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Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projeto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher, um projeto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência… Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu “SIM” total, que resultou em salvação e vida plena para ela e para o mundo.
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Primeira Leitura
Primeira Leitura Depois que Adão comeu do fruto da árvore,
9o Senhor Deus o chamou, dizendo: Referencias para reflexão da primeira leitura 01 - Um dos mistérios que mais questiona os nossos contemporâneos é o mistério do mal… Esse mal que vemos todos os dias, que tornar sombria e deprimente essa “casa” que é o mundo, vem de Deus, ou vem do homem? A Palavra de Deus responde: O MAL NUNCA VEM DE DEUS… Deus criou-nos para a vida e para a felicidade e deu-nos todas as condições para imprimirmos à nossa existência uma dinâmica de vida, de felicidade, de realização plena. 02 - O mal resulta das nossas escolhas erradas, do nosso orgulho, do nosso egoísmo e autossuficiência. Quando o homem escolhe viver orgulhosamente só, ignorando as propostas de Deus e prescindindo do amor, constrói cidades de egoísmo, de injustiça, de prepotência, de sofrimento, de pecado… Quais os caminhos que eu escolho? As propostas de Deus fazem sentido e são, para mim, indicações seguras para a felicidade, ou prefiro ser eu próprio a fazer as minhas escolhas, à margem das propostas de Deus? 03 – A primeira leitura deixa também claro que prescindir de Deus e caminhar longe dele leva o homem ao confronto e à hostilidade com os outros homens e mulheres. Nasce, então, a injustiça, a exploração, a violência. Os outros homens e mulheres deixam de serem irmãos para passarem a serem ameaças ao próprio bem-estar, à própria segurança, aos próprios interesses. Como é que eu me situo face aos meus irmãos? Como é que eu me relaciono com aqueles que são diferentes, que invadem o meu espaço e interesses e que me questionam e interpelam?
Salmo Responsorial
1Cantai ao Senhor Deus um canto novo, *
2O Senhor fez conhecer a salvação, *
CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO,
3cOs confins do universo contemplaram *
CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO,
Segunda Leitura 3Bendito seja Deus,
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Referencias para reflexão da segunda leitura 01 – A segunda leitura afirma, de forma clara, que Deus tem um projeto de vida plena para os homens, um projeto que desde sempre esteve na mente de Deus. É muito importante termos isto em conta: não somos um acidente de percurso na evolução inexorável do cosmos, mas somos atores principais de uma história de amor que o nosso Deus sempre sonhou e que Ele quis escrever e viver conosco… No meio das nossas desilusões e dos nossos sofrimentos, da nossa finitude e do nosso pecado, dos nossos medos e dos nossos dramas, não esqueçamos que somos filhos amados de Deus, a quem Ele oferece continuamente a vida definitiva, a verdadeira felicidade. 02 - Deus “ELEGEU-NOS… PARA SERMOS SANTOS E IRREPREENSÍVEIS”. Já vimos que “ser santo” significa ser consagrado para o serviço de Deus. O que é que isto implica em termos concretos? Entre outras coisas, implica tentar descobrir o plano de Deus, o projeto que Ele tem para cada um de nós e concretizá-lo dia a dia com verdade, fidelidade e radicalidade. No meio das solicitações do mundo e das exigências da nossa vida profissional, social e familiar, temos tempo para Deus, para dialogar com Ele e para tentar perceber os seus projetos e propostas? E temos disponibilidade e vontade de concretizar as suas propostas, mesmo quando elas não são conciliáveis com os nossos interesses pessoais? 02 – A centralidade de Cristo nesta história de amor que Deus quis viver conosco… Jesus veio ao nosso encontro, cumprindo com radicalidade a vontade do Pai e oferecendo-se até a morte para nos ensinar a viver no amor. Como é que assumimos e vivemos essa proposta de amor que Jesus nos apresentou? Aprendemos com Ele a amar sem exceção e com radicalidade?
Evangelho
Referencias para reflexão do Evangelho 01 - A liturgia deste dia afirma, de forma clara e insofismável, que Deus ama os homens e tem um projeto de vida plena para lhes oferecer. Como é que esse Deus cheio de amor pelos seus filhos intervém na história humana e concretiza, dia a dia, essa oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré, bem como a de tantos outros “chamados”, responde, de forma clara, a esta questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de coração disponível para o serviço aos irmãos que Deus atua no mundo, que Ele manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os caminhos da felicidade e da realização plena. Já pensamos que é através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus se torna presente no mundo e transforma o mundo? 02 - Outra questão é a dos instrumentos de que Deus se serve para realizar os seus planos… Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura dessa “Galileia dos pagãos” de onde não podia “vir nada de bom”. Não consta que tivesse uma significativa preparação intelectual, extraordinários conhecimentos teológicos, ou amigos poderosos nos círculos de poder e de influência da Palestina de então… Apesar disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa mais significativa na história da salvação. A história vocacional de Maria deixa claro que, na perspectiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que se acolhem e testemunham as propostas de Deus. 03 - Diante dos apelos de Deus ao compromisso, qual deve ser a resposta do homem? É aí que somos colocados diante do exemplo de Maria… Confrontada com os planos de Deus, Maria responde com um “SIM” total e incondicional. Naturalmente, ela tinha o seu programa de vida e os seus projetos pessoais; mas, diante do apelo de Deus, esses projetos pessoais passaram naturalmente e sem dramas a um plano secundário. Na atitude de Maria não há qualquer sinal de egoísmo, de comodismo, de orgulho, mas há uma entrega total nas mãos de Deus e um acolhimento radical dos caminhos de Deus. O testemunho de Maria é um testemunho questionante, que nos interpela fortemente… Que atitude assumimos diante dos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus, ou assumimos uma atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos pessoais e dos nossos interesses egoístas? 04 - É possível alguém entregar-se tão cegamente a Deus, sem reservas, sem medir os prós e os contras? Como é que se chega a esta confiança incondicional em Deus e nos seus projetos? Naturalmente, não se chega a esta confiança cega em Deus e nos seus planos sem uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. Maria de Nazaré foi, certamente, uma mulher para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria de Nazaré foi, certamente, uma pessoa de oração e de fé, que fez a experiência do encontro com Deus e aprendeu a confiar totalmente n’Ele. No meio da agitação de todos os dias, encontro tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele me dá dia a dia?
A atitude de Maria no Evangelho de Lucas é muito diferente. Ante a saudação do anjo, Maria sente-se perturbada. Mas isso não a leva a dizer que possivelmente o anjo estava buscando outra pessoa e que ela não era a escolhida. Maria escuta, assume o desafio que a presença do anjo apresenta e responde (responder tem muito que ver com “RESPONSABILIDADE” e, por tanto, com “LIBERDADE”) afirmativamente à sua proposta. No momento do “SIM” não está plenamente consciente das consequências que comportará no futuro sua resposta, mas o resto do Evangelho nos mostra uma mulher que sabe estar nos momentos mais fundamentais da vida de seu filho, que escuta sua palavra e a guarda no coração, que lhe acompanha até no momento da cruz e que, mais tarde, aparece, como uma mais, no meio da comunidade cristã. Todo um exemplo de maturidade, de responsabilidade, e, por tanto, de liberdade. Maria, ao responder positivamente ao anúncio do anjo, rompe uma tendência que ainda está presente no coração de muitos de nós: A DE JOGAR A CULPA NO OUTRO, A DE NÃO QUERER ASSUMIR A RESPONSABILIDADE QUE ESTÁ INSEPARAVELMENTE UNIDA AO IMENSO DOM QUE É A LIBERDADE. Ao renunciar à responsabilidade, renunciamos também à liberdade. E ficamos reduzidos a perpétuas crianças. Maria representa a nova humanidade, feita de homens e mulheres livres e responsáveis, conscientes de que Deus pôs este mundo em nossas mãos e que temos que cuidar dele e o melhorar, compartilhar com nossos irmãos e irmãs. Maria é, assim, FONTE DE ESPERANÇA. É possível uma humanidade nova, é possível um mundo diferente, se acolhemos como ela o fez, o anúncio do Reino em nossos corações, se assumirmos nossa liberdade com responsabilidade e maturidade. Como vivo minha liberdade? Significa que posso fazer o que me dá vontade sem que me importe com as consequências? Ou assumo de forma responsável as consequências de minhas decisões?
Fernando Torres - Missionários Claretianos (Ciudad Redonda) |
A liturgia do I Domingo do Advento apresenta um apelo veemente à VIGILÂNCIA. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina, na indiferença; mas deve caminhar sempre atento e vigilante se preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios.
A primeira leitura convida os homens - todos os homens, de todas as raças e nações - a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor. É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
A segunda leitura recomenda aos crentes que despertem da letargia que os mantêm presos ao mundo das trevas (o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da LUZ (a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
O EVANGELHO APELA À VIGILÂNCIA. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormecem numa passividade que rouba as oportunidades; o crente ideal está, a cada minuto, atento e vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu papel, empenhando-se na construção do “REINO”.
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Primeira leitura
Primeira Leitura
1Visão de Isaías, filho de Amós, Referencias para reflexão da primeira leitura 01 - O sonho do profeta começa a realizar-se em Jesus. Ele é a Palavra viva de Deus, que Se fez carne e veio habitar no meio de nós, a fim de trazer a “PAZ AOS HOMENS” amados por Deus; da escuta dessa Palavra, nasce a comunidade universal da salvação, aberta a todos os povos da terra, de que fala a leitura que nos é proposta. Se é verdade que todo o processo tem a marca da iniciativa divina, também é verdade que o homem tem de responder positivamente à ação de Deus: tem de escutar essa proposta, acolhê-la no coração e na vida, partir ao encontro de Deus . Estamos começando o tempo do Advento, tempo de preparação para acolher Jesus e a proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai quer fazer aos homens: estamos dispostos a ir ao seu encontro, a escutar a sua Palavra, a aderir a essa proposta de vida que Ele veio fazer? 02 - Um olhar, ainda que desatento, do mundo que nos rodeia, revela que estamos muito longe dessa terra ideal de justiça e de paz, construída à volta de Deus e da sua Palavra. O que é que está a nos impedindo ou, pelo menos, atrapalhando a chegada desse mundo de justiça e de paz? Nisso, eu não terei a minha parte de responsabilidade? Que posso eu fazer para que o sonho de Isaías – o sonho de todos os homens de boa vontade – se concretize?
Salmo Responsorial
1Que alegria, quando ouvi que me disseram: * QUE ALEGRIA, QUANDO ME DISSERAM: VAMOS À CASA DO SENHOR!
4para lá sobem as tribos de Israel, * QUE ALEGRIA, QUANDO ME DISSERAM: VAMOS À CASA DO SENHOR!
6Rogai que viva em paz Jerusalém, * QUE ALEGRIA, QUANDO ME DISSERAM: VAMOS À CASA DO SENHOR!
8Por amor a meus irmãos e meus amigos, * QUE ALEGRIA, QUANDO ME DISSERAM: VAMOS À CASA DO SENHOR!
Segunda Leitura
Irmãos: Referencias para reflexão da segunda leitura 01 - A questão fundamental que está em jogo neste texto é a da CONVERSÃO: os crentes são convidados a deixar a vida das trevas e embarcar, decididamente, na vida da luz… As “trevas” caracterizam essa realidade negativa que produz mentira, injustiça, opressão, medo, cobardia, materialismo (e que é uma realidade que toca tantas vezes, direta ou indiretamente, a nossa existência); a “LUZ” é a realidade de quem vive na dinâmica de Deus… Falar de “CONVERSÃO” implica falar de uma transformação profunda das estruturas e dos corações… Quais são, na sociedade, as estruturas que são responsáveis pelas “trevas” que envolvem a vida de tantos homens? O que é que na Igreja é menos “luminoso” e necessita de conversão? O que é que em mim próprio é necessário transformar com urgência? 02 - Quase todos nós somos pessoas razoáveis e sérias e não andamos todos os dias em bebedeiras, devassidões, libertinagens e discórdias; mas, apesar da nossa bondade e seriedade, é possível que o cansaço, a monotonia, a preguiça nos adormeçam, que caiamos na indiferença, na inércia, na passividade, no comodismo; é possível que deixemos correr as coisas e que esqueçamos os compromissos que um dia assumimos com Jesus e com o “Reino”… É para nós que Paulo grita: “acordai; renovai o vosso entusiasmo pelos valores do Evangelho; é preciso estar preparado para acolher o Senhor que vem”. 03 - Há também, neste texto, um convite à esperança: “O SENHOR VEM! A NOITE VAI ADIANTADA E O DIA ESTÁ PRÓXIMO”. Deus não nos abandona; Ele continua a vir ao nosso encontro e a construir conosco esse mundo novo de justiça e de paz… Por muito que nos assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de Deus garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável: A ÚLTIMA PALAVRA QUE A HISTÓRIA VAI OUVIR É A PALAVRA LIBERTADORA E SALVADORA DE DEUS.
Evangelho
Referencias para reflexão do Evangelho 01 - O que é que significa para nós “estar VIGILANTES, ATENTOS, PREPARADOS” para acolher o Senhor? Significa, fundamentalmente, acolher todas as oportunidades de salvação que Deus nos oferece continuamente… Se Ele vem ao meu encontro, me desafia a cumprir uma determinada missão e eu prefiro continuar a viver a minha “vidinha” fácil e sem compromisso, estou perdendo uma oportunidade de dar sentido à minha vida; se Ele vem ao meu encontro, me convida a partilhar algo com os meus irmãos mais pobres e eu escolho a avareza e o egoísmo, estou perdendo uma oportunidade de abrir o meu coração ao amor, à alegria, à felicidade… 02 - O Evangelho que nos é proposto apresenta alguns dos motivos que impedem o homem de “acolher o Senhor que vem”… Fala da opção por “gozar a vida”, sem ter tempo nem espaço para compromissos sérios; quanta gente, no domingo, tem todo o tempo do mundo para dormir até ao meio dia, mas não para celebrar a fé com a sua comunidade cristã… Fala do viver obcecado com o trabalho, esquecendo tudo mais; quanta gente trabalha quinze horas por dia e esquece que tem uma família e que os filhos precisam de amor… Fala do adormecer, do instalar-se, não prestando atenção às realidades mais essenciais; quanta gente encolhe os ombros diante do sofrimento dos irmãos e diz que não tem nada com isso, pois é o governo ou o Papa que têm que resolver a situação… E eu: o que é que na minha vida me afasta do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao Senhor que vem? 03 - Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a centrar a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar atento às oportunidades que o Senhor, dia a dia, me oferece, acordar para os compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “REINO”… É essa a melhor forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor.
Comentário
O Evangelho nos diz que a vinda do Senhor romperá todas as atividades habituais, aquilo que acontece ordinariamente em nossos dias. Deixar-se-á de fazer pão, de cultivar os campos, de ir ao trabalho, de se casar. Porque nesse dia começará algo radicalmente novo. Algo tão novo que é possível que sigamos fazendo pão e cultivando os campos e indo ao trabalho, mas tudo terá um sentido novo e diferente porque o SENHOR ESTARÁ NO MEIO DE NÓS. Sua presença curará nossas feridas e fará com que a justiça e a paz reinem entre as pessoas e os povos. Sua presença fará com que nossa vida seja diferente. Por isso, devemos estar atentos. Não podemos deixar que o Senhor nos encontre despreparados. É tempo de prestar atenção ao que nos diz são Paulo na carta aos Romanos. Já é hora de acordar porque a salvação está perto. Não sabemos como, nem quando virá Jesus, mas sabemos que temos que estar preparados. E para estar preparados, ele nos dá os melhores conselhos: vamos deixar de lado as obras da escuridão, não nos deixar ser levados pela inveja, a cobiça e o desamor. Vamos viver como se Jesus já estivesse aqui, pois, está e a melhor forma de estar preparados. Trata-se de viver à luz do Evangelho, deixando-nos levar pelo amor de Deus que cuida de seus filhos, de sua família, de nós. Voltemos os olhos para aqueles com os quais vivemos. Com eles, nunca sem eles nem contra eles, é como construiremos a solidariedade e a justiça que farão com que nosso Senhor nos encontre preparados quando chegar. Se o Senhor chegasse hoje a minha casa, me encontraria preparado para sua vinda? Que coisas teria que tirar de minha vida? Que coisas teria que melhorar em minha vida? Que teria que fazer em minha vida de família, em minha relação com os amigos e no trabalho? Há aí coisas para mudar ou melhorar?
Fernando Torres - Missionários Claretianos (Ciudad Redonda) |
A Palavra de Deus, neste último domingo do ano litúrgico, convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus. Deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: É UMA REALEZA QUE SE EXERCE NO AMOR, NO SERVIÇO, NO PERDÃO, NO DOM DA VIDA.
A primeira leitura apresenta-nos o momento em que Davi se tornou rei de todo o Israel. Com ele, iniciou-se um tempo de felicidade, de abundância, de paz, que ficou na memória de todo o Povo de Deus. Nos séculos seguintes, o Povo sonhava com o regresso a essa era de felicidade e com a restauração do reino de Davi; e os profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi que iria realizar esse sonho.
O Evangelho apresenta-nos a realização dessa promessa: JESUS É O MESSIAS (REI) enviado por Deus, que veio tornar realidade o velho sonho do Povo de Deus e apresentar aos homens o “Reino”; no entanto, o “Reino” que Jesus propôs não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida.
A segunda leitura apresenta um hino que celebra a realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação; além disso, põe em relevo o seu papel fundamental como fonte de vida para o homem.
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Primeira Leitura
Primeira Leitura
Naqueles dias: Referencias para reflexão da primeira leitura
01 - O que é que a história de Davi tem a ver com a Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo? Jesus Cristo, o Messias, Rei de Israel, descendente de Davi, é considerado no Novo Testamento a resposta de Jahwéh aos sonhos e expectativas do Povo de Deus. Ele veio para restaurar, ao jeito de Deus e na lógica de Deus, o reino de Davi. Jesus é, portanto, o Rei que, à imagem do que Davi fez com Israel, apascenta o novo Povo de Deus (veremos, mais à frente, como deve ser entendida a realeza de Jesus). Que significa, para mim, dizer que Jesus é Rei?
Salmo Responsorial
1Que alegria, quando ouvi que me disseram:*
Segunda Leitura Irmãos:
12Com alegria dai graças ao Pai, Referencias para reflexão da segunda leitura 01 - A festa de Cristo Rei, que encerra o ano litúrgico, celebra a soberania e o poder de Cristo sobre toda a criação. A leitura que acabámos de ler diz, a este propósito, que em Cristo, Deus revela-Se; que Ele tem a supremacia e autoridade sobre todos os seres criados; que Ele é o centro de todo o universo e que tudo tende e converge para Ele… Isto equivale a definir CRISTO COMO O CENTRO DA VIDA E DA HISTÓRIA, a coordenada fundamental à volta da qual tudo se constrói. Cristo tem, de fato, esta centralidade na vida dos homens e mulheres do nosso tempo, ou há outros deuses e referências que usurparam o seu lugar? Quais são esses outros “reis” que ocuparam o “trono” que pertence a Cristo? Esses “reis” trouxeram alguma “valia” à vida dos homens, ou apenas criaram escravidão e desumanização? O que podemos fazer para que a nossa sociedade reconheça em Cristo o seu “rei”? 02 - Em termos pessoais: Cristo é o centro, referência fundamental à volta da qual a minha vida se articula e se constrói? O que é que Ele significa para mim, não em termos de definição teórica, mas em termos existenciais? 03 - A Festa de Cristo Rei é, também, a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade cristã. A Igreja é um corpo, do qual Cristo é a cabeça; é Cristo que reúne os vários membros numa comunidade de irmãos que vivem no amor; é Cristo que a todos alimenta e dá vida; é Cristo o termo dessa caminhada que os crentes fazem ao encontro da vida em plenitude. Esta centralidade de Cristo tem estado sempre presente na reflexão, na catequese e na vida da Igreja? É que muitas vezes falamos mais de autoridade e de obediência do que de Cristo; de castidade, de celibato e de leis canônicas, do que do Evangelho; de dinheiro, de poder e de direitos da Igreja, do que do “Reino”… Cristo é, não em teoria, mas de fato, o centro de referência da Igreja no seu todo e de cada uma das nossas comunidades cristãs em particular? Não damos, às vezes, mais importância às leis feitas pelos homens do que a Cristo? Não há, tantas vezes, “santos”, “santinhos” e “santões” que assumem um valor exagerado na vivência de certos cristãos, e que ocultam ou fazem esquecer o essencial?
Evangelho
Referencias para reflexão do Evangelho 01 - Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo NÃO é celebrar um Deus forte, dominador que Se impõe aos homens do alto da sua omnipotência e que os assusta com gestos espetaculares; mas é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor. A cruz – ponto de chegada de uma vida gasta construindo o “Reino de Deus” – é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida. 02 - Em termos pessoais, a Festa de Cristo Rei convida-nos, também, a repensar a nossa existência e os nossos valores. Diante deste “rei” despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste “rei” que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos? Diante deste “rei” que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?
Comentário
Porém, o caso de Jesus é diferente. Dá a impressão de que seu reinado não é exatamente igual aos dos governos e reinos deste mundo. Jesus é um homem que, a ponto de morrer na cruz, ainda desperta paixões opostas. Uns riem dele e outros afirmam sua inocência. Mais ainda. No momento da cruz o mesmo Jesus é capaz de prometer o paraíso ao homem que está crucificado a seu lado. É que seu reino não é deste mundo. Seu reino é o reinado de Deus que junta e recolhe a todos seus filhos e filhas dispersos para convertê-los em uma família. No reino de Deus não somos súditos. Também não somos cidadãos. SOMOS FILHOS. Absolutamente diferente. Desde essa perspectiva entendemos melhor a plenitude a que se refere a leitura da carta aos Colossenses. Quando aí se afirma a superioridade de Jesus sobre todas as coisas e sobre todas as pessoas, quando nos diz que nele o Reino de Deus vai chegar a sua plenitude, não significa que em seu tempo esse reino vá ser próspero economicamente. Também não significa que farão grandiosas obras e monumentos como costumam fazer nossos governantes para perpetuar sua memória. Nem sequer terá o maior e mais poderosos exércitos do mundo. Nenhuma dessas coisas. Em um reino onde todos somos irmãos e Deus, o centro e origem de tudo, é nosso pai, a plenitude se verá ao se realizar para valer a fraternidade, a solidariedade e a justiça entre todos e todas. A plenitude chegará porque, como em uma boa família, todos porão a confiança no pai de quem procedemos e em quem encontramos o amor que nos faz falta para viver e chegar à nossa própria plenitude. E tudo isso sem fronteiras, sem divisões por razão de raça, cultura, religião ou nacionalidade, porque toda a humanidade, junto de toda a criação será chamada a participar dessa plenitude. JESUS É O REI DESSE REINO. Precisamente por isso morreu na cruz. Precisamente por isso, Deus, o Pai que ama a vida, o ressuscitou e hoje mantemos viva a esperança do Reino. Estamos todos, que formamos nossa comunidade, a serviço uns de outros? Esforçamo-nos para que entre nós reine a fraternidade, a solidariedade e a justiça? Mantemos a esperança apesar das dificuldades que encontramos no caminho?
Fernando Torres - Missionários Claretianos (Ciudad Redonda) |
A liturgia do XXXIII Domingo do Tempo Comum reflete sobre o sentido da história da salvação e nos diz que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.
Na primeira leitura, um “MENSAGEIRO DE DEUS” anuncia a uma comunidade desanimada, céptica e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação.
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “CAMINHO” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
A segunda leitura reforça a idéia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.
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Primeira Leitura
Primeira Leitura
19Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, Referencias para reflexão da primeira leitura 01 - Muitas vezes temos a sensação de que o nosso mundo caminha para o abismo e que nada o pode deter. Olhamos para o mapa dos conflitos bélicos e vemos pintados de sangue o presente e o futuro de tantos povos; olhamos para a natureza e a vemos devorados pelos interesses das multinacionais da indústria; olhamos para as pessoas e as vemos fechadas no seu cantinho, desinteressadas das grandes questões, sem grandes idéias que possam mudar este quadro... A questão é: a esperança ainda faz sentido? Este mundo tem saída? Um profeta anônimo de há 2450 anos dá voz à esperança e garante-nos: DEUS NÃO NOS ABANDONOU; ELE VAI INTERVIR – ELE ESTÁ SEMPRE A INTERVIR – NO MUNDO… 02 - É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus não deve ser projetada apenas para o “último dia” do mundo… Ela acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e ativa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção salvadora e libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida. 03 - Muitas vezes esta profecia e outras semelhantes são usadas para incutir medo: “está chegando o fim do mundo e quem, até lá, não ganhar juízo, irá sofrer castigos pavorosos e ser atirado para o inferno”… Interpretar estes textos desta forma é distorcer gravemente a Palavra de Deus: eles não pretendem amedrontar-nos, mas fortalecer a nossa esperança no Deus libertador e nos dar a coragem necessária para enfrentar os dramas da vida e da história.
Salmo Responsorial
5Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
O SENHOR VIRÁ JULGAR A TERRA INTEIRA;
7Aplauda o mar com todo ser que nele vive,*
O SENHOR VIRÁ JULGAR A TERRA INTEIRA;
9aExultem na presença do Senhor, pois ele vem,*
O SENHOR VIRÁ JULGAR A TERRA INTEIRA;
Segunda Leitura
Irmãos: Referencias para reflexão da segunda leitura 01 - Ao contrário do que dizem alguns “iluminados”, o cristianismo não fomenta a evasão deste mundo, nem pretende fazer alienados que vivam de olhos postos no céu e passem ao lado das lutas dos outros homens… Pelo contrário, o cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência, fortalece o empenho na construção de um mundo mais justo e mais fraterno, todos os dias, vinte e quatro horas por dia. O “REINO DE DEUS” é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A minha atitude é a de quem se comprometeu com o “Reino” e procura construí-lo em cada instante da sua existência? 02 - Nas comunidades cristãs encontramos, com frequência, pessoas que falam muito e mandam muito, mas fazem muito pouco e, muitas vezes, ainda se aproveitam dos trabalhos dos outros para se enfeitar de louros… Também encontramos aqueles que são apenas “consumidores passivos” daquilo que a comunidade constrói, mas não se esforçam minimamente por colaborar. Qual é a minha atitude em face disto? Dou o meu contributo na construção da comunidade? Ponho a render os meus dons? 03 - A Palavra interpela também as comunidades religiosas… A vida religiosa pode ser apenas uma vida cômoda para pessoas que gostam de viver sem ambições… É preciso cuidado para não nos tornarmos parasitas da sociedade (e, muitas vezes, de pessoas que vivem muito pior do que nós e que ainda partilham conosco o pouco que têm): a nossa missão é tornarmo-nos “SINAIS” que anunciam o mundo novo e trabalhar para que esse mundo novo seja uma realidade.
Evangelho
Naquele tempo: Referencias para reflexão do Evangelho 01 - O que parece, aqui, fundamental, não é o discurso sobre o “fim do mundo”, mas sim o discurso sobre o percurso que devemos percorrer, até chegarmos à plenitude da história humana… Trata-se de uma caminhada que não nos leva ao aniquilamento, à destruição absoluta, ao fracasso total, mas à vida nova, à vida plena; por isso, deve ser uma caminhada que devemos percorrer de cabeça levantada, cheios de alegria e de esperança. 02 - É, sem dúvida, uma caminhada contaminada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo – embora com avanços e recuos – e onde a semente do “REINO” irá germinando. Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados olhando para o céu, mas um compromisso sério e empenhado, de forma a que floresça o mundo novo da justiça, do amor e da paz. Quais são os sinais de esperança que eu contemplo e que me fazem acreditar na chegada iminente do “Reino”? O que posso fazer, no dia a dia, para apressar a chegada do “Reino”? Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós, mas que Deus vai com eles… É essa presença constante e amorosa que lhes permitirá enfrentar as forças da morte; é essa força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a adversidade, o medo. 03 - Alguns sinais de desagregação do mundo velho, que todos os dias contemplamos, não devem assustar-nos: eles são, apenas, sinais de que estamos nascendo para algo novo e melhor. Perder certas referências pode nos assustar e desarrumar os nossos esquemas e certezas; mas todos sabem que é impossível construir algo melhor, sem a destruição do que é velho e caduco.
Comentário
Temos de reconhecer que às vezes ficamos na dúvida. Temos a sensação de que o fim está perto e ficamos com medo. A final todas essas coisas acontecem a outros, passam em outros locais. Nós temos nosso pequeno recanto de paz. E nos dá medo perdê-lo. Sentimos que todas essas coisas ameaçam nossa tranquilidade. Chega Jesus e no diz que não nos preocupemos, tranquilidade. Diz Jesus que certamente vão acontecer muitas coisas, e coisas más: guerras, insurgências, terremotos, fomes e pragas. Inclusive sinais extraordinários no céu. Com tudo isso, devemos seguir tranquilos. Porque há mais: os crentes serão entregues à autoridade. Seremos tratados como criminosos. Porém, tudo isso não será mais que uma oportunidade para dar testemunho de nossa fé. MAS VÓS NÃO PERDEREIS UM SÓ FIO DE CABELO DA VOSSA CABEÇA. Por tanto, a mensagem de hoje é clara: TRANQUILIDADE E CONFIANÇA. Como nos diz são Paulo na segunda leitura: é tempo para trabalhar com normalidade, para viver uma vida decente atendendo a nossos próprios assuntos e sem nos inquietar nem a nós mesmos nem aos demais. É tempo de dar depoimento de nossa fé cristã, uma fé que sabe construir a comunidade, a família de todos os filhos de Deus no meio de todas essas coisas que passam em nosso mundo. Não devemos ficar nervosos pensando no que vai acontecer no futuro e esquecer de viver o presente, nosso presente, dia-a-dia, minuto a minuto, como cristão. O que você pensa quando assistes o noticiário da televisão e ouve todas as más notícias? Como você testemunha sua fé aqui e agora? Você comunica serenidade, paz e fé àqueles que vivem com você? O que você faz para ajudar a edificar o Reino, a família de Deus com aqueles que estão ao seu redor?
Fernando Torres - Missionários Claretianos (Ciudad Redonda) |
A liturgia deste XXXII domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre os horizontes últimos do homem e garante-nos a vida que não acaba.
Na primeira leitura, temos o testemunho de sete irmãos que deram a vida pela sua fé, durante a perseguição movida contra os judeus por Antíoco IV Epifanes. Aquilo que motivou os sete irmãos mártires, que lhes deu força para enfrentar a tortura e a morte foi, precisamente, a certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que, neste mundo, percorrem, com fidelidade, os seus caminhos.
No Evangelho, JESUS GARANTE QUE A RESSURREIÇÃO É A REALIDADE QUE NOS ESPERA. No entanto, não vale a pena julgar e imaginar essa realidade à luz das categorias que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.
Na segunda leitura temos um convite para manter o diálogo e a comunhão com Deus, enquanto esperamos que chegue a segunda vinda de Cristo e a vida nova que Deus nos reserva. Só com a oração será possível nos manter fiéis ao Evangelho e ter a coragem de anunciar a todos os homens a Boa Nova da salvação.
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Primeira Leitura
Primeira Leitura
Naqueles dias: Referencias para reflexão da primeira leitura 01 - Como é que termina a nossa vida? Os sonhos que procuramos concretizar, as nossas realizações mais queridas, do que nos valem se nos espera um dia, inevitavelmente, a morte? Estamos condenados a deixar e a perder tudo aquilo que amamos? A nossa morte é uma viagem fatal em direção ao nada? Estas perguntas são eternas; e um catequista de Israel já as colocava… A sua fé ditou-lhe, no entanto, a certeza de que a vida continua para além desta terra. É essa certeza que ele nos deixa, neste texto; e é essa experiência de fé que ele nos convida a fazer. 02 - Quem acredita na ressurreição não pode deixar-se paralisar pelo medo… Pode comprometer-se na luta pela justiça e pela verdade, na certeza de que as forças da morte não o podem vencer ou destruir. É essa certeza que animou o testemunho de tantos mártires de ontem e de hoje… É essa certeza que anima a minha luta e que dá força ao meu compromisso? 03 - É, sem dúvida, inspiradora a “teimosia” com que estes irmãos defendem os valores em que acreditam. Num mundo em que o que é verdade de manhã, deixou de ser verdade à tarde, em que o partido dos oportunistas tem cada vez mais simpatizantes e em que todos os meios são legítimos para alcançar certos fins, o testemunho destes mártires é uma poderosa interpelação… Somos capazes de defender, com verdade e verticalidade aquilo em que acreditamos? Somos capazes de lutar, ainda que contra a corrente, pelos valores que nos parecem mais significativos e duradouros?
Salmo Responsorial
1Ó Senhor, ouvi a minha justa causa,*
5Os meus passos eu firmei na vossa estrada,*
8Protegei-me qual dos olhos a pupila*
Segunda Leitura
Irmãos: Referencias para reflexão da segunda leitura 01 - Este texto obriga-me a tomar consciência de que é com a ajuda de Deus que o crente consegue viver na fidelidade ao Evangelho, enquanto espera a vinda do Senhor. Tenho consciência de que é d’Ele que brota a minha fidelidade ao Evangelho, ou considero que as minhas vitórias e conquistas, neste campo, se devem apenas a mim, aos meus méritos e qualidades? 02- É com a ajuda de Deus que o missionário tem a coragem de anunciar fielmente o Evangelho e de vencer as dificuldades, as injustiças, as incompreensões, as oposições que são obstáculo ao seu trabalho e ao seu testemunho. Tenho consciência de que é na oração, minha e dos meus irmãos, que encontro a força de Deus? Quando, como apóstolo, tenho de enfrentar a oposição e a incompreensão do mundo, confio em Deus, peço-Lhe ajuda, ou deixo que o medo e o desânimo tomem conta do meu coração e me levem a desistir da missão que Deus me confiou? 03 - O pedido de rezar “UNS PELOS OUTROS” convida-nos a tomar consciência da solidariedade que deve marcar a experiência comunitária. O cristão nunca é uma pessoa isolada, mas Membro de uma família de irmãos, chamados a viver no amor, na partilha, na entrega da vida, como membros de um único corpo – o corpo de Cristo. É preciso tomar consciência dos laços que nos unem, sentirmo-nos responsáveis pelos nossos irmãos, partilhar as suas dores e alegrias, fazer nossos os seus problemas e, no nosso diálogo com Deus, ter presente as necessidades de todos.
Evangelho
Referencias para reflexão do Evangelho 01 - A questão da ressurreição não é uma questão pacífica e clara para a maioria dos homens do nosso tempo. Há quem veja na esperança da ressurreição apenas um “ópio do povo”, destinado a adormecer a justa vontade de lutar pela construção de um mundo mais justo; há quem veja na ressurreição uma forma de evasão, face aos problemas que a vida apresenta; há quem veja na ressurreição uma ilusão onde o homem projeta os seus desejos insatisfeitos… Convencidos de que a vida se resume aos 70/80 anos que vivemos neste mundo, muitos dos nossos contemporâneos constroem a sua existência tendo apenas em conta os valores deste mundo, sem quaisquer horizontes futuros. Que sentido é que isto faz, na perspectiva da nossa fé? 02 - A ressurreição é, no entanto, a esperança que dá sentido à nossa caminhada de cristão. A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com Ele para a vida nova e definitiva. A nossa vida presente deve ser, pois, uma caminhada tranquila, confiante, alegre em direção a essa nova realidade. 03 - A ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida que vivemos neste mundo; mas é a passagem para uma vida nova onde, sem deixarmos de sermos nós próprios, seremos totalmente outros… É a plenitude de todas as nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da utopia da vida plena. Sendo assim, há alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela algo que nos priva de alguma coisa importante (principalmente em relação com aqueles que amamos)? 04 - A certeza da ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da ressurreição que deve influenciar as nossas opções, os nossos valores, as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, de forma a que o novo céu e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.
Comentário
A ressurreição é algo muito parecido a esse amor eterno que se prometem os que se casam. O que acontece é que o amor que prometem os que se casam às vezes não é na realidade eterno, como se desejaria. Termina, acaba. Às vezes as pessoas não são capazes de manter suas promessas. Não se trata de pensar em quem é o culpado. A verdade é que somos muito limitados e às vezes não podemos dar mais do que damos. A RESSURREIÇÃO, diferentemente, é a PROMESSA DE DEUS. E ele sim pode fazer essas promessas. E mantê-las. E cumpri-las. Ele nos prometeu a nós, seus filhos, a vida eterna. Disse-nos que vamos viver para sempre. Porque não nos criou para a morte senão para que vivamos e tenhamos vida em abundância. EM QUE VAI CONSISTI A RESSURREIÇÃO? Não sabemos com certeza. Mas vamos confiar em Deus, nosso Pai, porque tudo o que vem dele será bom para nós. E dele não pode vir mais que a vida. Isso é o que diz Jesus aos saduceus que lhe perguntam por esse complicado caso no Evangelho: Por que temos que supor que a vida eterna vai ser como esta, assim limitada, assim pobre? Não é Deus um Deus de vivos? O que criou este mundo, não será capaz de criar mil mundos diferentes onde a vida possa ser desenvolvida em plenitude, em uma plenitude que nós, com nossa mente limitada pelas fronteiras deste universo, não podemos nem sequer imaginar? Uma confiança assim é a que manifestou a família de que nos fala a primeira leitura. Não sabem nem o como nem o quando nem o onde, mas estão seguros de que Deus os levantará dentre os mortos. E que fará boas todas suas promessas. Também nós cremos nele e estamos convencidos de que Deus fará eterna nossa vida e eterno nosso amor. A fé convida-nos a crer para além do que vemos, cremos verdadeiramente na promessa de que Deus nos vai ressuscitar? Deixamos que a idéia da morte nos perturbe ou pensamos que é apenas um passo necessário para encontrar o Deus Pai que nos ama tanto? FONTES DE REFERÊNCIA
Fernando Torres - Missionários Claretianos (Ciudad Redonda) |