O Tempo da Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, excluída. É o momento de preparar a celebração da Páscoa, refletindo diariamente sobre nossa caminhada cristã. O ritual das cinzas expressa uma atitude de conversão e arrependimento, que devemos reforçar ao longo da Quaresma.
Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica, esclarece-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal, que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela penitência, faz os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, predispondo-os à celebração do mistério pascal.
Segundo o evangelista Mateus, Jesus ensina-nos a interiorizar a observância da Quaresma. O que torna válidos nossos sacrifícios, donativos e orações é a atitude interior de conversão em relação a Deus e aos nossos irmãos. “Quando dás esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.
A Quaresma nos chama à conversão, à oração e à prática do bem e da caridade. Escutemos o que nos pede o profeta, na Quarta-feira de Cinzas: “Rasgai o coração e não as vestes“. Dessa forma, alcançamos a retidão interior e agimos de modo mais consequente em nossa vida. Caminhemos, pois, sob a luz da Palavra do Senhor até alcançarmos em Cristo a plenitude de seu amor e misericórdia.
Neste Tempo de Quaresma, supliquemos a Deus para guiar nossa consciência nos valores do Reino e firmar os passos de vosso povo no caminho da concórdia, do diálogo e da solidariedade. Que possamos reconhecer que somos pó, e que ao pó voltaremos, obtendo, pela observância do Tempo de Quaresma, o perdão dos pecados e vivendo uma vida nova à semelhança do vosso Filho ressuscitado.
Caríssimos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus nos faz dois apelos fortíssimos: Reconciliai-vos com Deus, Convertei-vos e crede no Evangelho. Ainda dá tempo, somos chamados para acolher com amor a ação misericordiosa de Deus, voltando-nos para Ele, pois Jesus vem ao nosso encontro. É um momento sublime, pois, ao admitirmos que devemos melhorar nosso modo cristão no mundo em que vivemos, estejamos certos de que haverá progresso em nós.
Quando me esforço para viver o projeto do Reino, Deus me dá a graça do crescimento Nele, confiando em sua misericórdia que nos liberta e nos salva. Os três pilares da espiritualidade do Tempo da Quaresma são: a esmola, em segredo, vista somente por Deus; a oração, em segredo, vista por Deus em um lugar oculto; o jejum, visto pelo Pai presente no oculto.
Ainda dá tempo, e não devemos perder de vista que nada seja feito com ostentação, tudo com simplicidade na humildade, no silêncio e no segredo sagrado entre você e Deus. São Paulo Apóstolo brada: “Reconciliai-vos com Deus! Ainda dá tempo“. Os gestos de caridade têm valor se forem realizados como sinais de conversão do coração. Não devemos apenas parecer caridosos, mas sermos de fato, independentemente de estarmos diante dos olhares dos outros. Jamais devemos ter a intenção de chamar a atenção dos outros no intuito de mostrar que somos piedosos.
Ainda dá tempo, peçamos a Deus o discernimento para não fazer nada por orgulho, nem tampouco deixar de fazer por medo de praticar o bem. Neste Tempo de Quaresma, Jesus nos convida à discrição, ou seja, “fazer em segredo” para que Deus seja glorificado. No entanto, esse desejo de segredo não pode paralisar os discípulos do Senhor. Não podemos também cair no outro extremo da tentação, que consiste em não praticar o bem com vergonha. O mundo precisa de paz, e nosso coração precisa de amor!
Ainda dá tempo: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO DE JESUS CRISTO!
Texto: Sérgio Bonavides, Advogado, Ex-Vereador em Santos, e membro da Igreja Católica na Diocese da cidade de Santos.