As primeiras palavras, no começo da vida pública do Jesus, causaram admiração nos ouvintes. Há encantamento com a novidade dos ensinamentos e a multidão reconhece a sua autoridade como mestre. O Evangelho também registra amplamente a pedagogia de Jesus. Esta merece uma atenção toda especial, pois nela se confirmam as palavras. Temos uns traços da sua metodologia no texto deste domingo, de Lucas 5,1-11.
Lucas diz que a “multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus”. Uma situação totalmente imprópria para falar e se fazer ouvir. Falar neste contexto seria jogar palavras admiráveis ao vento, como seria um desrespeito com quem o desejava escutar. Por isso, Jesus sobe numa barca, a de Simão Pedro, afasta-se um pouco da margem, senta-se e começa a ensinar. Criou um ambiente favorável para fazer algo importante.
Depois de falar com a multidão, Jesus estabelece um diálogo personalizado com Simão. “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas as redes para a pesca”. As falas anteriores sensibilizaram Simão e criaram um ambiente de confiança. Diante do pedido, Simão e seus companheiros novamente lançam as redes. Após novos diálogos de aprofundamento aconteceram, terminando num convite para Simão ser “PESCADOR DE HOMENS”. Depois deste avanço, na presença de Tiago e João que acompanhavam o diálogo, “deixaram tudo e seguiram a Jesus”.
Todos somos constantemente provocados para seguir o pedido de Jesus feito a Simão: “avançar para águas mais profundas”. O QUE SIGNIFICA ISTO? É POSSÍVEL? COMO? É NECESSÁRIO? Jesus não quer que seus seguidores fiquem na superficialidade, mas possibilita que eles conheçam profundamente a sua vontade, pois quer seguidores conscientes e convictos.
O caminho dos cristãos começa com os sacramentos do batismo, da eucaristia e da crisma. Estes são chamados de Iniciação à Vida Cristã. Portanto, marca o início, a primeira aproximação, a primeira admiração que possibilitam posterior aprofundamento. Muitos têm boas recordações da Iniciação à Vida Cristã e a maioria, neste tempo, eram crianças e adolescentes. Depois deste período, o aprofundamento das razões da fé é uma exigência permanente. Como disse São Paulo, “quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança.” (1Cor. 13,11) Este é o caminho do amadurecimento da fé.
Outro tema que merece aprofundamento é a vocação. A liturgia do V Domingo do Tempo Comum oferece alguns elementos sobre o assunto. Cada batizado é um vocacionado. Para aprofundar o tema da vocação é preciso ressaltar alguns aspectos bíblicos. A vocação nasce de Deus: “QUEM ENVIAREI? QUEM IRÁ POR NÓS?”. A vocação nasce da liberdade. Isaías respondeu: “Aqui estou! Envia-me”. A vocação pode nascer do silêncio, na oração, na celebração litúrgica. A vocação pode nascer no rumor do trabalho, da estrada e partir dos problemas do mundo. Jesus chama os apóstolos no seu local de trabalho, como aconteceu com Pedro, Tiago e João.
Outro tema que sempre merece aprofundamento é a missão. Todos os batizados são missionários. Jesus disse a Pedro, “de hoje em diante tu serás pescador de homens”. São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios diz claramente que sua missão era pregar o Evangelho. A aceitação do Evangelho é o fundamento da fé, caminho da salvação e da graça de Deus. Isaías, mesmo tendo ciência das suas limitações, ACEITA SER ENVIADO. Os missionários sabem que não evangelizam em nome próprio, mas em nome de Deus e enviados pela Igreja.
Texto: DOM RODOLFO LUÍS WEBER
Imagem: Pixabay
Fonte: CNBB