Com o Primeiro Domingo do Advento, iniciamos na Igreja um novo ano litúrgico. A cada primeiro domingo do Advento, a Santa Igreja muda o seu Ano Litúrgico. Diferentemente do ano civil, que é numeral e a cada ano vai somando mais anos, o ano litúrgico dominical é trienal e é identificado pelas letras A, B e C. Neste mês de novembro de 2025, estamos terminando o ano C (Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, XXXIV domingo do Tempo Comum) e, a partir do domingo, dia 30 de novembro, iniciamos o ANO LITÚRGICO A (primeiro domingo do Advento), no ciclo dominical.
Cada Ano Litúrgico dominical é dedicado a um evangelista sinótico: Mateus (A), Marcos (B) ou Lucas (C). João aparece nos dias de festa e solenidades, e, principalmente, no Tempo Pascal. Isso permite que, a cada ano, tenhamos a experiência de acompanhar o ponto de vista de cada evangelista a respeito do conhecimento que tinham de Jesus. Dessa forma, podemos acompanhar a teologia de cada um e a maneira peculiar como transmitem a mensagem sobre Jesus.
O ANO A, que vamos iniciar agora, é dedicado ao Evangelho de Mateus, que coloca no centro a identidade de Jesus como o Messias prometido e a chegada do Reino dos Céus. Mateus apresenta Jesus como o cumprimento vivo das Escrituras, o novo Moisés que ensina com autoridade e revela a vontade do Pai. No coração da mensagem está o chamado à conversão, à justiça superior e ao discipulado fiel: seguir Jesus implica assumir o estilo de vida das Bem-Aventuranças, viver a misericórdia e reconhecer que Deus age na história por meio de seu Filho. O centro de Mateus é, portanto, o anúncio de que Deus visita o seu povo em Jesus, para formar uma comunidade que viva sua vontade e leve o Evangelho “a todas as nações”.
O Ano Litúrgico é cíclico. Se tivermos a oportunidade de participar das Missas aos domingos ao longo dos anos, poderemos acompanhar as peculiaridades de cada evangelista a respeito de Jesus.
Nas Missas durante a semana (dias feriais – dias úteis), o Ano Litúrgico é dividido em ano par e ano ímpar. Nos dias feriais, as leituras evangélicas dispõem-se num ciclo único, que se repete anualmente. Já a primeira leitura e o Salmo distribuem-se em dois ciclos, de modo especial no Tempo Comum. Assim, se participarmos da Missa diariamente durante dois anos, passaremos por quase toda a Sagrada Escritura.
Como dissemos, o Ano Litúrgico é cíclico e está dividido em: TEMPO DO ADVENTO, TEMPO DO NATAL, TEMPO DA QUARESMA, TEMPO PASCAL e TEMPO COMUM. Essa divisão existe para animar a vida da Igreja e dar um sentido específico para as celebrações de cada período.
O Tempo Comum, contudo, se divide em duas partes:
- A primeira parte se inicia logo após a Festa do Batismo do Senhor, pois Jesus, a partir desse momento, inicia sua vida pública, e se estende até a véspera da Quarta-feira de Cinzas.
- A segunda parte acontece após a Solenidade de Pentecostes e vai até a véspera do primeiro domingo do Advento. O Tempo Comum é um tempo de esperança e de escuta fiel da Palavra do Senhor, por isso a cor litúrgica predominante é o verde, que simboliza a esperança e a vida nova.
O Tempo Comum estimula o fiel a SER SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO e a construir aqui na terra o Reino de Deus.
O Ano Litúrgico é assim dividido para que, em cada Tempo, possamos viver uma espiritualidade diferente. No Advento, vivemos a expectativa da vinda do Messias, do nascimento do Salvador, e preparamos o nosso coração através da oração, permanecendo vigilantes à espera do Natal. O Natal é um tempo de alegria, a Igreja se veste de branco e, a partir do nascimento de Jesus na manjedoura, um mistério nos conduz a outro, ou seja, o Natal nos prepara para aquilo que celebraremos na Páscoa. Em seguida, celebramos a primeira parte do Tempo Comum e somos convidados a sair em missão com Jesus e a construir o Reino de Deus aqui na terra.
A partir da Quarta-Feira de Cinzas, entramos no Tempo da Quaresma e somos convidados a um clima de penitência, oração e jejum. É um tempo propício para uma boa confissão, uma revisão de vida, e somos convidados a converter-nos e a ressuscitar com Cristo para uma vida nova. E assim, ao celebrarmos o Tempo Pascal, a Igreja se reveste de inteira alegria, festejando a Vida que venceu a morte e todos os fiéis que foram lavados pela água do Batismo. E, por fim, após Pentecostes, volta o Tempo Comum e somos impulsionados pelo Espírito Santo a sair em missão e anunciar a Boa Nova. Junto com esse esquema litúrgico, acompanham também as cores litúrgicas e os cânticos próprios de cada tempo.
O Ano Litúrgico nos ajuda a lembrar que Cristo deve ser o “CENTRO” de nossas vidas e conduzir nossa existência, nossa família, nosso trabalho. Por isso a Missa não é uma mera repetição; a cada ano mudam as leituras e, a cada tempo litúrgico, celebramos um mistério específico, mas a essência que nunca muda é a Eucaristia.
O Tempo Comum, como um todo, é composto de 33 ou 34 semanas e nos apresenta Jesus em seu caminho para Jerusalém, onde sofrerá a Paixão. Durante essas semanas, Ele nos mostra o caminho que devemos seguir para construir o Reino de Deus aqui na terra. Um Reino que começa nesta vida e que vivenciaremos de maneira plena e definitiva no céu. Esse Reino é diferente dos reinos terrestres do tempo de Jesus; é um Reino de amor e de paz, que prega a inclusão de todas as pessoas.
Celebremos com alegria mais um Ano Litúrgico e participemos desse corpo místico que é a Igreja, vivendo a espiritualidade que cada tempo nos proporciona e incarnando em nossa vida os mistérios de Cristo. Vivamos no dia a dia o nosso batismo, sendo “SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO” para todos aqueles que encontrarmos.
Texto de referência: O ANO LITÚRGICO, escrito porCardeal Orani João Tempesta.
Fonte: CNBB