
O Evangelho do primeiro domingo de julho de 2025 mostra a escolha e o envio dos “outros setenta e dois discípulos”. E quem são esses “outros setenta e dois discípulos”? Somos todos nós.
O número setenta e dois é simbólico. Representava, à época, o total de povos de que se tinha notícia. Assim, ao enviar os outros setenta e dois, Jesus está enviando a todos, e não apenas os Doze — apesar de o número doze também ter valor simbólico, indicando plenitude ou totalidade. Podemos dizer que setenta e dois é o número doze multiplicado várias vezes, ou seja, o simbolismo da totalidade elevado ao extremo.
Tudo isso para mostrar que todos nós somos enviados em missão. E, com essa primeira afirmação do Evangelho, já podemos perceber o tema central da liturgia de hoje: a missão de todos nós.
O evangelista Lucas abre uma gama de situações que revelam e aprofundam o sentido da missão. Jesus envia os setenta e dois de dois em dois. Aqui temos outro simbolismo importante: a missão é feita em comunidade.
Não é possível ser missionário sozinho, ou seja, de modo individualista.
A missão de todos é feita na comunidade, e em comunidade.
Missão significa deslocamento, saída, desinstalar-se, desarmar tendas, ir ao encontro dos necessitados, das realidades desafiadoras, pois foi assim que Jesus viveu: indo ao encontro dessas realidades.
Além disso, os missionários são enviados a lugares onde Jesus deveria ir, mas não teve oportunidade de ir.
Queridos irmãos, somos, portanto, os pés e os braços de Jesus, estendidos para outras margens e outros lugares, pois foi para isso que todos fomos chamados.
Quem se acomoda em um único serviço a vida toda, não entendeu o sentido itinerante da missão.
Mudanças e deslocamentos são dolorosos, mas necessários para o crescimento da missão — e da pessoa do missionário.
Todo chamado, ou toda missão, nasce de uma necessidade.
Se não houvesse necessidade, não precisaríamos de missionários.
E foi por isso que Jesus chamou. Chamou porque precisa de cada um de nós.
Ainda há muito o que fazer até que o mundo esteja conforme o coração de Deus.
Jesus constatou: “A messe é grande, mas os operários são poucos.”
Poucos são os que se dispõem a ajudar, a fazer algo pelo próximo.
Há poucos missionários. E ainda hoje esse quadro não é diferente.
Há muito por fazer, mas… quem quer ser missionário?
Quem está disposto a deixar suas comodidades para ir ao encontro do outro e ajudá-lo?
Por isso, devemos pedir ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a colheita.
Os frutos estão prontos, mas os trabalhadores são insuficientes.
E, se esses frutos não forem colhidos, se perderão.
PAUSA PARA REFLEXÃO
Quais são esses frutos? Onde eles estão? O que podemos fazer para colhê-los? Como encontrar trabalhadores para a colheita?
Missão é urgente e desafiadora.
Urgente, porque os frutos estão maduros – é tempo de colheita, e ela não pode esperar.
Desafiadora, porque há muitos obstáculos, espinhos, pedras, regiões de difícil acesso.
Quais são os desafios da missão hoje?
São muitos. E é preciso estar preparado.
O missionário que não estiver preparado desistirá facilmente.
Por isso, Jesus alerta para as dificuldades e nos mostra como devemos ir:
“Eu vos envio como cordeiros no meio de lobos.”
Quem não está ciente da presença dos “lobos” na missão pode ser engolido por eles.
Devemos ir com simplicidade, despojamento, e prontos para viver a vida dos povos que nos acolherem.
Temos que ser portadores da paz.
Mesmo que não sejamos recebidos com paz, não podemos perder esse referencial.
Quando Jesus diz que, se a pessoa não for de paz, a paz retornará a nós, Ele está nos dizendo:
não devemos perder a paz por causa daqueles que não a têm ou não a querem.
É preciso perseverança na missão.
Devemos ser firmes, constantes, e não ficar pulando de um lado para outro, sem direção.
Qual é o objetivo da missão?
Além de levar a paz, é preciso promover a vida.
Não é possível haver paz onde há injustiça ou desrespeito à vida.
Assim, a missão é curar os doentes, diminuir a dor e o sofrimento, promover a vida.
Com tais gestos, estamos anunciando que o Reino de Deus está próximo.
O que fazer diante dos desafios, das rejeições, das portas fechadas?
Jesus nos dá uma dica preciosa:
Não esmoreça.
Não leve adiante o que não edifica o Reino.
Não se estresse com aborrecimentos.
Caros amigos, não há barreira que não possa ser superada.
Mas também, não devemos nos envaidecer.
O maior prêmio não é o sucesso da missão, mas o nome inscrito no Céu, junto de Deus.
O que realmente conta é o empenho, e não apenas o resultado do trabalho.
Portanto, o único motivo de glória do missionário deve ser a cruz de Cristo.
Que tenhamos paz e misericórdia em nossas ações.
Que possamos levar em nossos corações as marcas de Jesus.
Assim, seremos verdadeiramente discípulos e missionários de Jesus.
O mundo precisa de paz, e nosso coração de amor.
Sejamos peregrinos da esperança.
E promotores da justiça divina.
A paz de Jesus e o amor fraternal de Maria!