Ó Deus, abençoai a família claretiana, herdeira do zelo missionário de Santo Antônio Maria Claret. Que esta prece alcance todos os Padres Missionários espalhados pelo mundo, em missão ontem, hoje, amanhã e sempre.
Estendemos também nossas orações aos irmãos e irmãs que servem e participam da Paróquia Imaculado Coração de Maria, em Santos, Estado de São Paulo.
A autobiografia de Santo Antônio Maria Claret tem como propósito revelar, com sinceridade e profundidade, a sua vida. Nela encontramos tanto o sentido familiar que o moldou quanto a expressão viva de sua fé e de seu ardor missionário — um homem inflamado pelo amor de Deus, cuja vida foi marcada pela visão e pela força de um santo.
Tudo começou em 13 de junho de 1835, quando foi ordenado sacerdote aos 27 anos de idade. Era o momento mais esperado por aquele que, movido pela vocação divina, escolheu seguir o caminho religioso e tornar-se padre. Uma data marcante, repleta de alegria, esperança e responsabilidade para Antônio Maria Claret, que então iniciava sua missão sacerdotal.
Em 2 de agosto de 1835, o Padre Claret começou a ouvir confissões diariamente por seis horas seguidas, das 5h às 11h da manhã. Poucas semanas depois, em 27 de agosto do mesmo ano, foi nomeado pároco de sua cidade natal, na Igreja de Santa Maria de Sallent.
A partir de então, passou a residir na própria paróquia e a partilhar os trabalhos pastorais com outro sacerdote, alternando pregações e celebrações nas missas dominicais e festivas. Em seus sermões, fazia questão de rezar pelos falecidos de sua comunidade, com profundo respeito e compaixão por suas famílias.
Em 1839, o Padre Claret viajou a Roma e apresentou-se à Congregação para a Propagação da Fé, com o desejo de dedicar-se integralmente às missões. Entretanto, adoeceu e retornou à Espanha, onde por mais de dez anos consagrou-se às missões populares, evangelizando com incansável ardor.
A partir de 1841, após a renúncia de um sacerdote, assumiu sozinho a responsabilidade por toda a paróquia. Diante dessa carga pastoral, elaborou um programa de vida espiritual: manteve a prática dos dez dias de retiro anual, confissão semanal, jejuns às sextas-feiras e sábados, além de outras penitências aprovadas por seu diretor espiritual.
Padre Claret levantava-se bem cedo para suas orações e meditações. Após o almoço, costumava rezar o terço com sua irmã Maria, religiosa Carmelita da Caridade. Também celebrava diariamente a Santa Missa e dedicava-se à visita dos doentes, ministrando-lhes a unção e oferecendo conforto espiritual.
Atendia indistintamente pobres, enfermos e estrangeiros, sempre com ternura e dedicação. Tinha especial apreço pelos camponeses, os mais simples trabalhadores do campo, que retribuíam seu amor com fé viva e crescente devoção.
Em maio de 1849, movido por seu zelo apostólico, uniu-se a outros sacerdotes para fundar uma Congregação Missionária. O ideal era claro: cada membro deveria ser um homem inflamado pela caridade, desejoso de levar o fogo do amor divino a todas as partes do mundo.
Nada os deveria amedrontar: abraçariam o sacrifício, suportariam as calúnias e se alegrariam nas provações, tendo como único objetivo anunciar Jesus Cristo.
Assim, em 16 de julho de 1849, fundou-se oficialmente a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, em um pequeno quarto do seminário de Vic.
Participaram do encontro:
O ambiente era simples: uma mesa, um crucifixo, uma cadeira e um banco sem encosto. Na parede, um quadro de Nossa Senhora, Mãe do Divino Amor. Ali nasceu uma grande obra: “Salvemos as almas do mundo por todos os meios possíveis.”
Padre Claret deixou à sua congregação o legado de manter vivo o carisma missionário, sempre atento ao perigo da acomodação e da perda do fervor apostólico. Seus sermões eram profundos, firmes na doutrina, mas cheios de exemplos que tocavam o coração do povo.
Pregou o Evangelho por toda a Espanha, nas Ilhas Canárias, em Cuba, e também em países como Portugal, França e Itália. Foram mais de 25 mil sermões, cerca de mil por ano — uma vida inteira consumida em amor a Cristo e às almas.
Em 6 de outubro de 1850, contra sua vontade, mas por obediência a Roma, foi sagrado Bispo de Santiago de Cuba, na Catedral de Vic. A partir de então, assumiu a missão de ensinar, governar e representar a Igreja com humildade e firmeza.
Em 20 de dezembro de 1850, embarcou rumo a Cuba com sua comitiva missionária, incluindo sacerdotes, leigos e irmãs da caridade. Foi recebido com grande entusiasmo e logo iniciou uma intensa obra pastoral e social.
Como arcebispo missionário e libertador espiritual da ilha, trabalhou pela justiça e pela dignidade do povo, sem se envolver em política, mas aplicando o Evangelho em todas as situações humanas.
Em 1857, a rainha Isabel II o chamou de volta à Espanha, onde foi seu confessor durante dez anos, acompanhando-a inclusive no exílio, em Paris.
Em 26 de agosto de 1861, recebeu a extraordinária graça de conservar as espécies sacramentais em seu peito, tendo o Santíssimo Sacramento com ele, dia e noite.
Participou ativamente do Concílio Vaticano I, em Roma, no ano de 1869, pronunciando um inflamado discurso em defesa da fé.
Já idoso e enfermo, faleceu em 24 de outubro de 1870, com quase 63 anos de idade, após uma vida intensa de pregação, escrita e missão.
Hoje, a Congregação dos Missionários Claretianos está presente em todos os continentes, em mais de 70 países, mantendo viva a chama que Claret acendeu há 176 anos, em 16 de julho de 1849.No Brasil, os missionários chegaram em 19 de novembro de 1895, vindos da Espanha, estabelecendo-se em São Paulo para promover as missões populares e a evangelização. Em breve, celebrarão 130 anos de presença em solo brasileiro.
Em 7 de maio de 1950, Santo Antônio Maria Claret foi canonizado pelo Papa Pio XII.
Homem humilde, pequeno de corpo, mas gigante de espírito; modesto na aparência, porém imponente pela sabedoria e coragem. Caluniado e admirado, festejado e perseguido, foi sempre um defensor ardoroso dos pobres e oprimidos.
Que, pela intercessão do Imaculado Coração de Maria, os Padres Claretianos possam resistir às seduções do mundo e viver com simplicidade, humildade e amor, a exemplo de seu fundador, Santo Antônio Maria Claret, que entregou sua vida inteiramente a Deus e às almas.
A Paz de Jesus!
O Amor Fraternal de Maria!