
O ADVENTO não é apenas um período do calendário litúrgico; é um convite profundo à alma para mergulhar no mistério da espera. Este tempo litúrgico, que antecede a celebração do Natal, posiciona-nos no limiar da história, como sentinelas que aguardam o cumprimento da promessa divina. A cor roxa que o caracteriza não é apenas um símbolo externo de penitência, mas um lembrete interno de preparação, de purificação do coração e do espírito para acolher Aquele que vem.
Quando dizemos ‘Deus está prestes a nascer’, pronunciamos uma verdade de magnitude cósmica e ao mesmo tempo profundamente íntima. Trata-se do mistério do Verbo que se faz carne, da eternidade que se revela no tempo, do Deus transcendente que escolhe habitar entre nós. Mas, como realmente vivemos essa espera?
‘Vem, Senhor Jesus’ – Quantas vezes essas palavras ecoaram em nossas orações, mas quantas vezes também passaram despercebidas por nossos lábios? Esperança, vigilância, sinais messiânicos, desejo, confiança, paciência… Cada uma dessas palavras carrega uma profundidade que nos chama a refletir, mas, em meio à correria e à rotina, podem se tornar meros ecos vazios. O ADVENTO nos confronta com o perigo da banalização do sagrado, da repetição que desgasta e da rotina que esvazia.
É fácil cair na armadilha de reduzir o ADVENTO a um conjunto de ritos previsíveis ou clichês religiosos. Porém, sua essência nos chama à renovação espiritual, ao reencontro com o mistério e à vivência autêntica da fé. Não se trata apenas de lembrar um evento passado, mas de viver intensamente o presente e antecipar o futuro.
O Advento nos convoca a sair do comum e a abrir espaço para o extraordinário. Ele nos lembra que a espera é ativa, não passiva; que a vigilância exige esforço, não resignação. Ele nos desafia a cultivar a mística da espera, renovando nosso compromisso com a promessa divina. Assim como os profetas anunciaram com vigor a vinda do Messias, somos chamados a viver essa espera com intensidade, sem permitir que ela se torne apenas mais um ciclo do calendário.
Neste tempo, somos convidados a silenciar o barulho do mundo para ouvir a voz de Deus que fala na espera. A esperança nos move, a vigilância nos desperta, e a promessa nos sustenta. O ADVENTO é, em essência, um chamado a reacender a chama da fé e a nos prepararmos, com todo o nosso ser, para o encontro com o Emanuel – o Deus conosco.