III DOMINGO DA PÁSCOA (Ano C)

A PALAVRA

O terceiro Domingo Pascal não é apenas mais uma data no calendário litúrgico – é um convite urgente a fixarmos o olhar no coração da fé cristã:a ressurreição de Jesus. Não se trata de um evento do passado, mas de uma realidade viva, um “GRANDE DOMINGO” que vai da Páscoa até Pentecostes, inundando nossos dias de sentido. E a pergunta que ressoa é: como tornar visível, hoje, a força transformadora dessa vitória sobre a morte?

A Primeira Leitura (At 5,27b-32.40b-41) nos leva às ruas de Jerusalém, onde os apóstolos, mesmo ameaçados, não se calam. Eles não anunciam uma ideia, mas uma verdade viva: Jesus está ressuscitado! As autoridades tentam calá-los, mas como deter quem viu a luz romper as trevas do sepulcro?

Há aqui um ponto essencial: o anúncio dos apóstolos é encarnado. Eles mostram Jesus em uma comunidade unida, onde “ninguém considerava exclusivamente seu o que lhe pertencia” (At 4,32). Nosso testemunho só será crível se for sustentado por uma vida que irradie a novidade do Ressuscitado.

A Segunda Leitura (Ap 5,11-14) nos projeta a uma dimensão cósmica: Jesus, o Cordeiro imolado, é aclamado por anjos, criaturas e até pelos oceanos e abismos. Não é poesia simbólica: é o anúncio de que a ressurreição alcança toda a criação.

Se até as estrelas louvam o Ressuscitado, como permanecer em silêncio? A liturgia nos convida a unir nossa vida a esse louvor eterno, com os lábios, mas sobretudo com ações voltadas para a adoração e a missão.

O Evangelho (Jo 21,1-19) mostra os discípulos voltando à pesca, como se tudo tivesse acabado. Mas é quando obedecem à palavra de Jesus – “Lançai a rede” – que ocorre a pesca milagrosa.

Essa é a chave: sem Cristo, nossos esforços são vãos. A missão cristã não é fazer mais, mas escutar melhor. Foi na rede vazia que Pedro reconheceu o Senhor.

Este domingo nos desafia:

Testemunhar com coragem;
Louvar com o universo inteiro;
Agir a partir de Cristo, e não do ativismo.

A ressurreição é um chamado. E você, está pronto para lançar a rede onde Ele mandar?

Fonte: Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus

Leituras

Em meio às provações do nosso tempo, ressoa a certeza imutável: “Disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo” , pois cada alma fiel experimenta esta divina cumplicidade.

Naqueles dias,
os guardas levaram os apóstolos
e os apresentaram ao Sinédrio.
27b O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo:  
28 “Nós tínhamos proibido expressamente
que vós ensinásseis em nome de Jesus.
Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém
com a vossa doutrina.
E ainda nos quereis tornar responsáveis
pela morte desse homem!”
29 Então Pedro e os outros apóstolos responderam:
“É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens.
30 O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus,
a quem vós matastes, pregando-o numa cruz.
31 Deus, por seu poder, o exaltou,
tornando-o Guia Supremo e Salvador,
para dar ao povo de Israel a conversão
e o perdão dos seus pecados.
32 E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo,
que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”.
40b Então mandaram açoitar os apóstolos e
proibiram que eles falassem em nome de Jesus,
e depois os soltaram.
41 Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes,
por terem sido considerados dignos de injúrias,
por causa do nome de Jesus.
Palavra do Senhor.

No silêncio das lágrimas escondidas, brota o cântico da alma que reconhece: “Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!”, pois só em Deus a dor floresce em graça.

R. Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.

2 Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes, *
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
4 Vós tirastes minha alma dos abismos *
e me salvastes, quando estava já morrendo! R.

5 Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, *
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
6 Pois sua ira dura apenas um momento, *
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos, *
de manhã vem saudar-nos a alegria. R.

11 Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! *
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
12 Transformastes o meu pranto em uma festa, *
13b Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos! R.

Em tempos de dúvida e fragilidade, contemplamos com fé renovada Aquele que venceu a morte, pois “o Cordeiro imolado é digno de receber o poder e a riqueza”, eternamente.

Eu, João, vi
11 e ouvi a voz de numerosos anjos,
que estavam em volta do trono,
e dos Seres vivos e dos Anciãos.
Eram milhares de milhares, milhões de milhões,
12 e proclamavam em alta voz:
“O Cordeiro imolado é digno de receber
o poder, a riqueza, a sabedoria e a força,
a honra, a glória e o louvor”.
13 Ouvi também todas as criaturas
que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar,
e tudo o que neles existe, e diziam:
“Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro,
o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”.
14 Os quatro Seres vivos respondiam: “Amém”,
e os Anciãos se prostraram em adoração
daquele que vive para sempre.
Palavra do Senhor.

Na simplicidade dos gestos cotidianos, reconhecemos o Ressuscitado que sacia a fome mais profunda, pois “Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o a eles. E fez a mesma coisa com o peixe”

Naquele tempo,
1 Jesus apareceu de novo aos discípulos,
à beira do mar de Tiberíades.
A aparição foi assim:
2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo,
Natanael de Caná da Galiléia,
os filhos de Zebedeu
e outros dois discípulos de Jesus.
3 Simão Pedro disse a eles: 
“Eu vou pescar”.
Eles disseram: 
“Também vamos contigo”.
Saíram e entraram na barca,
mas não pescaram nada naquela noite.
4 Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem.
Mas os discípulos não sabiam que era Jesus.
5 Então Jesus disse:
“Moços, tendes alguma coisa para comer?”
Responderam: “Não”.
6 Jesus disse-lhes:
“Lançai a rede à direita da barca, e achareis”.
Lançaram pois a rede
e não conseguiam puxá-la para fora,
por causa da quantidade de peixes.
7 Então, o discípulo a quem Jesus amava
disse a Pedro: 
“É o Senhor!”
Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor,
vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar.
8 Os outros discípulos vieram com a barca,
arrastando a rede com os peixes.
Na verdade, não estavam longe da terra,
mas somente a cerca de cem metros.
9 Logo que pisaram a terra,
viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão.
10 Jesus disse-lhes:
“Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
11 Então Simão Pedro subiu ao barco
e arrastou a rede para a terra.
Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes;
e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.
12 Jesus disse-lhes: 
“Vinde comer”.
Nenhum dos discípulos
se atrevia a perguntar quem era ele,
pois sabiam que era o Senhor.
13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles.
E fez a mesma coisa com o peixe.
14 Esta foi a terceira vez que Jesus,
ressuscitado dos mortos,
apareceu aos discípulos.
15 Depois de comerem,
Jesus perguntou a Simão Pedro:
“Simão, filho de João,
tu me amas mais do que estes?”
Pedro respondeu:
“Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Jesus disse: 
“Apascenta os meus cordeiros”.
16 E disse de novo a Pedro:
“Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro disse: 
“Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Jesus lhe disse:
“Apascenta as minhas ovelhas”. 
17 Pela terceira vez, perguntou a Pedro:
“Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro ficou triste,
porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava.
Respondeu: 
“Senhor, tu sabes tudo;
tu sabes que eu te amo”.
Jesus disse-lhe: 
“Apascenta as minhas ovelhas.
18 Em verdade, em verdade te digo:
quando eras jovem,
tu te cingias e ias para onde querias.
Quando fores velho,
estenderás as mãos e outro te cingirá
e te levará para onde não queres ir”.
19 Jesus disse isso,
significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. 
E acrescentou : 
“Segue-me”.
Palavra da Salvação.

Homilia

DA “RENÚNCIA” À “MISSÃO”

Quando Jesus, o Vivente, não é reconhecido pelos olhos da fé, a comunidade cristã perde sua forma e se desfaz como névoa ao vento; a missão enfraquece, e o medo silencioso penetra nas entranhas da alma. Mas, quando sua presença é percebida e acolhida no coração, a comunidade reencontra seu centro, renasce em comunhão, e a missão se acende com sentido, coragem e fecundidade.

Para aprofundarmos essa mensagem, proponho dividir esta homilia em três momentos de contemplação:

  • Renúncia e Amanhecer
  • O Exame do Amor
  • Obedecer é Deixar-se Conduzir por Deus

RENÚNCIA E AMANHECER

Hoje, o Evangelho de João nos revela que os discípulos, liderados por Pedro, estavam de volta à Galileia, ocupados novamente com suas antigas tarefas. Pedro lhes disse: Vou pescar, e eles responderam: Nós também vamos contigo! (Jo 21,3). Ficava para trás a experiência ardente de ter deixado tudo por Jesus. Agora, com a ausência do Mestre, retornam às redes e aos barcos; a missão – Farei de vocês pescadores de homens – parece dar lugar à demissão, e os peixes voltam a ser seu objetivo.

Trabalham e lutam durante toda a noite. Mas o resultado… é nulo! Todo o esforço, toda a fadiga, torna-se inútil. E a decepção pesa forte sobre seus ombros. Exaustos e desanimados, regressam à margem, carregando apenas o vazio. E ali, na aurora ainda tímida, alguém os espera. E lhes diz, com ternura e autoridade: Lançai a rede ao lado direito da barca (Jo 21,6).

Eles obedecem. Deixam-se surpreender. Mudam sua perspectiva, tornam-se servidores da Palavra que acabaram de ouvir. E, nesse gesto de confiança, começam a reconhecer que Aquele que fora crucificado agora está presente – vivo e ressuscitado. A alegria explode em seus corações quando veem a rede se encher de peixes, a ponto de não conseguirem arrastá-la.

É o discípulo amado quem percebe primeiro. Seu coração sensível capta a presença, e ele proclama, em um sussurro carregado de emoção: É o Senhor! (Jo 21,7). Pedro, impetuoso e ardente como sempre, não hesita: lança-se imediatamente às águas para ir ao encontro de Jesus. Pouco a pouco, todos têm a certeza silenciosa: é o Senhor. Ninguém ousa perguntar; o amor reconhece sem precisar de palavras.

O EXAME DO AMOR

Jesus os reúne ao redor da comida. E, mais uma vez, toma a iniciativa: aproxima-se de Pedro e lhe pergunta, não sobre sua fé, mas sobre o seu amor – não uma vez, mas três vezes. “Você me ama?” E até pergunta: Você me ama mais do que todos esses? Pedro lhe responde: “Senhor, tu sabes que te amo…” E Jesus restabelece a confiança: Apascenta minhas ovelhas… minhas ovelhinhas.

Jesus não deseja um Pedro-pescador, mas um Pedro bom pastor, disposto a dar a vida pelas ovelhas.

Neste terceiro Domingo da Páscoa, somos convidados a refletir sobre a profundidade do amor que Cristo espera de nós. Não basta uma fé superficial ou uma adesão formal às suas palavras; Ele nos chama a uma entrega radical e sincera. Como Pedro, somos chamados a responder ao amor de Jesus com um amor que transcende os limites do conforto e da rotina. Ele não nos quer apenas como seguidores, mas como pastores que cuidam e conduzem outros com a mesma dedicação com a qual Ele nos cuida. Em um mundo marcado pela busca de poder e sucesso, o convite de Cristo para ser “bom pastor” se apresenta como um chamado à humildade, ao sacrifício e ao amor genuíno.

Que possamos refletir profundamente sobre essa interrogação divina: Você me ama? E, ao responder, que nossa vida reflita o compromisso com esse amor – não de palavras vazias, mas de atitudes concretas, que espelham a compaixão de Cristo pelos mais necessitados.

OBEDECER É DEIXAR-SE CONDUZIR POR DEUS

Os discípulos abandonaram sua própria iniciativa e se deixaram conduzir. Perderam o medo. Renascida, a primeira vocação foi restaurada. Confessaram sua fé diante dos tribunais. Pedro, que silenciou sua identidade diante de uma serva do sumo sacerdote, começa agora a anunciar Jesus, mesmo que isso lhe custe a vida.

Neste III Domingo da Páscoa, somos chamados a refletir sobre o renascimento da coragem e da fé. Em um mundo que muitas vezes nos pressiona a esconder nossa identidade e nossos valores, os discípulos nos ensinam que a verdadeira coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade de superá-lo pela força do amor de Cristo. Você me ama? (João 21,15), nos pergunta o Senhor. E essa pergunta ressoa também em nossos dias, desafiando-nos a viver uma fé que se manifesta não apenas nas palavras, mas principalmente nas atitudes, mesmo diante das adversidades.

Que neste tempo pascal possamos renovar nosso compromisso com Cristo, não apenas em momentos de conforto, mas em todos os momentos — até mesmo quando isso exigir de nós sacrifícios. Assim como Pedro, somos chamados a anunciar Jesus com a mesma coragem que ele teve, mesmo que isso nos leve ao limite. A fé que nos ressurge na Páscoa nos fortalece para sermos testemunhas vivas da verdade e do amor divino em meio às dificuldades do mundo.

CONCLUSÃO

Reconheçamos a presença do Ressuscitado no meio de nós: através da liturgia da Palavra e da liturgia Eucarística. Não voltemos à vida anterior à nossa chamada. Recuperemos o amor e a missão. Amemos a Jesus, mesmo que Ele desapareça. Mas cumpramos a missão, pois haverá uma pesca abundante.

Benditas experiências de ressurreição que nos fazem recuperar o otimismo da vida e nos tornam fonte de amor e de compaixão!

Neste III Domingo da Páscoa, somos convidados a reconhecer a presença viva de Cristo ressuscitado, que se revela em nossa oração e na celebração dos sacramentos. Não devemos voltar atrás, como se a experiência da Páscoa fosse apenas um momento, mas devemos deixar que ela transforme profundamente nossa vida e nossa missão. Você me ama? (João 21,15), pergunta o Senhor, chamando-nos a amar e a seguir, mesmo quando Ele não está visivelmente presente.

O Ressuscitado nos desafia a viver com coragem e fé renovadas, a sermos fontes de amor e de compaixão no mundo de hoje, que tanto precisa desses gestos. Que a ressurreição de Cristo nos inspire a superar os obstáculos e a levar esperança a todos, sabendo que, ao cumprir nossa missão, também experimentaremos uma pesca abundante, onde o amor de Deus se derrama sobre nós e sobre os outros. Que este tempo pascal seja uma oportunidade de renovar nosso compromisso com o Evangelho, com alegria e com a certeza de que Cristo está conosco, sempre.

Texto: JOSÉ CRISTO REY GARCÍA PAREDES
Fonte: ECOLOGÍA DEL ESPÍRITU
Este artigo foi produzido com a assistência de ferramentas de inteligência artificial.