SAGRADA FAMÍLIA

NATAL

Neste ano, no domingo dentro da Oitava do Natal, celebra-se a festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Deus quis manifestar-se aos homens integrados numa família humana. Ele quis nascer numa família, quis transformar a família num presépio vivo. Pode-se dizer que hoje celebramos o verdadeiro Dia da Família!

A Palavra de Deus ilumina esta solenidade na Primeira Leitura (Eclo. 3, 3-7. 14-17), pois lembra aos filhos o dever de honrarem pai e mãe, de socorrê-los e compadecer-se deles na velhice, ter piedade, isto é, respeito e dedicação para com eles; isto é, cumprimento da vontade de Deus.

Na Segunda Leitura, São Paulo, em Cl 3, 12-21, enumera as virtudes que devem reinar na família: sentimentos de compaixão, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportarem-se uns aos outros com amor, perdoar-se mutuamente. Revestir-se de caridade e ser agradecidos. Se a família não estiver alicerçada no amor cristão, será muito difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações. Quando esse amor existe, tudo se supera, tudo se aceita; mas, se falta esse amor mútuo, tudo se faz sumamente pesado. E o único amor que perdura, não obstante os possíveis contrastes no seio da família, é aquele que tem o seu fundamento no amor de Deus.

Jesus, neste domingo, é encontrado por seus pais no meio dos doutores da Lei (Lc 2,41-52). Jesus, aos doze anos, está no templo em Jerusalém, mostrando que já está chegando o tempo da sua maturidade cumprindo a vontade de Deus: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2,49). “Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era-lhes obediente” (Lc 2,51).

A Sagrada Família é proposta pela Igreja como modelo de todas as famílias cristãs: na casa de Nazaré, Deus ocupa sempre o primeiro lugar e tudo Lhe está subordinado.

Os lares cristãos, se imitarem o da Sagrada Família de Nazaré, serão lares luminosos e alegres, porque cada membro da família se esforçará em primeiro lugar por aprimorar o seu relacionamento pessoal com o Senhor e, com espírito de sacrifício, procurará ao mesmo tempo chegar a uma convivência cada dia mais amável com todos os da casa. A família é escola de virtudes e o lugar habitual onde devemos encontrar a Deus.

Cada lar cristão tem na Sagrada Família o seu exemplo mais cabal; nela, a família cristã pode descobrir o que deve fazer e como deve comportar-se, para a santificação e a plenitude humana de cada um dos seus membros. Diz o Papa São Paulo VI:

“Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa muito simples, muito humilde e muito bela manifestação do Filho de Deus entre os homens. Aqui se aprende até, talvez insensivelmente, a imitar essa vida”.

A família é a forma básica e mais simples da sociedade. É a principal escola de todas as virtudes sociais. É a sementeira da vida social, pois é na família que se pratica a obediência, a preocupação pelos outros, o sentido de responsabilidade, a compreensão e a ajuda mútua, a coordenação amorosa entre os diversos modos de ser. Está comprovado que a saúde de uma sociedade se mede pela saúde das famílias. Esta é a razão pela qual os ataques diretos à família (como divórcio, aborto, união ilegítima) são ataques diretos à própria sociedade, cujos resultados não tardam a manifestar-se.

O Messias quis começar a sua tarefa redentora no seio de uma família simples, normal. O lar onde nasceu foi a primeira realidade humana que Jesus santificou com a sua presença.

Nós, cristãos, temos o dever sagrado de resgatar o plano de Deus para a família. Respeitando a opinião dos outros, dos pagãos – vários dos quais se dizem cristãos! – é preciso deixar claro qual o sonho de Deus para a realidade familiar humana! É preciso deixar patente que não aceitamos profanar algo que nasce de um sacramento e foi abençoado por Deus desde o princípio e santificado pelo Senhor Jesus! Aqui, não se trata de ser aberto ou não, moderno ou não, mas de ser fiel ou não, de ser cristão ou não, de levar a sério o Evangelho ou não! Não é permitido a ninguém adulterar e perverter o sagrado desígnio de Deus nosso Senhor!

  • Quantas famílias estão desestruturadas nos dias de hoje?
  • Quantos jovens casais preferem “depositar” seus pais nos asilos do que dar-lhes carinho e atenção?
  • Quantas famílias preferem animais – e estes são tratados como humanos – do que ter filhos ou muitos filhos e ajudá-los a crescer em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens?

A família nunca foi tão atacada, vilipendiada e desprezada, infelizmente, como na sociedade líquida de hoje!

 Não tenhamos medo de verem constituídas famílias como sacramento de salvação com muitos filhos, autênticas Igrejas domésticas! Hoje, de modo muito especial, pedimos à Sagrada Família por cada um dos membros da nossa família e pelo mais necessitado dentre eles.

Maria, Rainha da Família, rogai por nós!

Texto: CARDEAL ORANI JOÃO TEMPESTA
Fonte: CNBB