não é intrinsecamente mau; ele se torna destrutivo ou redentor dependendo de como é utilizado. Jesus ressuscitado nos oferece um modelo de poder completamente diferente do que estamos acostumados a ver no mundo. Ele não é um rei que se impõe pela força ou pelo medo, mas um Rei invisível, porém real, cuja presença é sentida na guia amorosa que nos conduz à plenitude.

Em nossas incertezas e fragilidades, muitas vezes nos sentimos perdidos, cercados por dúvidas que ameaçam nos consumir. Mas é justamente nesses momentos que somos chamados a confiar no Senhor ressuscitado, nosso Pastor que nos leva a águas tranquilas, como tão poeticamente descreve o Salmo 23. Ele não apenas conhece o caminho para essas águas, mas nos guia pacientemente, oferecendo paz para nossas almas inquietas.

Quando proclamamos o poder do Senhor ressuscitado, começamos a perceber algo transformador: esse poder não está distante ou confinado à esfera celestial. Ele flui por meio de nós, infiltrando-se em nossas ações, nossas palavras e em como nos relacionamos com o mundo. É um poder que traz vida onde havia morte, esperança onde havia desespero e reconciliação onde havia divisão.

Pense em como esse poder pode se manifestar no dia a dia. Talvez seja na força para perdoar alguém que nos feriu profundamente, algo que parecia impossível até sentirmos o amor de Cristo nos capacitar a deixar o rancor para trás. Ou talvez seja na coragem de defender a verdade e a justiça, mesmo quando isso significa ir contra a corrente. Este é o poder do Senhor ressuscitado em ação: um poder que não busca engrandecer a si mesmo, mas transformar vidas.

Esse discernimento sobre o poder nos convida a uma escolha profunda e pessoal: qual é o poder que queremos servir? O poder que divide, oprime e destrói, ou o poder que cura, liberta e restaura? O reinado de Cristo nos chama a dizer “sim” a um poder que transforma, que nos envolve em Sua luz e nos convida a ser instrumentos dessa transformação no mundo.

Ao meditar sobre isso, somos inspirados a reavaliar nossas prioridades e nossas ambições. Que o Senhor ressuscitado nos ajude a ser canais de Seu poder restaurador, levando paz, justiça e amor a todos os cantos onde estivermos. Afinal, o poder de Cristo não apenas nos guia para águas tranquilas, mas nos ensina a sermos fontes de tranquilidade para aqueles ao nosso redor.

A CHAMADA A SER POVO DE REIS

A mensagem nos convida a algo profundo: reconhecer que, ao seguir Jesus e entregar nossas vidas ao Seu poder, somos transformados em membros do “POVO DE REIS”. Este chamado não é apenas uma promessa distante, mas uma realidade que nos alcança e nos envolve aqui e agora. Jesus, com Sua autoridade amorosa e eterna, nos assegura: “Estarei com vocês todos os dias” (Mateus 28:20). Estas palavras, ditas por Ele antes de subir aos céus, são uma declaração de compromisso inabalável. Ele não nos abandona, mas caminha conosco, seja nos momentos de alegria ou nos dias de dor.

Ser parte deste “povo de reis” significa muito mais do que possuir autoridade; é um convite a viver de forma transformada, em uma luz que não pode ser ofuscada pelas trevas do mundo. É um chamado para refletirmos o amor de Cristo em cada decisão, em cada palavra e em cada gesto. É um lembrete de que somos representantes Dele neste mundo, embaixadores de Sua bondade e justiça.

Pense no impacto dessa promessa. Imagine a coragem que ela pode trazer para enfrentar desafios aparentemente intransponíveis. Jesus não nos promete uma ausência de dificuldades, mas nos dá a certeza de Sua presença constante. Ele está conosco no silêncio das orações não respondidas, nos encontros inesperados que nos trazem esperança, e até nas lutas interiores que nos levam a uma maior dependência Dele.

Viver como parte do povo de reis é responder a esse chamado com ação. É permitir que a luz de Jesus brilhe em nossas vidas, transformando-nos em instrumentos de paz, de amor e de verdade. Quando escolhemos agir como representantes Dele, levamos esperança aos desesperados, conforto aos aflitos e uma palavra de reconciliação onde há divisão.

É um convite que exige confiança, entrega e um coração disposto a ser moldado. Porém, a recompensa é gloriosa: viver na luz de Cristo e experimentar a alegria de caminhar com Aquele que prometeu nunca nos deixar. Que possamos, dia após dia, renovar nossa resposta a esse chamado, tornando-nos espelhos de Sua luz em um mundo que tanto necessita do brilho do Salvador.

CONCLUSÃO

Neste dia de solenidade, somos convidados a celebrar uma verdade extraordinária: Jesus Cristo é o Rei do Universo. Seu reino não é uma promessa distante ou uma mera abstração espiritual, mas uma realidade viva, presente e transformadora. É um poder que toca nossos corações, muda nossas perspectivas e nos chama a sonhar com um futuro repleto de esperança, mesmo diante dos desafios que o mundo apresenta.

Ao reconhecer Sua autoridade sobre nossas vidas, unimo-nos à poderosa proclamação do Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega… aquele que é, que era e que há de vir” (Apocalipse 1:8). Esta declaração ecoa por toda a história, reafirmando que Cristo é o início e o fim de todas as coisas, o centro em torno do qual gira todo o universo. Sua soberania não é como os reinos terrenos, marcados por fragilidade e limitações; é um reinado eterno, cheio de justiça, amor e paz.

Pensar em Jesus como Rei do Universo nos convida a refletir profundamente sobre o significado de Sua autoridade em nossas vidas. O que significa, de fato, entregarmos a Ele o governo de nossos corações? Significa confiar nos momentos de incerteza, sabendo que Ele dirige tudo com perfeição. Significa também permitir que Suas verdades moldem nossas escolhas e ações diárias, tornando-nos testemunhas vivas de Seu poder.

Sonhar o impossível com Ele nos leva ao imprevisível. Assim como Ele transformou cruzes em símbolos de vitória e mortes em promessas de ressurreição, Jesus nos chama a enxergar além do que nossos olhos naturais podem captar. Com Ele, desafios se tornam oportunidades, fraquezas se tornam forças e medos se dissipam diante de Sua presença. Este é o Reino que celebramos hoje: um Reino que se manifesta na simplicidade do perdão, na força do amor e na esperança que nunca decepciona.

Ao celebrarmos esta solenidade, deixemos que esta realidade nos inspire a viver de forma diferente. Que nossas vidas sejam testemunhos de que este Rei não é distante, mas está conosco, governando com graça e verdade. Ele não impõe Seu reinado, mas nos convida a fazer parte dele, a sermos instrumentos de Sua luz e agentes de transformação em um mundo que ainda anseia por redenção. Que possamos proclamar, com fé e alegria: Cristo é o Rei do Universo, e Ele reina agora e para sempre.

FIM DO ANO LITÚRGICO

As palavras da Aliança acompanharam-nos ao longo deste ano litúrgico. São palavras unificadoras, recriadoras, cheias de simbolismo unificador.

Espero que no final deste ano litúrgico, nós que percorremos o caminho, guiados pelas Palavras da Aliança, vejamos com mais clareza a meta, desfrutemos do sentido, descubramos desde outra perspectiva o mundo que nos é oferecido.

Vale a pena ingressar nesta Escola da Aliança, pois nela encontramos:

PURIFICAÇÃO
Descobrimo-nos manchados pelas idolatrias que dominam o nosso mundo e aos poucos nos sentimos seduzidos pelo Deus verdadeiro, o Abba libertador, o Deus das alianças estreitas

ILUMINISMO
A Aliança é a visão do todo, do todo em todo o seu esplendor; nos abre à luz de todas as luzes, à conexão de todas as conexões. A Aliança é a chave para sair da escuridão que nos relega ao individualismo.

UNIÃO
A Aliança é um dinamismo que une tudo, conecta tudo, que gera a Totalidade, a única que é sagrada

Estas não são palavras vazias que são levadas pelo vento. A liturgia está repleta da Palavra da Aliança. Espero ter contribuído um pouco para perceber a realidade de outra perspectiva depois de meditar as palavras da Aliança.

Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU