DEUS SE MANIFESTA A CADA UM, EM NOSSAS FRAQUEZAS E FRAGILIDADES

ARTIGOS

A dureza do coração é um dos grandes obstáculos para perceber e viver os milagres que Deus opera entre nós todos os dias. Quem tem o coração duro geralmente é orgulhoso, arrogante e acredita que Deus fará todas as suas vontades. Além disso, com o coração endurecido, perde-se a sensibilidade de fazer e receber o bem, distanciando-se assim do Reino de Deus. A liturgia do décimo quarto domingo do Tempo Comum nos pede humildade, força, perseverança e fé. Deus pediu ao profeta Ezequiel que anunciasse a sua mensagem a um povo de coração duro. Deus age por meio do profeta, fazendo dele um instrumento para amolecer o coração de um povo que Ele ama, mas que ainda não percebeu o Seu amor por causa da dureza de seu coração.

Hoje, as coisas não são muito diferentes. Há muita gente de coração duro, inclusive dentro das igrejas. Pessoas que não agem como profetas e não dão espaço para os profetas agirem. Pessoas que se fecham no seu mundinho e não conseguem enxergar além daquilo que está ao seu redor, e muitas vezes, o que está ao seu redor não são sinais de Deus, mas sim sinais de um deus criado à sua imagem e semelhança. É preciso enxergar mais longe, no sentido de não julgar as coisas pela aparência, ou simplesmente não julgá-las, mas sim, fazê-las e bem. Quando julgamos as pessoas, não temos tempo de amá-las, e quem não ama, não pode enxergar Deus, porque Deus é amor.

Na primeira leitura Deus pede que o profeta se coloque em pé para ouvi-Lo. Colocar-se em pé significa prontidão. É preciso estar pronto, de prontidão, para ouvir a Deus. Quando o Evangelho é proclamado durante a Missa, ficamos de pé como um sinal de prontidão para ouvir e obedecer a Deus. Essa é a postura que foi pedida ao profeta Ezequiel na primeira leitura. O profeta ficou em pé pelo pedido de Deus. Foi o Espírito do Senhor que entrou nele e o pôs em pé, como diz o profeta: “O Espírito do Senhor Javé está sobre mim e me ungiu. Ele me enviou para dar a boa notícia aos pobres e para curar os corações feridos.”

Quando nos dispomos a ouvir a Deus, realmente ouvimos, e assim Ele nos unge e nos envia. Ele fala de diferentes modos e por meio de diversas situações ou pessoas; basta que tenhamos disponibilidade para ouvi-Lo. Muitos não ouvem porque não se colocam à disposição de Deus. Uma das situações que nos impedem de ouvir a Deus é ter um coração endurecido, conforme nos dizem as leituras do primeiro domingo de julho de 2024. A missão do profeta Ezequiel foi levar Deus para aquele povo. E esta continua sendo a nossa missão hoje, pois temos que levar Deus para aqueles que acreditam de maneira errada, instrumentalizando Deus, como se Ele fosse um instrumento a seu serviço.

Há muita gente que somente quer ser servida por Deus, mas não se preocupa em servi-Lo. Servimos a Deus quando servimos nossos irmãos, sobretudo aqueles que precisam de ajuda, que passam por necessidades. Enfim, quando servimos a Deus, Ele se revela em nós, e nós revelamos Deus aos nossos irmãos. O mundo precisa de profetas, de pessoas dispostas a fazer o bem, a ajudar o próximo, a amolecer, com seu amor, o coração endurecido dos que ainda não conhecem a Deus. E quando não há acolhimento, tudo se torna mais difícil. Jesus não foi acolhido em Nazaré e ali não pôde fazer seus milagres. Infelizmente, ainda nos dias atuais, muitas pessoas são ignoradas, desmerecidas e desvalorizadas, e há muitos corações endurecidos.

Entretanto, também existem aqueles que ouvem a Palavra de Deus e assumem a missão de anunciá-Lo. E quem anuncia a Deus precisa ser humilde, firme e perseverante, conforme nos ensina o apóstolo Paulo. Quem pensa em ser melhor do que o outro não evangeliza e não promove discórdia na comunidade. Quando reconhecemos nossas fraquezas, os espinhos de nossa carne, agimos de modo mais humano e compassivo. Somos constantemente perdoados por Deus. E quem reconhece a misericórdia de Deus é também misericordioso com seu irmão. O mundo está carente de pessoas misericordiosas, de pessoas que amem mais.

A Igreja é um lugar de pessoas pecadoras que buscam a sua santidade; e a santidade só será atingida se existir o perdão, a misericórdia e o amor. Não podemos ser soberbos a ponto de acharmos que não temos pecados, que somos melhores ou superiores aos outros. Temos que descobrir a força da fraqueza, enxergar aqueles que a sociedade rejeita como filhos de Deus, que precisam de uma outra chance, que precisam de oportunidade, mas acima de tudo, precisam de muito amor. Jamais devemos deixar que o orgulho da força endureça o nosso coração. Essa foi a proposta do apóstolo Paulo na liturgia deste final de semana.

O mundo precisa de paz, e o nosso coração precisa de amor.

A Paz de Jesus, o Amor Fraternal de Maria!”